Nº 1045
Façamos desta Páscoa um desafio a procurar novamente Cristo. Não procuremos entre os mortos Aquele que está vivo! Sejamos corajosos e tenazes em procurá-Lo, e não nos deixemos apanhar desprevenidos se nos aparecer sob a veste de um estrangeiro. Reconhecê-lo-emos nas suas feridas, na sua voz, quando nos falar intimamente, no Espírito que traz paz e afasta o medo."
Tomáš Halík,
Os sacerdotes ao serviço do povo de Deus nesta Ilha de São Jorge, desejam a todos uma
SANTA e FELIZ PÁSCOA
MEDITAR
Encontrar-nos com o Ressuscitado
Segundo o relato de João, Maria de Magdala é a primeira que vai ao sepulcro, quando ainda está escuro, e descobre desconsolada que está vazio. Falta-lhe Jesus. O Mestre que a havia compreendido e curado. O Profeta que ela tinha seguido fielmente até o fim. A quem seguirá agora? Assim, se lamenta perante os discípulos: “Levaram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o colocaram”.
Essas palavras de Maria podem expressar a experiência que muitos cristãos estão experimentando hoje: o que fizemos com Jesus ressuscitado? Quem o levou? Onde o pusemos? É o Senhor em quem cremos um Cristo cheio de vida ou um Cristo cuja memória gradualmente desaparece dos corações?
É um erro que procuremos “provas” para acreditar com mais firmeza. Não basta recorrer ao Magistério da Igreja. É inútil investigar as exposições dos teólogos. Para nos encontrarmos com o Ressuscitado, devemos antes de tudo fazer uma jornada interior. Se não o encontrarmos dentro de nós, não o encontraremos em nenhum lugar.
João descreve, um pouco mais tarde, Maria correndo de um lugar para outro para procurar alguma informação. Mas quando vê Jesus, cega pela dor e as lágrimas, não consegue reconhecê-Lo. Pensa que é o encarregado do jardim. Jesus apenas lhe faz uma pergunta: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”.
Talvez devêssemos também perguntar-nos algo semelhante. Por que é que a nossa fé por vezes é tão triste? Qual é a causa final dessa falta de alegria entre nós? Que procuramos, os cristãos de hoje? Do que sentimos falta? Estamos procurando um Jesus a que necessitamos sentir cheios de vida em nossas comunidades?
Segundo o relato, Jesus está a falar com Maria, mas ela não sabe que é Jesus. É então que Jesus a chama pelo seu nome, com a mesma ternura que colocava na Sua voz quando caminhavam pela Galileia: “Maria!”. Ela volta-se rápida: “Rabûní, Mestre”.
Maria encontra-se com o Ressuscitado quando se sente pessoalmente chamada por Ele. É assim. Jesus revela-se cheio de vida, quando nos sentimos chamados pelo nosso próprio nome e ouvimos o convite que faz a cada um de nós. É então quando a nossa fé cresce.
José Antonio Pagola, adaptado
ERA UMA VEZ O AMOR...
«Salvou os outros e não conseguiu salvar-Se a Si mesmo», comentava-se junto Daquele crucificado, sem perceber nada da sua história.
Exatamente porque Ele se dispõe a amar-nos, Ele não pode salvar-se a si mesmo. Porque o que é próprio do amor é esse deixar de pensar em si. É esse abandono, é essa pobreza radical, é essa entrega, em que o outro, o outro, é colocado no centro. Nós estamos no centro do gesto de Jesus. Da sua história de amor, da sua entrega.
O amor, essa entrega de nós para lá do cálculo e da retenção, a ponto de não conseguirmos viver para nós próprios.
O amor, essa descoberta de que ou nos salvamos com os outros (porque aceitamos o risco de viver para os outros) ou gastamos inutilmente o nosso tesouro.
O que se comentava junto da cruz, naquele dia, não era um insulto, mas o maior dos elogios feitos a Jesus. Compreender isso é, de alguma maneira, acolher o sentido verdadeiro da Páscoa.
O que a cruz nos grita, o que a cruz nos diz é: ama até ao fim, ama até ao fim, consuma a tua vida, consuma, realiza, plenifica a tua existência. Não vivas a 50%, a 40%.
A Sophia de Mello Breyner dizia: “Meia verdade é como comer meio pão, é como receber meio salário, é como habitar meia casa.”
Às vezes nós vivemos de meias verdades e não vivemos essa verdade total, essa verdade plena que é a lição do Crucificado para nós. Ele diz: “Tenho sede.” Porque Ele continua a ter sede, a ter sede daquilo que cada um de nós hoje pode realizar. Agora é a nossa vez, agora é o nosso lugar, agora é o nosso caminho.»
P. José Tolentino Mendonça
PENSAMENTO DA SEMANA
Amar é ser pão,
partido e repartido pelos famintos...
É cuidar das feridas de quem sofre.
É lavar os pés de quem nos chega de longe.
É limpar suores de rostos cansados.
É matar sedes e refrescar vidas.
É dar alento aos desanimados...
Amar é servir...
Sabemos isso de Jesus.
Eugénia Pereira
INFORMAÇÕES
MENSAGEM DE FÁTIMA
No próximo domingo, 24 de abril, a Mensagem de Fátima da Ribeira Seca convida os idosos da freguesia para a festa em louvor do Divino Espírito Santo.
FESTA DE SÃO JORGE
23 de Abril
Às 11 horas Eucaristia de Festa seguida de Procissão.
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Agenda Pastoral
Destaque
Mais Recente Carta Familiar em PDF!
Nº 1173Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
SEJA FEITA A TUA BONDADE!
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)
Eneida Costa
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