Nº 1138

 

Tenho a cruz à porta. Vazia.

O Cristo da minha cruz foi cuidar de quem cuida, vestiu a bata e anda nos hospitais do mundo inteiro a segurar a vida que tem andado suspensa nos beirais da História.

O Cristo da minha cruz vai dentro das ambulâncias que correm pelas cidades desertas, em lutas contra o tempo e contra a morte e foi percorrer o mundo inteiro, evitando os desesperos de quem não sabe como vai ser a vida a seguir.

O Cristo da minha cruz foi suster o ânimo dos que criam as vacinas, os medicamentos, um meio seguro de nos salvar a todos. Foi ajudar quem trabalha na terra, quem foi pescar, quem faz o pão e mo entrega em casa.

O Cristo da minha cruz foi abraçar os braços vazios de abraços, foi dar a mão a quem morre sozinho, foi limpar as lágrimas dos que não podem dizer adeus a quem amam, dos que… E anda nas ruas vazias, a recolher o lixo, a desinfetar as praças, a limpar o medo e a acompanhar as solidões que espreitam as esquinas.

A minha cruz está vazia. E eu sei: Cristo lavará os pés a todos os que, exaustos, não desistem de lutar pela vida e beijá-los-á, certamente, porque são esses os pés que, nos nossos dias, anunciam a esperança e fará com eles a Ceia da Quinta-Feira; estará à beira dos que sofrem e morrem, ajudando-os a percorrer o caminho que une o chão ao Infinito e consolando os que, à beira das cruzes que se erguem no mundo inteiro, têm o coração em frangalhos.

O Cristo da minha cruz (vazia, minha cruz!) está vivo. É o rosto cansado dos que não veem os filhos há muitos dias, porque têm de os proteger. Está nas mãos dos que enfrentam o medo (todos têm medo) para ajudar quem precisa. Enxuga as lágrimas dos que estão sós. Está nos que têm de tomar decisões (difíceis, as decisões). Está nos que nos mantêm informados e nos dão esperança.

O Cristo da minha cruz (vazia) foi semear esperança no meio do povo. E não o deixa cair na tentação de desanimar, apesar de todos os cansaços, apesar de tudo.

Tenho a cruz à porta. Vazia. O Cristo mudou-se para dentro de cada um.

Graça Alves

 

MEDITAR

Esta minha vida que Jesus ama

No início da vida pública, Jesus atravessa os lugares onde mais fortemente pulsa a vida: o trabalho (barcos, redes, lago), a oração e as assembleias (a sinagoga), os lugares dos sentimentos e da afetividade (a casa de Simão).

Jesus, libertado um homem do seu espírito doente, sai da sinagoga, e logo, como que acossado por algo, entra em casa de Simão e André, onde «logo» (bela a urgência, a pressão dos afetos) lhe falam da sogra com febre (cf. Marcos 1,29-39).

Hóspede inesperado, numa casa onde a responsável pelo servir está doente, e o ambiente não está pronto, não foi preparado no seu melhor, provavelmente está em desordem. Grande mestre, Jesus, que não se preocupa com o desarranjo, com o que de impreparado existe dentro de nós, da sujidade, do ar um tanto ou quanto fechado das nossas vidas.

E também ela, a mulher idosa, não se envergonha de fazer ver-se por um estranho, doente e febril: Ele veio precisamente para os doentes.

Jesus toma-a pela mão, reergue-a, “ressuscita-a”, e aquela casa da vida bloqueada reanima-se, e a mulher, sem reservar tempo para si, sem dizer «preciso de um instante, tenho de me arranjar, recuperar», põe-se a servir, com o verbo dos anjos no deserto.

Estamos habituados a pensar a nossa vida espiritual como em algo que se desenrola nos quartos bem arranjados, e nós bem vestidos e compostos diante de Deus. Acreditamos que a realidade da vida nos outros quartos, essa existência banal, quotidiana, acidentada, não é apropriada para Deus. E enganamo-nos: Deus enamora-se da normalidade. Procura a nossa vida imperfeita para tornar-se fermento e sal, e mão que volta a erguer.

Esta narrativa de um milagre humilde, não vistoso, sem comentários da parte de Jesus, inspira-nos a acreditar que o limite humano é o espaço de Deus, o lugar onde aterra o seu poder.

O que se segue é energia: a casa abre-se, melhor, expande-se, torna-se grande ao ponto de poder acolher, à noite, no limiar da porta, todos os doentes de Cafarnaum. Toda a cidade está reunida no umbral entre a casa e a estrada, entre a casa e a praça.

Jesus, pólen de gestos e de palavras, que ama portas abertas e tetos escancarados por onde entram olhos e estrelas, que ama o risco da dor, do amor, do viver, cura-os. Quando ainda estava escuro, sai em segredo e reza. Simão persegue-O, procura-O, encontra-O: «Que fazes aqui? Desfrutemos do sucesso, Cafarnaum está aos Teus pés!».

E Jesus começa a destruir as expetativas de Pedro, as nossas ilusões: vamos para outro lugar. Um outro lugar que não sabemos; apenas sei que não cheguei, que não posso acomodar-me; um “outro” que a cada dia me seduz e amedronta, mas ao qual volto a confiar, diariamente, a esperança.

 

Ermes Ronchi

 

Origem da Máscara

A origem da máscara perde-se nos anais da história da humanidade.

Usada para iludir, transformar ou criar laços, surge ligada aos rituais agrários, propiciatórios de boas relações com os poderes ocultos.

A máscara não é específica do Carnaval. Tem origem religiosa. Quando passa para o teatro grego e romano, tendo o sagrado desaparecido, a identificação faz-se entre o ator e a personagem, ou entre máscara e personagem, palavras que derivam do mesmo vocábulo latino persona.

O uso que se fez dela no Egito, em Atenas ou em Roma, bem como as variadas funções que ela assumiu nas diversas sociedades, passaram pelo cumprimento de várias tradições com origem cultural e recreativa.

A máscara foi utilizada ao longo dos tempos por vários povos e com diversas finalidades: foi utilizada como elemento decorativo, na Guiné, onde tivera como função representar o rosto dos vencidos; como sinal de guerra, praticada pelos Índios; como acessório de festa, nomeadamente no Oriente; em danças e procissões com intenção de se misturar o ritual e o divertimento; como elemento figurativo, no teatro grego.

Em Veneza, no séc. XVIII, o uso da máscara tornou-se um hábito diário em homens, mulheres e crianças. A lei de Doge pôs fim a este hábito, porque a polícia tinha uma certa dificuldade em reconhecer os assassinos que constantemente matavam nas vielas da cidade. Os Venezianos passaram a usá-la durante o Carnaval que durava um mês e nas festas e jantares.

É também utilizada como resguardo em algumas profissões (como a do apicultor, por exemplo) ou em desportos como a esgrima, assim como pelos guerreiros para se protegerem.

Foi ainda na Idade Média que a máscara se associou ao Carnaval. Todavia, na Quarta–Feira de Cinzas voltava tudo ao normal.

Uma máscara é um objeto que se coloca na cara para esconder uma identidade ou para se parecer com algo ou alguém… O termo máscara também pode ter um significado mais pessoal ou “interior”, ou seja: “para dizer que uma pessoa não mostra quem realmente é”, como escrevia a Natasha Santos, aluna minha do 7º ano.

Bento Oliveira

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

O CÉU NUM ABRAÇO

«Dois amigos contemplavam um lago a perder de vista. À volta, montes e vales, céu em tons de azul, nuvens brancas a passar. Uma paisagem deslumbrante. Pacificadora.

Um deles - sorriso nos lábios e olhos a brilhar - decidiu abrir o coração: "Acho que o Céu… o Céu deve ser mais ou menos isto".

"Não” - respondeu o outro. “Eu acho que o Céu” – disse envolvendo o amigo num abraço – “deve ser mais ou menos isto".»

João Delicado


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Nº 1150

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó

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