Nº 1157

 

Vai nascer uma “Aldeia da Esperança” nos Açores, inspirada em Taizé

“Organizar uma `Aldeia da Esperança´, dirigida aos jovens, em formato de acampamento, seguindo o modelo de Taizé, a decorrer no verão, de preferência na ilha de São Jorge, no Santuário do Senhor Santo Cristo da Caldeira”: eis uma das várias propostas feitas pelo Conselho Pastoral Diocesano de Angra – reunido em Ponta Delgada entre os dias 8 e 10 de junho – que irá passar do papel à prática.

Com vista à celebração do Jubileu da Esperança, convocado pelo Papa Francisco para 2025, o Conselho sugeriu ao bispo Armando Esteves Domingues não apenas esta, mas “uma série de ações pastorais a celebrar todos os meses e em todas as ilhas, que evoquem o sentido da esperança cristã”, nomeadamente ” a criação de Itinerários Jubilares em todas as ilhas, com lugares definidos para peregrinações e romarias, especialmente de jovens, que evoquem a esperança e a paz, numa dinâmica de Ecologia Integral”, pode ler-se no comunicado final do encontro.

Participaram na reunião 43 conselheiros, na grande maioria leigos de todas as ilhas e áreas da pastoral diocesana, assim como quatro observadores, convidados pelo bispo diocesano. Os participantes concordaram por “unanimidade” em estimular uma “Igreja em saída missionária e hospital de campanha”, promovendo uma “pastoral do convite pessoal a leigos para projetos concretos da Igreja”.

O Conselho insistiu na importância de medidas concretas que “recuperem o dinamismo comunitário, incentivando a realização de retiros, espaços de aprofundamento espiritual, grupos de oração e reflexão, que envolvam especialmente os jovens e as famílias, de modo a promover a paixão por Jesus Cristo, centro de toda a ação da Igreja”.

Sem esquecer “a necessidade de uma `Igreja Samaritana´ nos Açores”, que seja “casa de proximidade, hospitalidade e empenho na pastoral sócio-caritativa e na pastoral do acolhimento de pessoas em situação de pobreza, de exclusão social, de vulnerabilidade, com deficiência, em situação de migrantes, em condição de sem-abrigo, entre outros”, o Conselho Pastoral lembrou ainda que “a Igreja está inserida no mundo e também é mundo”. Nesse sentido, propôs “o incremento de estruturas de diálogo com a Cultura, com a Economia, a Política, a sociedade em geral, de modo a que, a Igreja não chegue tarde e com respostas sempre negativas aos desafios e contradições que o mundo lhe coloca”.

Os trabalhos do encontro desenvolveram-se de “forma sinodal”, à semelhança do modelo experimentado pelo Papa Francisco na XVI Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, isto é, “sem uma presidência formal, com seis grupos formados, desde o início ao fim, onde se debateram os temas propostos”. Uma estratégia que “revelou ser uma forma mais ágil e próxima de conduzir os trabalhos”, concluiu o Conselho Pastoral Diocesano de Angra.

Clara Raimundo in 7 Margens

 

MEDITAR

A plenitude do Reino e a alegria da colheita

Duas pequenas parábolas (o trigo que desponta sozinho, o grão de mostarda): histórias da terra que Jesus transforma em histórias de Deus, Com palavras que são de casa, da horta, do campo leva-nos à escola das sementes e da mãe terra, apaga a distância entre Deus e a vida. Somos chamados perante o mistério do rebento e das coisas que nascem, chamados a "decifrar a nossa sacralidade, explorando a do mundo" (P. Ricoeur).

No Evangelho, a pontinha verde de um rebento de trigo e uma minúscula semente tornam-se personagens de anúncio, revelação do divino (Laudato si '), sílaba da mensagem de Deus. Quem tem olhos puros e maravilhosos como os de uma criança, pode ver o divino que transparece do fundo de cada ser (T. De Chardin).

A terra e o Reino são um apelo ao espanto, a um sentimento duradouro que se torna uma atitude de vida. É comovente e fascinante ler o mundo com o olhar de Jesus, partindo não de um cedro gigante no topo da montanha (como Ezequiel na primeira leitura), mas da horta doméstica.

Leve e libertador ler o Reino dos Céus cá de baixo, de onde o rebento que brota olha o mundo, rente ao chão, ou melhor: “junto às margaridas" como me corrigia uma criança, ou os lírios do campo. O solo produz por si mesmo, quer durmas ou vigies: as coisas mais importantes são em vão procuradas, em vão esperadas (S. Weil), não dependem de nós, não se devem forçar.

Porque Deus está em ação e o mundo todo é um ventre, um rio de vida que flui para a plenitude. O grão de mostarda está a caminho da grande planta do futuro, que não tem outro propósito senão ser útil a outros seres vivos, mesmo que apenas aos pássaros do céu.

É natureza da natureza ser um presente: acolher, oferecer abrigo, frescura, alimento, recuperação. É da natureza de Deus e também do homem. Deus nunca age por subtração, mas sempre por adição, intensificação, aumento de vida: é como uma dinâmica de crescimento estabelecida no centro da vida. A confiança inabalável do Criador nos pequenos sinais de vida chama-nos a levar a sério a economia da pequenez que nos leva a olhar o mundo e as nossas feridas, de outra maneira.

A procurar os reis de amanhã entre os desprezados e os pobres de hoje, a levar muito a sério os jovens e as crianças, a cuidar do elo fraco da cadeia social, a encontrar méritos onde a economia da grandeza só vê deméritos.

Esplêndida visão de Jesus sobre o mundo, sobre a pessoa, sobre a terra: o mundo é um nascimento imenso, onde tudo caminha, com o seu ritmo misterioso, para a plenitude do Reino. Isso virá com o desabrochar da vida em todas as suas formas. Rumo ao florescimento da vida, o Reino é apresentado como um contraste, não um choque, mas um contraste de crescimento, de vida. Deus como contraste vital.

Uma dinâmica que se instala no centro da vida. em direção ao paradigma da plenitude e fecundidade. O Evangelho sonha em colher com confiança frutos prontos, pão na mesa. Positividade. Alegria da colheita.

Ermes Ronchi

 

O que é a felicidade?

Eis que chegam os Santos Populares! Muita festa pelas aldeias e cidades do nosso país. Parece que toda a gente é feliz... 

Mas o que é a Felicidade?

A nossa sociedade propõe modelos de vida baseados na exterioridade, no consumo, no sucesso e no poder, oferecendo imagens de mulheres e homens perfeitos, de preferência famosos entre os seus pares ou até mesmo, num círculo mais alargado. É a lógica do mundo...

A felicidade não se alcança concentrando-se apenas em si mesmo, vivendo apenas no presente e sempre em festa. A verdadeira alegria não surge da emoção do momento, da acumulação de muitos bens ou de participações em eventos, mas de ter enraizado o coração num grande ideal a perseguir, a alcançar. Para os cristãos, esse enraizamento é em Alguém que nos ama gratuitamente, sem mérito algum, que satisfaz o desejo de paz profunda, de nos sentirmos aceites, compreendidos e amados pelo que somos e não pelo que deveríamos ser.

Os Santos que celebramos neste mês são exemplos deste seguimento que dá a verdadeira felicidade. Descobriram o segredo da felicidade autêntica que habita no fundo do coração e tem a sua fonte no amor de Deus.

Não é viver num mundo fictício sem problemas, mas viver a vida tal como ela se apresenta sem medo. Significa celebrar os sucessos, mas também aprender com os fracassos; viver relações com sentimento ricos, mas também deceções e, infelizmente, também traições; sentir-se amado e apreciado, mas também marginalizado; recomeçar cada vez que errar e saber pedir desculpas, saber perdoar, saber agradecer... 

É deixar de se sentir vítima para se tornar protagonista da própria vida.

Quando pensamos na vida dos santos, geralmente a relegamos para uma conceção do espiritual abstrato. Lidar com a vida espiritual significa lidar com algo que não é concreto. Mas é um grande engano. Santo António, por exemplo, foi profundamente concreto. Não é por acaso que foi responsável por uma mudança nas leis relativas à usura e, portanto, à injustiça social. Foi um homem que abordou os problemas da sua época com um grande sentido prático e concreto.

Aprendamos pois, a valorizar verdadeiramente o exemplo dos santos.

Bons Santos Populares!

Paulo J. A. Victória

 

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

«O amor é uma coisa «perigosa», só ele traz a única revolução que proporciona felicidade.

São poucos os que são capazes de amar, e tão poucos os que querem o amor.

Amamos segundo as nossas próprias condições, fazendo do amor uma coisa de mercado. Temos mentalidade mercantil, mas o amor não é comercializável nem é um negócio de troca.

O amor é um estado de ser, no qual todos os problemas humanos se resolvem. Vamos ao poço com um dedal e assim a vida torna-se uma coisa sem qualidade, insignificante e limitada.»

 

J. Krishnamurti, in Cartas a uma jovem amiga


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Muitas pessoas julgam que a religião consiste naquilo que fazem por Deus. Mas a religião consiste no que Deus faz por nós: as grandes e estupendas coisas que Deus inventa para nós.

Deus é de tal modo Bom que é Ele que Se aproxima. Tudo quanto nos pede é que nos maravilhemos com Ele: 'O Senhor fez por mim maravilhas'.

 Louis Evely

 

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