Nº 1148

 

DIZ-SE POR AÍ

Diz-se por aí que o sepulcro estava vazio.

Mas não dizem assim os evangelistas.

Eles contam que o sepulcro estava cheio… de sinais.

E o sinal maior era a ausência,

como uma semente escondida na terra

à espera de fazer-se raiz, caule, flor e fruto.

Diz-se por aí que tudo começou com um rumor de mulheres,

um murmúrio de madrugada,

quando elas tinham saído para ir cuidar de um morto

e voltaram de lá como se tivessem visto um vivo!

Levavam, embrulhados na túnica, frascos de perfumes e unções,

aromas e unguentos para disfarçar aquela hora.

Diz-se por aí

- as más línguas -

que as mulheres foram as primeiras a quem Ele se deu a encontrar,

porque Ele queria que todo o mundo ficasse a saber!

Mas é mentira.

Não é porque as mulheres não saibam guardar um segredo…

É porque as mulheres têm o segredo

que as faz começar a descortinar estas coisas.

Aquele sepulcro é cheio de insinuações,

entre panos à cabeça e panos aos pés,

pedras roladas e faixas enroladas,

luz em forma de gente e gente em tom de anjo.

É com a intuição das mulheres que o véu da tristeza e do fracasso começa a remover-se.

É à sensibilidade das mulheres que a insinuação pascal consegue encostar-se para pôr-se à conversa,

redizendo nomes, perguntas e mandatos.

Entrar nos evangelhos da experiência pascal é pôr-se em cuidados!

Porque é atrás de mulheres em cuidados que nos pomos,

gente que sabe de ternura e subtilezas.

Foram elas que puseram o mundo d’esperanças desde esse dia!

Aquelas que levavam os perfumes embrulhados na ponta da túnica e não sabem já onde os deixaram!

Rui Santiago, cssr

 

MEDITAR

Jesus ressuscitado e aquele convite para comer com ele

Ainda estão a conversar, após a alegre corrida noturna de volta a Jerusalém, quando o próprio Jesus apareceu entre eles. Entre: não acima deles; não na frente, para que ninguém esteja mais perto do que os outros. Mas no meio: todos igualmente importantes e Ele aglutinador da vida. Paz é a primeira palavra. A paz está aqui: paz para os teus medos, para as tuas sombras, para os pensamentos que te torturam, para o remorso, para os caminhos destruídos, paz também para os que fugiram, para Tomé que não está, paz até para Judas ...

Chocados e cheios de medo, pensam ter visto um fantasma. Conheceram-no bem, depois de três anos de Galileia, de oliveiras, de lagos, de aldeias, de olhos nos olhos, mas não o reconhecem. Jesus é o mesmo e é diferente, é o mesmo e está transformado, é o mesmo de antes, mas não é mais como antes: a Ressurreição não é um simples retorno, é um avanço, transformação, plenitude. Jesus tinha-o explicado com a parábola do grão de trigo que se torna numa espiga: é enterrado como uma pequena semente e sai da terra como uma espiga acabada.

Sinto-me consolado pelo esforço dos discípulos em acreditar, é a garantia de que não se trata de um acontecimento inventado por eles, mas de um facto que os surpreendeu. Então Jesus pronuncia, para dissipar temores e dúvidas, os verbos mais simples e familiares: “Olha, toca, vamos comer juntos! Eu não sou um fantasma ”. Dói-me o lamento de Jesus, um lamento muito humano: não sou um sopro no ar, um manto de palavras cheio de vento ... E sente-se o seu desejo de ser acolhido como um amigo que volta de longe, para abraçar com alegria. Um fantasma não pode amar, nem cingir-te nos braços, e isso é o que Jesus pede.

Tocai-me: por quem queremos ser tocados? Só por quem é amigo e nos quer bem. Os apóstolos rendem-se a uma porção de peixe assado, ao mais familiar dos sinais, à mais humana das necessidades, a um peixe do lago e não a anjos, à amizade e não a uma teofania prodigiosa. Contarão isso como prova de seu encontro com o Ressuscitado: comemos com ele depois da sua ressurreição (Atos 10:41).

Comer é sinal de vida; comer juntos é o sinal mais eloquente de uma comunhão reencontrada; um gesto que fortalece os laços das vidas e os faz crescer. Juntos, a alimentarem-se de pão e de sonhos, de proximidade e de reciprocidade. E conclui: são minhas testemunhas. Não pregadores, mas ser testemunhas, é uma outra coisa. Com a simplicidade de uma criança que tem uma boa notícia para dar e não conseguem calar e que se lê na sua cara .

A boa notícia é esta: Jesus está vivo, Ele é a força da vida, enche-nos de paz, chora as nossas lágrimas, envolve-nos na sua ressurreição, leva-nos à plenitude, nas asas da águia, no tempo e na eternidade .

Ermes Ronchi

 

Não compreendo, mas confio

De que me interessam as razões? É importante compreender o que se passa, mas será sempre mais importante viver em paz e com confiança no amanhã.

Compreendo a minha história, as razões da minha existência, os porquês e os para quês de cada dia da minha vida? Não! Mas sou inteligente o suficiente para compreender que tudo pode fazer sentido, ainda que eu não o entenda. A razão consegue alcançar uma verdade importante: há muitas realidades que a ultrapassam.

Conseguirá, por exemplo, uma criança compreender tudo o que os seus pais fazem por ela? O seu mundo perde encanto por causa disso? Não! Uma criança confia! Tanto que julga possível o mais inacreditável dos impossíveis.

De pouco importam as razões quando alguém não confia em si e desconfia de cada um dos outros… O que leva grande parte deles a também não acreditarem em quem neles não tem fé.

Não exijas confiança, faz por merecê-la.

A fé não depende da razão. Alguns não acreditam sequer no que está diante dos seus olhos. Como não o compreendem, julgam tratar-se de uma mentira.

O orgulho cega-nos. Os que se consideram excelentes julgam-se autossuficientes, afastam-se dos outros e acabam longe do mundo, do que são e do que podiam ser. Ninguém é feliz sozinho. É simples: ou confiamos uns nos outros e nos entreajudamos ou estamos condenados a ser infelizes.

Não deixes que a razão te esconda o infinito!

Só a confiança permite manter a esperança face a todos os medos, incompreensões e sofrimentos do caminho.

José Luís Nunes Martins

 

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

A alegria e a surpresa andam de mãos dadas.

Isso revela-se sempre que conseguimos reagir com criatividade

às coisas inesperadas que fazem mudar

os nossos planos e, mesmo assim,

sentimos que tudo continua bem.


Por vezes, a alegria surpreende-nos.
Apanha-nos totalmente desprevenidos.
O importante é deixarmos que ela tome
conta de nós e continuarmos recetivos
à surpresa divina.

Anselm Grün, in Em cada dia... um caminho para a felicidade


 

INFORMAÇÕES

MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA

No próximo domingo, 21 de abril, às 16h00 horas.


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó

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