Nº 1055

 

Ama e serás eterno!

O medo nunca está nos perigos que nos assustam, está sempre e só em nós. É o medo que é perigoso. A consciência de que, por vezes, o medo é apenas um monstro interior que nos quer moribundos é já um golpe decisivo para o vencer e para vivermos melhor.

Há medos bons, até porque o excesso de valentia é por vezes pior do que a cobardia, porque conduz a resultados ainda mais imprudentes e trágicos.

Aqui, como em tudo, importa encontrar a virtude por entre os excessos.

Todos sentimos medo, mas alguns de nós conseguem assumir uma espécie de coragem de existir que permite viver uma vida muito mais larga, sem demasiadas inquietações.

Quem tem medo do sofrimento já está a sofrer. Se tens medo, vai ver. Aproxima-te e poderás verificar que a fonte de desassossego é, quase sempre, menor do que aquela que a  tua imaginação havia criado. A ignorância é cúmplice do medo.

Se tenho mesmo de sofrer, então mais vale que seja já.

Por maior e mais concreto que seja o perigo que tens à frente, não deixes que o medo seja maior do que tu, não permitas que seja ele que guie os teus passos. Olha o medo nos olhos e vais vê-lo fugir de quem lhe pergunta quem é.

Não tenhas medo de perder quem amas. Não o perderás, nunca. Entretanto, aproveita para o amares o melhor que puderes já neste mundo.

Se não tiveres medo da vida, compreenderás o que é a morte.

Não fujas de nada, ama.

Não temas o ódio dos outros, tem, sim, esperança no seu amor.

Quem ama é feliz. Por mais horrores que tenha de sofrer por causa disso, se o amor for verdadeiro, a sua alma fez-se feliz… e assim será, para sempre.

José Luís Nunes Martins

 

MEDITAR

SEGUIR JESUS

«Jesus não deixou atrás de si uma “escola”, ao jeito dos filósofos gregos, para que se fosse aprofundando a última dimensão da realidade. Também não pensou em nenhuma instituição que assegurasse no mundo a verdadeira religião. Jesus deu início a um movimento de “seguidores” que se encarregariam de anunciar e desenvolver o projeto do “reino de Deus”. Foi daí que nasceu a Igreja de Jesus. Por isso, não há nada tão importante para nós como renovar incessantemente, dentro da igreja, o seguimento fiel da sua pessoa. Seguir Jesus é o único que nos torna cristãos.

Embora por vezes nos esqueçamos, é essa a primeira opção dos cristãos: seguir a Jesus. Essa decisão mudaria tudo. Seria começar a viver de maneira diferente a fé, a vida, a realidade de cada dia. Seria encontrar, finalmente, o eixo, a verdade, a razão de viver, o caminho. Seria poder viver dando um conteúdo real à adesão a Jesus: crer no que ele cria; viver o que ele vivia; dar importância àquilo que ele dava; interessar-se por aquilo que ele se interessava; tratar as pessoas como ele as tratava; ver a vida como ele a via; rezar como ele rezava; contagiar a esperança como ele a contagiava.

Eu bem sei que é possível seguir Jesus por diversos caminhos. O seguimento levado a cabo por Francisco de Assis não é o mesmo de Francisco Xavier nem de Teresa de Jesus. Na entrega de Jesus ao reino de Deus existem muitas matizações. Mas há certos traços que são fundamentais e que não podem faltar numa verdadeira sequela de Jesus. Vou indicar alguns.

Seguir Jesus implica pôr os pobres no centro do nosso olhar e do nosso coração: situar-nos na perspetiva dos que sofrem, fazer nossos os seus sofrimentos e as suas aspirações e assumir a sua defesa.

Seguir Jesus é viver com compaixão: deitar fora a indiferença, não viver só de abstrações e de princípios teóricos, mas aproximarmo-nos das pessoas na sua situação concreta.

Seguir Jesus exige a promoção do acolhimento: não viver com mentalidade de seita, não excluir nem excomungar, fazer nosso o projeto integrador e inclusivo de Jesus, derrubar fronteiras e construir pontes, eliminar a discriminação.

Seguir Jesus é assumir a crucificação pelo reino de Deus: não evitar a nossa identificação nem o nosso empenhamento por medo das consequências dolorosas, carregar com o peso do “anti-reino” tomar a cruz de cada dia em comunhão com Jesus e com os crucificados da terra.

Seguir Jesus é confiar no Pai comum, invocar o Seu nome santo, pedir a vinda do sSu reino e semear a esperança de Jesus contra toda a esperança.»

 

José Antonio Pagola, in Jesus, uma abordagem histórica

 

Hino a São João Batista, atribuído a Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja

 

«Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João. Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz» (João 1, 6-7)

A ti, João, reconhecemos-te como novo Moisés,

pois viste a Deus com toda a claridade e já não em figura;

a ti, reconhecemos como novo Josué,

pois não fizeste apenas que os homens passassem duma margem para a outra do Jordão,

mas dum mundo ao outro nas águas do Jordão; […]

tu és o novo Samuel, pois não te limitaste a ungir David, mas batizaste o Filho de David;

tu és o novo David, que não foste apenas perseguido pelo rei Saul, mas morto pelo rei Herodes;

tu és o novo Elias,

que não foste apenas nutrido com pão por um corvo,

mas foste nutrido por Deus com gafanhotos e mel silvestre no deserto;

tu és o novo Isaías, que já não proclamas apenas que a Virgem há de dar à luz o Emanuel,

mas apontas o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. [...]

Bem-aventurado és tu, João, eleito por Deus, que suspendeste as mãos sobre o teu Mestre e nelas tinha a chama cujo brilho faz encandear os anjos!

Estrela da manhã (cf. Nm 24, 17), tu mostraste aos homens a manhã verdadeira;

amanhecer da alegria (cf. Sl 30, 6), tu manifestaste ao género humano o dia da verdadeira glória;

lâmpada ardente e luminosa (cf. Jo 5, 35), tu apontaste aos homens a Luz sem ocaso;

mensageiro do Deus da reconciliação (cf. Is 9, 5), à tua frente foi enviado o arcanjo Gabriel

a anunciar-te a Zacarias, para quem foste muito mais do que o fruto esperado; […]

maior entre os nascidos de mulher (cf Mt. 11, 11), tu surgiste antes do Emanuel, Aquele que excede toda a criação;

enfim, primogénito de Isabel, precedeste o Primogénito de toda a criatura (cf. Col 1, 15).

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 «Amar significa amar o que é difícil de ser amado,

de contrário não seria virtude alguma;
perdoar significa perdoar o imperdoável,
de contrário não seria virtude alguma;
fé significa crer no inacreditável,
de contrário não seria virtude alguma. 
E esperar significa esperar quando já não há esperança,
de contrário não seria virtude alguma.» 

Gilbert Keith Chesterton 


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

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