Nº 1048
CARTA ABERTA AOS PRESBÍTEROS DE HOJE
Caro presbítero,
Este é um momento difícil para ser padre. A figura do padre tornou-se anacrónica hoje. A maioria das pessoas do nosso tempo não apenas está totalmente ausente da prática religiosa, como também já não se sente tocada pela pergunta sobre Deus. Vivem, em sua grande maioria, “como se Deus não existisse” e não sentem nenhum mal-estar com isso.
Deus não é contestado; mas simplesmente, é ignorado. Os sucessos da ciência e da tecnologia assumem um caráter de sacralidade e de absoluto, a ponto de se configurarem como a “nova religião”. Nós, sacerdotes, podemos parecer irrelevantes.
A questão que se levanta então é: ainda há espaço para a missão do padre? A resposta é, na minha opinião, positiva. Não há dúvida de que está presente também na consciência do ser humano contemporâneo uma necessidade religiosa, muitas vezes latente, que deve ser trazida à tona com paciência, dando testemunho, acima de tudo, não só individual, mas também comunitário, da atualidade da proposta do Evangelho.
Três prioridades do ministério
Neste novo contexto, são três as prioridades que o presbítero deve viver.
A primeira é a capacidade de se identificar com as situações existenciais das pessoas, compartilhando as suas alegrias e as suas fadigas quotidianas. As tuas roupas, caro irmão, devem cheirar a povo e não a incenso.
A segunda prioridade consiste na escolha de um estilo de vida sóbrio, na renúncia a toda tentação de poder, de modo a conquistar aquela liberdade interior, que permite tornar-se plenamente solidário com o mundo dos pobres e comprometer-se com a sua libertação. Irmão presbítero, vive como pobre, ama os pobres, deixa-te ensinar pelos pobres.
A terceira prioridade, enfim, é a recuperação de uma espiritualidade autêntica, não formal ou devocional, mas caracterizada por uma forte tensão mística, capaz de interpretar a necessidade de transcendência que ainda reside no coração de muitos hoje e, desse modo, de se tornar testemunha credível do mistério de Deus. Caro jovem presbítero, deixa-te devorar por uma grande paixão por Deus, e nenhuma outra paixão humana te devorará.
Por mais que tu gastes energias, inteligência e tempo pelo Evangelho, ao longo do caminho tu te darás conta de que o ministério mais doloroso de um ministro de Deus é caminhar com as pessoas quando elas se afastam da Igreja e rejeitam os seus ensinamentos. Santa Teresinha de Lisieux dizia que a sua vocação era a de se sentar à mesa com os incrédulos e de beber do seu cálice amargo.
Domenico Marrone, teólogo e padre italiano (adaptado)
MEDITAR
DEUS NÃO ESTÁ EM CRISE
É mais frequente do que pensamos. Acreditamos que acreditamos em Deus, mas na prática vivemos como se ele não existisse. Este é também um risco que temos de olhar ou enfrentar a atual crise religiosa ou o futuro incerto da Igreja: viver esses momentos de maneira "ateia".
Só não sabemos andar no «horizonte de Deus». Analisamos nossas crises e planeamos o nosso futuro, pensando apenas nas nossas possibilidades. Vamos deixar claro que o mundo está nas mãos de Deus, não nos nossos corações. Ignoramos que o "Grande Pastor" que cuida e guia a vida de cada ser humano é Deus.
Vivemos como "órfãos" que perderam o seu Pai. Uma crise nos domina. Ou o que nos pedem parece excessivo. Temos dificuldades em perseverar com coragem no nosso trabalho sem ver ou ter sucesso ao lado de outra pessoa. Sentimos pena, e cada um se defende como pode.
Segundo ou história do Evangelho, Jesus está em Jerusalém para comunicar a sua mensagem. Era inverno e, para não arrefecer, passou por dois pórticos do Templo, cercado por judeus, que se assediavam com suas perguntas. Jesus vai falar das “ovelhas” que ouvimos na sua voz e seguimos. A certa altura, diz: «O meu Pai, que mas deu, supera tudo e ninguém pode arrebatar da mão do meu Pai».
Segundo Jesus, “Deus supera tudo.” O facto de estarmos em crise não significa que Deus esteja em crise. Que nós, cristãos, percamos o ânimo não quer dizer que Deus tenha ficado sem força para salvar. O facto de não sabermos dialogar com o homem de hoje não significa que Deus não tenha encontrado meios de falar com o coração de cada pessoa. Que as pessoas deixem as nossas Igrejas não quer dizer que fogem de Deus das suas mãos protetoras.
Deus é Deus. A crise religiosa nem nenhuma mediocridade da Igreja poderá «arrastar-lhe das mãos» estas crianças e crianças que amam com amor infinito. Deus não abandona ninguém. Temos seis caminhos para cuidar e orientar cada um de nossos dois filhos, e esses caminhos não são necessariamente ou que pretendemos traçar.
José Antonio Pagola (adaptado)
SEMANA DAS VOCAÇÕES
ORAÇÃO
Senhor, nosso Pai e Criador,
Deus da história, da vida e da beleza,
do sonho e da realidade,
nós Te pedimos:
ensina-nos a tecer e a entrelaçar
a nossa história pessoal e comunitária
com os fios do Teu amor!
Senhor Jesus, Mestre e Amigo,
reaviva em nós a consciência
de sermos povo de irmãos e irmãs,
amado e escolhido para anunciar,
testemunhar e semear a Tua paz!
Espírito Santo, força suave de vida,
dá-nos a coragem do desassossego,
abertura e docilidade,
para escutarmos o chamamento
e para vivermos com fidelidade e alegria
a nossa vocação!
A Maria e José pedimos intercessão
para que a Igreja
e cada uma das suas comunidades
sejam seio fecundo
de novas e santas vocações. Ámen!
PENSAMENTO DA SEMANA
O AMOR É SEMPRE UMA APOSTA PESSOAL
“Cada um tem uma vocação de amor particular. O amor não é uniforme, cada um o encarna à sua maneira, nas condições determinadas da sua vida pessoal. A vida não possui um sentido único, geral e válido para todo o mundo. Não existe receita. O amor é sempre uma aposta pessoal”
Soeur Emmanuelle
INFORMAÇÕES
MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA
No próximo domingo, 15 de maio, às 15h30 horas.
FESTAS DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
MANADAS - 5ª feira, 12 de maio, às 11 horas - Recitação do Terço, seguido da celebração da Eucaristia.
BISCOITOS - 5ª feira, 12 de maio, às 18 horas - Recitação do Terço, seguido da celebração da Eucaristia
RIBEIRA DO NABO - 5ª feira, 12 de maio, às 21 horas - celebração da Eucaristia seguida de procissão.
RIBEIRA SECA - 6ª feira, 13 de maio, às 18 horas - Recitação do Terço, seguido da celebração da Eucaristia e Procissão no interior da igreja.
CALHETA - 6ª feira, 13 de maio, às 18;30 horas - Recitação do terço e eucaristia.
VELAS - 6ª feira, 13 de maio, às 21 horas - celebração da Eucaristia seguida de procissão.
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Nº 1173Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
SEJA FEITA A TUA BONDADE!
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)
Eneida Costa
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