Nº 1080

 

Natal: A história recomeça dos últimos

No Natal não celebramos uma recordação, mas uma profecia. O Natal não é uma festa sentimental, mas o juízo sobre o mundo e o novo ordenamento de todas as coisas. Naquela noite, o sentido da história tomou outra direção: Deus para o homem, o grande para o pequeno, do alto para baixo, de uma cidade para uma gruta, do templo para um campo de pastores. A história recomeça dos últimos.

Enquantoque em Roma se decidem as sortes do mundo, enquanto as legiões mantêm a paz com a espada, neste mecanismo perfeitamente oleado cai um grão de areia: nasce uma criança, suficiente para mudar a direção da história. A nova capital do mundo é Belém.

Ali Maria dá à luz o seu filho primogénito, envolve-O em faixas e depõe-No numa manjedoura... no comedouro dos animais, que Maria, na sua necessidade, lê como um berço. O estábulo e a manjedoura são um "não" aos modelos mundanos, um "não" à fome de poder, um "não" ao que está estabelecido. Deus entra no mundo do ponto mais baixo, para que nenhuma criatura nunca mais esteja por baixo, para que ninguém fique de fora do seu abraço que salva.

O Natal é o maior ato de fé de Deus na humanidade: confia o filho nas mãos de uma jovem inexperiente e generosa, tem fé nela. Maria cuida do recém-nascido, alimenta-O de leite, de carícias e de sonhos. Fá-Lo viver com o seu abraço.

Havia naquela região alguns pastores... uma nuvem de asas e de canto os envolve. É muito belo que Lucas anote esta visita única, um grupo de pastores a cheirar a lã e a leite. É belo para todos os pobres, os últimos, os anónimos, os esquecidos. Deus recomeça deles.

Vão e encontram uma criança. Contemplam-No: os Seus olhos são os olhos de Deus, a Sua fome é a fome de Deus, aquelas mãozinhas que se estendem para a mãe são as mãos de Deus estendidas para eles.

Por quê o Natal? Deus fez-se homem para que o homem se faça Deus. Cristo nasce para que eu nasça. O nascimento de Jesus requer o meu nascimento: que eu nasça diferente e novo, que nasça com o Espírito de Deus em mim.

O Natal é a "reconsagração" do corpo. A certeza de que a nossa carne que Deus assumiu, amou, fez Sua, é sagrada em qualquer dos seus membros, que a nossa história é sagrada qualquer que seja a Sua página.

O Criador que tinha plasmado Adão com a argila do solo faz-se Ele mesmo argila deste nosso solo. O oleiro faz-se argila de um vaso frágil e belíssimo. E ninguém pode dizer: aqui acaba o homem, aqui começa Deus, porque Criador e criatura abraçam-se a partir de agora. Para sempre.

P. Ermes Ronchi 

 

MEDITAR

Experiência interior

O evangelista Mateus tem um interesse especial em dizer aos seus leitores que Jesus deve ser chamado também de «Emmanuel». Sabe muito bem que pode ter um resultado chocante e estranho. A quem é que se pode chamar com um nome que significa «Deus connosco»? No entanto, este nome encerra o núcleo da fé cristã e é o centro da celebração do Natal.

Esse mistério último que nos rodeia por todos os lados e que os crentes chamam «Deus» não é algo longínquo e distante. Está com todos e cada um de nós. Como o posso saber? É possível acreditar de forma razoável que Deus está comigo se não tenho alguma experiência pessoal, por pequena que seja?

Geralmente, aos cristãos não nos foi ensinado a perceber a presença do mistério de Deus no nosso interior. Por isso muitos o imaginam em algum lugar indefinido e abstrato do universo. Outros procuram-no adorando Cristo presente na eucaristia. Bastantes procuram escutá-Lo na Bíblia. Para outros, o melhor caminho é Jesus.

O mistério de Deus tem, sem dúvida, os seus caminhos para fazer-se presente em cada vida. Mas pode dizer-se que, na cultura atual, se não O experimentarmos de alguma forma vivo dentro de nós, dificilmente O encontraremos fora. Pelo contrário, se percebemos a Sua presença em nós, poderemos experimentar a Sua presença à nossa volta.

É possível? O segredo consiste sobretudo em saber estar de olhos fechados e em silêncio aprazível, acolhendo, com um coração simples, essa presença misteriosa que nos alenta e sustenta. Não se trata de pensar nisso, mas de estar, «acolher» a paz, a vida, o amor, o perdão... que nos chega desde o mais íntimo do nosso ser.

É normal que, ao entrar no nosso próprio mistério, nos encontremos com os nossos medos e preocupações, as nossas feridas e tristezas, a nossa mediocridade e o nosso pecado. Não temos de nos inquietar, mas permanecer no silêncio. A presença amistosa que está no fundo mais íntimo de nós irá apaziguando, libertando e curando.

Karl Rahner, um dos teólogos mais importantes do século XX, afirma que, no meio da sociedade secular dos nossos dias, «esta experiência do coração é a única com que se pode compreender a mensagem de fé do Natal: Deus fez-se homem». O mistério último da vida é um mistério de bondade, de perdão e salvação, que está connosco: dentro de todos e cada um de nós. Se O acolhemos em silêncio, conheceremos a alegria do Natal.

 José António Pagola

 

Jesus vem!

                Caminhamos a passos largos para o Natal. Vivemos o advento, como uma preparação, para o grande mistério que envolve o nascimento de Jesus. Nos dias de hoje seria motivo de abertura em qualquer noticiário. Não porque estariam interessados em saber, quem é este menino, o que nos trará Ele ou ainda qual a sua missão, mas apenas realçariam, quem seria o pai, em que circunstâncias isto aconteceu. Entrevistariam os familiares, de Maria e José, na procura de algo que pudesse denegrir a imagem de Maria.

            Mas, felizmente, Jesus nasceu num tempo em que, apenas os vizinhos comentariam entre si, nada a nível nacional. Porque a missão de Jesus não era provocar escândalos, mas levar a Boa Nova aos pobres. Não se referia à pobreza de bens mas à pobreza de más ações, de maus hábitos, de maus pensamentos e de palavras duras e ofensivas.

            A Sua missão ia além de qualquer missão que possamos imaginar.

            Quando olhamos o menino, humilde e pobre, nas palhinhas deitado, não conseguiríamos imaginar a força de vida que Ele se transformaria. Sempre com as palavras certas, muitas vezes sabemos que não são as que queríamos ouvir, mas logo percebemos que Ele é que está certo. Muitas vezes, queremos tanto ter razão que não vemos a verdadeira razão. Tantas vezes, achamo-nos certos sem perceber que estamos errados.

            Quantas vezes estivemos cegos de coração? Quantas vezes fomos coxos na fé? Surdos do amor? Doentes da alma?

            Porque o nosso lado humano sempre supera o nosso lado santo e crente. Se a fé em Jesus fosse grande como Ele, os nossos problemas seriam mínimos. Mas temos tendência em ver sempre o lado negativo das coisas, sem perceber que também existe um lado positivo, forte e bonito de se viver.

            Deixemos Jesus entrar, nas nossas casas, nos nossos corações, nas nossas famílias, nos nossos grupos e nas nossas tarefas. Só assim fará sentido celebrar o Natal!

Há um cântico, que usando as palavras de São Paulo, me acompanhou durante a minha missão em Moçambique, que dizia:

            Alegrai-vos!

            Alegrai-vos sempre no Senhor!

            Alegrai-vos!

            E vivei no Seu Amor!

            Quando estava mais em baixo ou com menos forças, escutava-o e depois de o interiorizar, conseguia perceber que eu tinha de ser alegre, pois Ele estava sempre comigo.

Sou feliz por Sou de Cristo!

Ana Marujo

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 Não confundas os embrulhos com o dom
nem a acumulação de coisas com a possibilidade da festa:
o que recebes de graça
só gratuitamente poderás partilhar

Cuida do exterior sabendo que ele é verdadeiro
quando movido por uma alegria que vem de dentro

José Tolentino Mendonça


 

INFORMAÇÕES

VISITA DO PÁROCO AOS DOENTES

Ribeira Seca - terça feira, 20 de dezembro a partir das 10 horas.

 

Cortejo de Oferendas

Dia 25 de dezembro - Fajã dos Vimes.

Dia 1 de janeiro - Biscoitos - Loural - Portal.

Dia 8 de janeiro - Manadas - Calheta - Urzelina - Ribeira Seca.

Dia 15 de janeiro - Ermida de Santo António.


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.

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