Nº 1149

 

Gostaria de partilhar este episódio gracioso que nos chega de uma paróquia com um pároco muito idoso

«Um domingo destes, durante a missa, o pároco consagrou o pão, depois parou... Vazio total! Imediatamente, sem qualquer concertação, toda a assembleia entoou em coro as palavras da consagração do vinho! O padre sorriu e a celebração retomou o seu curso.»

Uma boa história, não é? A senhora que ma contou concluiu dizendo: «Porque devemos sempre lembrar que somos todos sacerdotes, profetas e reis.»

O que me comove nessa pequena história é o sorriso do idoso pároco. Ele poderia ter achado preocupante e humilhante aquela campainha de alarme do destino: uma frase que repete talvez há quarenta ou cinquenta anos, a frase que está no cerne do seu ministério de padre, e ele esquece-a!

Poderia revoltar-se, culpar Deus por privá-lo do coração de seu ministério, acreditar que Deus o está a perseguir, que ele é um Senhor cruel. Mas não, aquele homem não amaldiçoa a Deus, provavelmente nem pensa nisso. Pelo contrário, ele vê que Deus o leva a outro lugar. «Ah sim, a minha cabeça está a falhar!», parece dizer o nosso pároco.

Há momentos em que a evidência se impõe. E submeter-se a ela não é decair, mas unir-se ao Senhor onde Ele está: na aceitação da realidade, às vezes dura e exigente.

O que é que a nossa assembleia e o nosso pastor viram? O padre sorriu. Sim, aquele sorriso é realmente o que eu prefiro nesta pequena história. O pároco sorri às pessoas presentes que, ao depararem-se com um silêncio inesperado, rompem o silêncio para entoar as palavras da consagração do vinho.

Ele sorri porque Deus lhe deu paroquianos que podem fazer o trabalho em seu lugar. «Ainda bem, não sou indispensável, eles estão aqui!»

A Boa Nova está no sopro dos paroquianos que passa pelas gargantas e ousa dizer palavras. Pessoas corajosas... Em todo caso, diretas, simples, autónomas, conscientes do seu papel. Em suma, prontas, para ser profetas, sacerdotes e reis. Ah, se muito mais párocos e paroquianos se parecessem com eles, não seria mais evidente a “transição” da Igreja para o seu futuro?

Obrigado, senhor pároco; obrigado paroquianos que intervêm. Vocês recordam-nos, muito simplesmente, o que é a esperança cristã: por um lado, entregar-se com confiança ao futuro, por outro, estar sempre "em trajes de serviço".

Essa história  indica-nos a nossa responsabilidade.

Anne Soupa, in Garringues et sentiers

 

MEDITAR

Os lobos são mais numerosos que os cordeiros, mas não são mais fortes

Eu sou o Bom Pastor é o título mais desarmado e desarmante que Jesus deu a si mesmo. Mas esta imagem, tão amada e tranquilizadora, não é apenas para consolar, porque não tem nada de romântico: Jesus é o genuíno pastor, o verdadeiro, forte e combativo, que não foge ao contrário dos mercenários, que tem a coragem de lutar e defender dos lobos o seu rebanho.

Eu sou o belo pastor, diz literalmente o texto do evangelho, e entendemos que a beleza do pastor não reside na sua aparência exterior, mas que o seu fascínio e o seu poder de atração vêm da sua coragem e generosidade.

A beleza está num gesto reiterado cinco vezes hoje no Evangelho: eu ofereço! Não peço, dou. Não pretendo, apresento. Mas não para ter algo em troca, para obter a minha própria vantagem. É belo todo o ato de amor.

Eu ofereço a vida diz muito mais do que apenas cuidar do rebanho.

Estamos diante do fio de ouro que une toda a obra de Deus, a obra de Deus sempre foi e é sempre dar a vida. E não consigo imaginar uma aventura melhor para nós: Jesus não veio para trazer um sistema de pensamento ou de regras, mas para trazer mais vida (Jo 10,10); Oferecer aumento, crescimento, florescimento da vida em todas as suas formas.

Tentemos entender mais. Com as palavras: ofereço a vida, Jesus não se refere à sua morte, naquela sexta-feira, por todos. Ele continua e incessantemente a dar a vida; é a atividade própria e perene de um Deus entendido ao modo das mães, entendido à maneira da videira que dá vida aos ramos, da fonte que dá a água viva.

Pedro definiu Jesus como "o autor da vida" (Atos 3:15): inventor, artesão, construtor, doador de vida. A Igreja repete-o, na terceira oração eucarística: tu que fazes o universo viver e santificar-se.

A seiva divina é o que faz viver, que respira em cada um dos nossos sopros, o nosso pão que nos faz diariamente dependentes do céu.

Eu ofereço a vida significa: Eu dou-te a minha maneira de amar e de lutar, porque só assim podes vencer aqueles que amam a morte, os lobos de hoje.

Jesus contrasta a figura do verdadeiro pastor com a do mercenário, que ao ver o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge porque não se importa com as ovelhas. Por sua vez para o bom pastor, todas as ovelhas e cada cordeiro importam, para Deus, as criaturas estão no coração. Todas. E é como se a cada um de nós repetisse: és importante para mim. E eu vou cuidar da tua felicidade.

Existem lobos, sim, mas não vencerão. Talvez sejam mais numerosos que os cordeiros, mas não são mais fortes. Porque os cordeiros vêm, mas não estão sozinhos, carregam um pedaço de Deus em si mesmos, são fortes da sua força, vivos da sua vida.

Ermes Ronchi

 

ORAÇÃO (pelas vocações)

 

Maria, Senhora da Visitação,

ajuda-nos a levantar, a despertar do sono,

a sair da indiferença,

a abrir as grades da prisão

em que por vezes nos encerramos.

Como Tu em relação a Isabel,

dá-nos a coragem de nos pormos a caminho,

para sermos peregrinos da esperança.

Como Tu em Nazaré,

dá-nos a serenidade para sermos construtores da paz.

Que no ambiente em que habitamos

e no nosso estado de vida,

possamos comunicar boas novas de alegria

e gerar vida nova.

Maria, Senhora da escuta,

permite que o nosso coração se deixe questionar:

“Para quem sou eu?”

Maria, Senhora das vocações,

acolhe-nos a todos,

para que ninguém se sinta excluído

e, como Tu, cada pessoa possa dar

uma resposta generosa e apaixonada.

 

Ámen.

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas


 

INFORMAÇÕES

FESTA DE SÃO JORGE

Dia 23 de Abril - Às 11 horas Eucaristia de Festa seguida de Procissão.

 

CONFERÊNCIA AUDITÓRIO DA ESCOLA DA CALHETA

No dia 24 de Abril, às 13h45 haverá uma conferência no Auditório da Escola da Calheta sobre “O 25 de Abril, 50 anos depois: As Certezas e as Incertezas” pelo Professor Dr. Avelino Freitas Meneses, aberta a toda a população.


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

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