Nº 1143

 

O essencial também é visível aos olhos!

Dizia-nos o pequeno (grande!) principezinho que o essencial é invisível aos olhos. Que é, precisamente, naquilo que não vemos que reside a raiz de tudo o que é importante nas nossas vidas.

Não querendo deixar de concordar com essa bonita verdade, porque o é, também não posso deixar de escrever sobre aquilo que, não sendo invisível, não deixa (ainda assim) de ser importante.

Aliás, na correria dos dias, passamos os olhos pelas coisas sem as ver. Passamos os olhos pelas pessoas, sem as ver. Passamos os olhos sobre os problemas dos outros, sem os querer ver verdadeiramente. Não menos vezes passamos os olhos nas nossas dores, sem as ver.

E todo esse “não ver” tem um preço altíssimo que acabará por ser pago à nossa própria custa.

Essa decisão, quase inconsciente, de não ver o que tem de ser visto reina como um lema. Se eu não vejo, não existe. Se eu escondo (ou me escondo) talvez deixe de ser importante ou de ter peso.

Sabemos, no entanto, que a verdade não é essa. Esconder acrescenta gelo ao iceberg e não ver torna-nos emocionalmente pouco inteligentes.

Andamos todos tão preocupados com a inteligência artificial, mas há uma coisa que os robots não podem fazer: sentir verdadeiramente. Colocar-se no lugar do outro e ousar tirar os próprios sapatos para calçar os que não são nossos.

O que precisamos atualmente é de mais inteligência emocional. Mais compaixão. Mais entrega a tudo o que somos e fazemos.

Estamos de passagem e esquecemo-nos disso imensas vezes. Não somos daqui e o que nos é pedido é para ver mais e melhor, com tudo o que isso implica.

Obviamente que esse “ver” está imbuído de uma imensa responsabilidade. Quem vê não pode ignorar, não pode jamais fingir que não viu. Torna-se testemunha mesmo sem querer.

Deixo este desafio para cada um de nós: o de querer ver o que nem sempre é visto e o de querer reparar em tudo o que, sendo importante, nos escapa tantas vezes ao coração.

Marta Arrais

 

MEDITAR

Os mercadores no templo e aqueles dos nossos corações

O episódio da expulsão dos mercadores do templo ficou tão fortemente marcado na memória dos discípulos que foi relatado em todos os Evangelhos. O que surpreende e comove em Jesus é ver como nele coexistem e se alternam a ternura de uma mulher apaixonada e a coragem de um herói, como num passo de dança (C. Biscontin), com toda a paixão e impetuosidade do Médio Oriente.

Jesus entra no templo: e é como entrar no centro do tempo e do espaço. O que Jesus fará e dirá agora no lugar mais sagrado de Israel é de suma importância: é o próprio Deus. No templo encontra os vendedores de animais: ovelhas, bois e mercadores são expulsos, todos juntos, eloquência de gestos.

Em vez disso ,com os vendedores de pombas fala: a pomba era a oferta dos pobres, há uma espécie de respeito por eles. Deitou ao chão o dinheiro, o deus dinheiro, o ídolo mamona erguido acima de tudo, instalado no templo como um rei no trono, o eterno bezerro de ouro. Não façam da casa do meu Pai um mercado ... interrogo-me qual é a verdadeira casa do pai. Uma casa de pedras? «A casa de Deus somos nós, se guardamos a liberdade e a esperança» (Hb 3, 6).

A palavra de Jesus então chega até nós: não comercializem as pessoas! Não comprem e não vendam a vida, nenhuma vida, vós que comprais os pobres, os migrantes, por um par de sandálias, ou um trabalhador por alguns euros. Se tiras a liberdade, se deixas morrer a esperança, dessacralizas e profanas o mais verdadeiro tabernáculo de Deus.E ainda: não negocies com a fé.

Todos nós temos colocado bem firme nas nossas almas uma máquina de câmbios com Deus: dou-te orações, sacrifícios e ofertas, em troca asseguras-me saúde e bem-estar, para mim e para os meus. Fé mercantilista, que usa a lei decadente e de má qualidade da troca com Deus, como se o amor de Deus fosse um amor mercenário.

Mas o amor, se é verdadeiro, não se compra, não se implora, não se finge. Deus tem entranhas de mãe: não se pode comprar uma mãe, ela reparte-se de novo todos os dias. Um pai não se deve apaziguar com ofertas ou sacrifícios, alimenta-se de cada gesto e palavra como força vital. Poucos minutos depois, os mercadores de pombos já haviam alinhado as suas gaiolas, os cambistas já haviam recuperado até o último centavo da calçada. O dinheiro foi pesado e contado novamente, e reciclado de acordo com as normas da lei.

Abençoado por todos: peregrinos, sacerdotes, mercadores e mendigos. O gesto de Jesus não parece ter consequências imediatas, mas é profecia em acção. E o profeta ama a palavra de Deus ainda mais do que seus resultados. O profeta é o guardião que zela pela fenda por onde a esperança e a liberdade entram no coração. Quem quer pagar pelo amor vai contra a sua própria natureza e prostitui-o.

Quando os profetas falavam da prostituição no templo, referiam-se a este culto, tão piedoso quanto ofensivo a Deus, quando os fiéis querem gerir Deus: Dou-te orações e sacrifícios, e dás-me segurança e saúde. O amor não se compra, não se pede, não se impõe, não se finge. Mas então, e se Ele entrasse na minha casa, o que me pediria para deitar ao chão, entre os meus pequenos ou grandes ídolos? Todo o supérfluo …

Ermes Ronchi

 

A FLOR DA ESPERANÇA

«E o Senhor perguntou a Jeremias: - Que vês ao longe, Profeta?

E Jeremias respondeu: - Vejo um ramo de amendoeira!

E o Senhor retorquiu: - Viste BEM, Jeremias, porque eu vigiarei sobre a minha palavra para a fazer cumprir.» (Jr. 1, 11-12)

"É no Inverno, quando o escuro chega mais cedo e os dias se tornam mais curtos, que a vida parece que ameaça encerrar-se, mais ainda, num silêncio e numa solidão sem fim MAS… lembremos sempre que também é no Inverno que as amendoeiras florescem e os seus ramos se cobrem de lindas, leves e frágeis flores rosadas ou brancas…

Jeremias teve que endireitar as costas para fazer frente ao medo e ao desânimo que lhe encurvavam o corpo; teve que afinar a Esperança fechando os ouvidos àquilo que o pragmatismo lhe dizia e levantar os olhos para VER mais longe que aquilo que tinha na frente deles e poder VER o visível até ao FIM!

É que o tal Jeremias, se só olhasse ao perto, por onde os nossos olhos se quedam tantas vezes, o que via era tempestade, desatino, corrupção, crise e desalento… como nós, se não nos precatarmos...

E o Senhor, que não é míope, mas teimoso, continua a insistir na mesma pergunta: - Que vês ao longe, cristão deste tempo, português deste país, cidadão de um Mundo que Eu quero Novo?

A miopia dos olhos é coisa pouca … a miopia do coração é que nos impede de VER ao longe uma imensidade de ramos de amendoeira cujas flores brotam esperançosas no meio do inverno do nosso enorme descontentamento…

Abrir os olhos por dentro é condição necessária para podermos abrir as mãos ao fruto da Flor da Esperança… aquele que brota, abundante, do coração Generoso de um Deus Presente na História, que vigia e cumpre aquilo que promete… Um Deus que nunca perde de vista o FIM da Criação..."

Glória Marques

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Desci do Tabor.

Não estás lá…

Estás na Palavra Viva que escuto com amor.

Estás no Pão que me fortalece a Alma.

Estás no irmão doente e só, que apenas anseia que eu o escute.

 

E eu… apenas preciso de me prostrar perante Ti!

O Sacrário! A Custódia …

O Pão Eucarístico… migalhas de Ti, Meu Jesus…

 

Hoje, dou-Te graças pelo conselho bom, meu Deus.

Que eu saiba sempre escutar o Teu Filho muito Amado...

e levar Jesus a todos e trazer todos a Jesus.

Liliana Dinis


 

INFORMAÇÕES

CPM (Curso de Preparação para o Matrimónio)

Nos dias 14, 15 e 16 de março, às 20 horas, decorrerá um Curso de Preparação para o Matrimónio para quem pretende casar durante este ano de 2024. Será na sala de reuniões do Passal da Calheta.

 

ULTREIA

Vamos retomar as Ultreias dos Cursos de Cristandade. Será no próximo dia 7 de Março, às 20 horas, na Sociedade Estímulo da Calheta. Apela-se a que participem todos os Cursistas.


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó

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