Nº 1076
Esperar na esperança
Iniciamos neste domingo um novo tempo. Um tempo para se ter tempo.
Inicia-se o Advento e entraremos, assim, num tempo de espera. Num tempo em que andaremos de esperanças sobre aquela que é a nossa maior esperança. Estaremos em espera para que possamos entrar no verdadeiro Natal.
Esperamos com essas luzes cintilantes e com toda a magia Aquele que irá incarnar. O divino que sendo O Verbo entrará na humanidade para se fazer presente em tudo e em todos, mas para isso temos de esperar.
Necessitamos deste tempo de espera para que possamos perceber de que forma é que Ele pode entrar nas nossas vidas. Precisamos deste tempo de espera para percebermos a Sua importância nas nossas vidas. Temos, efetivamente, de esperar, para que contra a corrente do instantâneo, imposta pelos dias de hoje, possamos dar o que somos e o que temos Àquele que será a Luz do Mundo.
Esperar pelo Natal é ter a capacidade de, no meio de tanta azáfama, colocar o verdadeiro sentido de todo este tempo no centro das nossas vidas. Saber esperar e apreciar cada dia do advento é sabermo-nos colocar no meio de uma história que foi tudo menos um conto de fadas. Saber esperar para perceber que Deus cumpriu, uma vez mais, com a Sua promessa. Saber esperar para que nos possamos sentir verdadeiramente amados por um Deus que nunca se cansa de esperar.
Agora é o nosso tempo. Agora é a nossa vez de esperarmos pelo Deus que está!
Esperemos por Ele e esperemos também uns pelos outros para que a mensagem do Natal seja passada na partilha, na comunhão e na simplicidade da nossa humanidade.
Tenhamos a audácia de neste novo tempo andarmos efetivamente de esperanças, para que em toda esta espera surja em nós uma nova vida. Uma vida renovada pela paz e pelo amor que nos será revelado por este menino Jesus.
Dirijamos as nossas forças e os nossos olhares para o que verdadeiramente conta e, assim, não deixarmos que este tempo seja só mais um, mas seja, isso sim, o tempo de uma tão grande esperança!
MEDITAR
Advento: Um brado de esperança
“Vigiai”, “estai despertos”, “ficai atentos”: são apelos que ressoarão no nosso interior durante a travessia do Advento. Para ver, é preciso não só ter os olhos abertos, mas também luz. Não se trata de contra-atacar o repentino e nefasto ataque de um ladrão. É preciso estar desperto para assumir a vida com uma consciência lúcida. Trata-se de viver intensamente, para que a vida não transcorra na esterilidade e no vazio.
O Advento é tempo para dispor-nos a algo surpreendente. O que estamos esperando é alucinante, imenso, fora do nosso tempo rotineiro. Intuímos que os nossos olhos foram criados para uma visão mais profunda, mais humana, mais plena; desejamos ser um pouco mais lúcidos, mais sensíveis, muito mais corajosos para descobrir a profundidade e a riqueza de tudo o que acontece ao nosso redor e dentro de nós.
Tudo na vida requer preparação, e toda a preparação exige empenho e mudança..., envolve uma espera.
Somos feitos disso: desejo, súplica, anseio, busca, esperança... No mais profundo de cada um brota um desejo que nos faz bradar ao Eterno, pedindo ajuda: “Vem, Senhor, vem salvar-nos! Vem sem demora dar-nos a paz!” Tudo aponta para o vazio infinito dentro de nós, ressoando uma certeza: Ele vem!
Para acolher Aquele que vem ao nosso encontro é preciso romper os espaços estreitos da nossa vida, alargar o coração, expandir os sentimentos...
Para além das imagens utilizadas, a intenção parece clara: é uma chamada a “despertar”, “a estar vigilantes”, “a estar preparados”...
Dentro do mal-estar social persistente que estamos a viver, há algo muito saudável: o nosso desejo de viver de uma maneira mais propositiva e menos deprimida, mais digna e menos superficial. O que precisamos é re-orientar a nossa vida. Não se trata de corrigir um aspeto ou outro de nossa pessoa. Agora o importante é ir ao essencial, encontrar a fonte de vida e salvação.
Não podemos deixar que o desespero e o desânimo destruam em nós o dinamismo e o desejo de continuar a caminhar dia-a-dia, cheios de vida; não podemos deixar que a esperança se vá diluindo em nós quase sempre de maneira silenciosa e impercetível; não podemos deixar que, sem nos dar conta, a nossa vida vá perdendo cor e intensidade; quando parece que tudo começa a ser pesado e cansativo, a verdadeira alegria vai desaparecendo do nosso coração e já não somos capazes de saborear o bom, o belo e o verdadeiro que há na nossa vida.
Apesar das sombras e sofrimentos causados pela violência social, política e religiosa que estamos a viver, o Advento vem “des-velar” (tirar o véu) e ativar os dinamismos de solidariedade, compaixão, gratuidade... presentes no coração de cada um. O bem e o amor em nós, são mais fortes que o mal e o ódio. O que de Deus há em nós é maior que nossa miséria e limites.
Adroaldo Palaoro (adaptado)
ADVENTO
"Advento, tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias, todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o mistério apaixonante da Vida que em Jesus de Nazaré principiou.
Advento, tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis como "nascimento", "criança", "rebento".
Advento, tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a vida, mais do que distribuir embrulhos.
Advento, tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para que o amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos para escrever num cartão.
Advento, tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: acender uma vela; sorrir a um anjo; dizer o quanto precisamos dos outros, sem vergonha de parecermos piegas.
Advento, tempo de se perguntar: "há quantos anos, há quantos longos meses desisti de renascer?"
Advento, tempo de rezarmos à maneira de um regato que, em vez de correr, escorre limpidamente.
Advento, tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão, das dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.
Advento, tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos devolveu o rosto de Deus."
Card. José Tolentino Mendonça
PENSAMENTO DA SEMANA
NO PRINCÍPIO ERA O SILÊNCIO
A palavra emerge do silêncio e devolve-nos ao silêncio. O silêncio, por sua vez, é o ventre da palavra; o silêncio faz nascer a palavra.
A palavra é a presença do nosso coração, é a doação, o presente do nosso coração.
A verdadeira palavra que emerge do silêncio da eternidade é sempre uma palavra que salva, liberta e deixa em liberdade. A palavra que brota do silêncio nunca se impõe, nunca atropela, nunca oprime.
A Palavra vale o que vale o coração, é uma revelação do coração, vale o que vale o silêncio de quem a proclama. No coração, há tudo o que é necessário para viver.
José Fernández Moratiel, in Desde el silencio
INFORMAÇÕES
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FESTA DE SANTA BÁRBARA - MANADAS
TRÍDUO - 30 de novembro 1 e 2 de dezembro - Eucaristia às 19 horas.
Dia 3 de dezembro - Confissões entre as 18h e as 19 horas.
Visita do pároco aos doentes, sexta-feira, 2 de dezembro, a partir das 16h30.
Adoração do Santíssimo - sexta-feira, 2 de dezembro, entre as 18 e as 19 horas.
Confissões - sexta-feira, 2 de dezembro, entre as 18 e as 19 horas.
FESTA dia 4 de dezembro - Eucaristia de festa às 15 horas seguida de Procissão.
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Agenda Pastoral
Destaque
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Nº 1170Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
“ENSINAR É AMAR”
"Ser professor é dar-se (...) Tens muito que fazer? – Não; tenho muito que amar. Não entendo ser professor de outra maneira. (...)
Para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar em flores. A toda a hora a Poesia nos visita. O aluno acredita em nós e não deve acreditar em vão. Impõe-se-nos que mereçamos, com a nossa, a pureza dos nossos alunos; que a nossa alimente a deles, a mantenha. (...)
Sejamos a lição em pessoa – que é isso mais importante e mais eficaz que sermos o papel onde a lição está escrita; e possamos dizer sem constrangimento: Deixai-as vir a mim, as criancinhas…”
Sebastião da Gama, in Diário
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