Nº1129

 

Advento

Advento, tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias, todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o mistério apaixonante da Vida que em Jesus de Nazaré principiou.

Advento, tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis como "nascimento", "criança", "rebento".

Advento, tempo de escutar a esperança dos profetas de todos os tempos. Isaías e Bento XVI. Miqueias e Teresa de Calcutá.

Advento, tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a vida, mais do que distribuir embrulhos.

Advento, tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para que o amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos para escrever num cartão.

Advento, tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: acender uma vela; sorrir a um anjo; dizer o quanto precisamos dos outros, sem vergonha de parecermos piegas.

Advento, tempo de se perguntar: "há quantos anos, há quantos longos meses desisti de renascer?"

Advento, tempo de rezarmos à maneira de um regato que, em vez de correr, escorre limpidamente.

Advento, tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão, das dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.

Advento, tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos devolveu o rosto de Deus.

 P. José Tolentino Mendonça

 

MEDITAR

O risco de "adormecer", mesmo quando corremos

Primeiro domingo de Advento: o ciclo do ano litúrgico começa novamente como um choque, um vislumbre do futuro dentro do círculo lento dos dias em constante mudança. Para nos lembrar que a realidade não é apenas o que vemos, mas que o segredo da nossa vida está além de nós.

Alguma coisa está a mover-se, alguém está no caminho e ao nosso redor "o céu prepara oásis para os nómadas do amor" (Ungaretti). Enquanto isso, na terra, tudo está a aguardar, "até o trigo aguarda, até a pedra espera" (Turoldo), mas a espera nunca é egocêntrica, não se espera a felicidade apenas individual, mas novos céus e terra nova. Deus tudo em todos, a vida que floresce em todas as suas formas.

Se rasgasses os céus e descesses! (Isaias 63,19). A espera de Deus, de um Jesus que é Deus caído sobre a terra como um beijo (B. Calati). Como uma carícia na terra e no coração.

O tempo, que começa, ensina- nos o que nos cabe fazer: ir ao encontro. O Evangelho mostra-nos como fazê-lo: com duas palavras que abrem e fecham a passagem, como dois suportes: toma atenção e fica atento.

Um patrão vai-se embora e deixa tudo nas mãos de seus servos, cada um com a sua tarefa (Marcos 13:34). Uma constante de muitas parábolas, uma história que Jesus frequentemente conta, narrando sobre um Deus que coloca o mundo nas nossas mãos, que confia tudo às suas criaturas, à inteligência fiel e à ternura combativa do homem.

Deus afasta-se , confia no homem, confia-lhe o mundo. Pela sua parte, o homem fica investido de uma enorme responsabilidade. Não podemos mais delegar nada em Deus, porque Deus nos delegou tudo.

Preste atenção. Atenção, a primeira atitude indispensável para uma vida não superficial, significa colocar-se no modo "desperto" e, ao mesmo tempo, "sonhador" frente à realidade. Pisamos tesouros e não nos apercebemos, andamos por cima de joias e não nos damos conta disso.

Viver vigilantes: atentos à Palavra e ao clamor dos pobres, atentos ao mundo, ao nosso planeta bárbaro e magnífico, às suas criaturas mais despercebidas e indispensáveis: a água, o ar, as plantas. Atentos com o que acontece no coração e no pequeno espaço da realidade em que nos movemos.

Vigiai, com os olhos bem abertos. Estar vigilante é como um olhar para a frente, um observar da noite, um espiar do lento aparecimento da aurora, porque o presente não basta a ninguém. Esteja atento a tudo o que nasceu, aos primeiros passos da paz, ao sopro da luz, aos primeiros vagidos da vida e dos seus rebentos. O Evangelho entrega-nos à vocação de estarmos despertos: Para que, vindo de improviso, não vos ache a dormir (Marcos 13:36).

O risco diário é uma vida inativa, que não sabe ver a existência como uma mãe que espera, grávida de Deus, grávida de luz e de futuro.

Ermes Ronchi

 

A Devoção à Imaculada Conceição

Foi a 8 de dezembro de 1854 quando o Papa Pio IX proclamou, através da Bula Ineffabilis Deus,  o dogma da Imaculada Conceição. Maria foi concebida no ventre de sua mãe sem pecado original. Já no século XVI, um dos precursores desta verdade foi um pastor de Bérgamo, proclamado beato a 21 de setembro de 2013. É frei Tomás Acerbis, nascido em Olera em 1563. Aos 17 anos entrou para o convento dos frades Franciscanos capuchinhos de Verona, onde aprendeu a ler e a escrever sumariamente e mais tarde professou como irmão leigo, tornando-se mendigo e pregador. Fez parte das comunidades religiosas de Verona, Vicenza, Rovereto e Pádua. 

Em 1619 foi incardinado na nova província dos Capuchinhos do Tirol, com sede em Innsbruck, sempre como pregador mendigo e itinerante. Apesar da sua fraca alfabetização,  a sua fama espalhou -se ao ponto de se tornar conselheiro espiritual de bispos, do arquiduque de Tirol e do imperador de Habsburgo, Fernando II da Áustria. 

Nos seus escritos transparece a sua devoção a Maria Imaculada. E é neste contexto que promove a construção, na localidade de Volders, no Tirol, nas margens do rio Inn, da primeira igreja em territórios de língua alemã dedicada à Imaculada Conceição, hoje monumento nacional da Áustria. A primeira pedra foi lançada em 1620, mas as obras prolongaram-se, principalmente devido à escassez de meios económicos, até 1654, quando a igreja foi solenemente consagrada, exatamente 200 anos antes da definição dogmática de Pio IX. De facto, os desígnios de Deus são insondáveis.

Tomás morreu em Innsbruck a 3 de maio de 1631 com fama de santidade.

Transcrevo uma oração deste santo homem à Imaculada Mãe de Deus:

 «Digníssima Mãe de Deus, de todas as mulheres a preferida.

Sem vós, o que pode a minha alma fazer?

É por isso que recorro à vossa piedade.

Socorrei-me, vosso vil e indigno servo, pronto para dar a vida mil vezes em vossa defesa.

Que isso seja verdade vós o bem sabeis, porque no espelho da divindade o podeis ver.

Aproximai-vos de mim e tocai o meu coração, para que possa receber, no meu amor puro e filial, o vosso Filho Jesus.

Quero amá-lo e servi-lo mais do que foi amado e servido pelos santos.

Ó querida Maria, ó doce Jesus, não te peço o paraíso, a glória, os sabores, as alegrias, mas que enchais o meu coração do vosso puro amor, porque esta é a minha única meta e o meu único paraíso.»

Paulo Victória

 

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus é o terapeuta do nosso olhar,

o reconstrutor do nosso modo de ver.

José Tolentino Mendonça


 

INFORMAÇÕES

 

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - VELAS

Tríduo - 5, 6 e 7 de Dezembro, às 18 horas, na Igreja de Nª Srª da Conceição, Eucaristia.

Festa - 8 de dezembro às 11h30.


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Pensei

que a liberdade vinha com a idade

depois pensei

que a liberdade vinha com o tempo

depois pensei

que a liberdade vinha com o dinheiro

depois pensei

que a liberdade vinha com o poder

depois percebi

que a liberdade não vem

não é coisa que lhe aconteça

terei sempre de ir eu.

Sónia Balacó

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