Nº 1132

 

SANTO E FELIZ NATAL

São os Votos dos Padres:

 

Manuel António Santos

António Duarte Azevedo

Pedro Miguel Aguiar Cardoso

 

 

 

MEDITAR

No mundo a verdadeira luz que ilumina todos os homens

Natal do Senhor - Missa do dia (25/12/2023)

Ouvimos hoje um imenso Evangelho, que nos obriga a pensar em grande. João começa com um hino, um canto que nos chama a voar alto, um voo de águia que projeta Jesus de Nazaré até aos confins do cosmos e dos tempos.

No princípio era o Verbo e o Verbo era Deus, no princípio e no profundo, no tempo e fora do tempo. Um mito? Não, porque o voo da águia plana por entre as tendas do acampamento humano: e veio morar, armou a sua tenda entre nós.

Então João abre novamente as asas e lança-se para a origem de todas as coisas que existem: tudo foi feito por meio dele (v 3). Nada sem ele. "No princípio", "tudo", "nada", "Deus", palavras absolutas, que nos colocam em relação com o todo e com a eternidade, com Deus e com o cosmos, numa visão extraordinária que abraça o tempo, as coisas, o espaço, a divindade.

Sem ele nada do que existe foi feito. Não apenas os seres humanos, mas o fio da erva e a pedra e o tordo desta manhã, toda a vida floriu nas suas mãos. Ninguém e nada nasce de si mesmo...

Natal: veio ao mundo a verdadeira luz, aquela que ilumina todo o homem. Cada homem, cada mulher, cada criança e cada idoso, cada doente e cada migrante, todos, sem exceção; nenhuma existência é sem um pingo dessa luz, nenhuma história sem o cintilar de um tesouro, profundo o suficiente para que o pecado não possa jamais sê-lo.

E assim há um fragmento da Palavra em cada carne, um pedacinho de Deus em cada homem, há santidade em cada vida.

A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a venceram! As trevas não conquistam a luz. Nunca vencem. A noite não vence o dia.

Vamos repetir para nós mesmos e para os outros, neste mundo duro e triste: a escuridão não vence.

«No princípio era o Verbo e o Verbo era Deus...». Que eu gostaria de traduzir como: no princípio era a ternura/e a ternura era Deus, e a ternura de Deus fez-Se carne.

O Natal é a história de Deus que caiu na terra como um beijo (B. Calati).

O Natal é a emoção do divino na história (Papa Francisco). É por isso que no Natal somos mais felizes, porque se escuta a emoção, desacelera o tempo, olhas mais para o teu filho, fazes-lhe uma carícia…

Jesus é a história da ternura de Deus (Ev. Ga.), traz a revolução não da omnipotência ou da perfeição, mas da ternura e da pequenez: Deus na humildade, o segredo do Natal.

Deus na pequenez, força disruptiva do Natal. Deus deitado em pobres palhas como uma espiga nova: não estamos à espera de Alguém que virá de improviso, mas queremos tomar consciência de Alguém que, como uma luz, já habita nas nossas vidas.

Ermes Ronchi

 

SOBRE O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL

 

"Aí temos mais uma vez o Natal. Chega inexoravelmente, como o cair das folhas ou a velhice. Veio éramos nós pequenos, vem hoje que a vida passou por nós, continuará a vir amanhã independentemente de nós. O que de nós depende é recebê-lo ou não. Transmitiram-no-lo os nossos pais, olhámo-lo originalmente com esses olhos lavados que trouxemos ao mundo, capazes ainda da grande intensidade de uma primeira visão. Que terá acontecido depois? Os dias repetiram-se, alguma coisa ruiu perto de nós. Continuará a vir o feriado nacional ou a festa da família, mas não há nada que nasça dentro de nós, como antigamente. E, no final do ano, nem teremos coragem de deitar pela janela fora as coisas velhas, porque ficaríamos nus. Foi Natal lá fora, nos outros, mas em nós ninguém nasceu. Talvez ombros alheios nos tenham contagiado uma certa animação por essas ruas engalanadas, um vago sentimentalismo ter-nos-á empurrado para dentro de um comboio, a caminho da família, da quinta ou da aldeia. (...)

O Natal não é mera questão de coração ou de sentimento, embora também o seja. Não se celebra uma cerimónia, nem tão-pouco se cumpre um simples ritual. Oxalá as crianças pudessem ver nas pessoas crescidas que hoje somos a certeza de um ideal vivido. Não chega acolher no íntimo Cristo, nem sequer homenageá-Lo na intimidade do lar. É preciso dar-Lhe lugar na vida, abrir-Lhe caminho na rua, nestas ruas e caminhos onde Ele também se cansou, não como nós nos cansamos dos homens, mas por autêntico e natural cansaço...

Urge, nestes tempos modernos, aproximar a vida da verdade. Chamar as coisas pelo seu nome é garantir às crianças, que nesta quadra nos olham mais nos olhos, um mundo de amanhã melhor. Temos de restituir as palavras às situações, as festas ao seu significado, as cerimónias ao verdadeiro sentido. O Natal é o Natal cristão. Não há outro. Onde não é Cristo que nasce, não há Natal. Pode a família reunir-se em volta do madeiro, rasparem as crianças o tacho onde se fez o arroz doce, encherem-se de brinquedos os sapatos na chaminé. Se Cristo não nasce, o Natal passará e nós continuaremos órfãos. Não nascemos de novo, porque não nasceu Cristo em nós, na nossa casa, entre a nossa família, na profissão, no trabalho."

 

Ruy Belo, Obra Poética de Ruy Belo, Volume 3, Editorial Presença (adaptado)

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 "Deixemos que a bondade brilhe.

Que a paz se instale.

Que a justiça floresça.

E que o amor vença."

 

P. João António Pinheiro Teixeira


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó

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