Nº 1006

 

Os olhos de Francisco nos olhos de Maria

Há um gesto silencioso que acompanha continuamente o ministério do Papa Francisco: a constante peregrinação a Santa Maria Maior, para se colocar em oração diante da imagem da Salus populi romani. Cada viagem, cada acontecimento importante da Igreja, ou como aconteceu nos últimos dias, cada provação pessoal, o Papa Francisco leva-o aos pés da imagem de Maria guardada na basílica mariana mais antiga do mundo.

Os olhos erguidos para o ícone recordam os olhos de uma criança que fixa o rosto da sua mãe. E é precisamente assim que o Papa nos recorda que cada alfabeto da fé, incluindo a devoção mariana, é antes de tudo uma relação viva e verdadeira com alguém vivo e verdadeiro.

A misteriosa comunhão dos santos que une a Terra ao Céu é o que faz de alicerce a certos gestos, a certas escolhas. A imagem para um cristão nunca é um ídolo, mas uma espécie de sacramental que reaviva a memória de um laço.

Como acontece tantas vezes que uma pessoa distante de quem ama tira fora das suas coisas uma imagem, uma carta, um objeto da pessoa amada, e através dele celebra no afastamento um laço que se tornou ainda mais forte com a distância, assim para nós, cristãos, certos gestos recordam-nos que não estamos sós e podemos constantemente confiarmo-nos a alguém que nos ama.

É antes de todos Cristo este alguém que nos ama e que nos disse que permanecerá connosco sempre até ao fim do mundo, e depois Maria, os santos, os nossos queridos defuntos. Estamos mergulhados numa rede de relações. Não estamos sós.

Vendo o Papa, ocorre-nos perguntar se para nós também é assim. Se também para nós é verdadeira esta verdade de não estamos sós. Se também nós temos gestos que nos recordem esta decisiva companhia do Céu nas coisas desta Terra.

Vendo o Papa, perguntamo-nos se também para nós Maria é nossa Mãe, e se aproveitamos este laço para poder levar mais a sério o evangelho e ter mais coragem nas opções da vida.

Ao sair da policlínica Gemelli, e parando em Santa Maria Maior, o Papa quis fechar o parêntesis daqueles dias com um gesto de gratidão e talvez também de confiança, não só para si próprio, mas também por todos aqueles rostos e aquelas história que cruzou nos corredores das unidades onde se dirigiu em visita.

Naquela paragem mariana esteve certamente a gratidão e a confiança, ingredientes fundamentais para poder enfrentar os desafios da vida. A gratidão é a memória do bem. A confiança é a memória de que a pessoa não se basta a si própria. Está toda aqui a atitude dos discípulos.

Luigi Maria Epicoco

 

MEDITAR

Ensina-nos a compaixão, misericórdia e ternura que esquecemos

«Vinde, retiremo-nos e repousai um pouco» (Marcos 6, 30-34). Os seus tinham regressado felizes daquele envio dois a dois, daquela missão em que Ele os tinha lançado, uma peregrinação de Palavra e pobreza.

Os doze encontraram muita gente, empregaram a arte que tinham aprendido de Jesus: a arte da proximidade e da carícia, da cura dos demónios do viver. Agora é o tempo do encontro com eles próprios, de voltarem a ligar-se àquilo que acontece no seu espaço vital.

Há um tempo para cada coisa, diz o sábio de Israel, um tempo para agir e um tempo para a interrogação sobre os motivos do agir. Um tempo para ir de casa em casa e um tempo para ficar em casa entre amigos e consigo próprios.

Há tanto a fazer em Israel, doentes, leprosos, viúvas de Naim, lágrimas, todavia Jesus, em vez de arremessar os seus discípulos para dentro do vórtice da dor e da fome, leva-os consigo e ensina-lhes uma sabedoria do viver.

Vivemos hoje numa cultura em que o rendimento que tem de crescer e a produtividade que deve estar sempre a aumentar nos convenceram que são os compromissos que dão valor à vida. Jesus ensina-nos que a vida vale independentemente dos nossos compromissos.

O fluxo imparável das pessoas chega-lhes inclusive àquele lugar afastado para onde Jesus e os seus se afastaram. E Jesus, em vez de dar prioridade ao seu programa, dá-a às pessoas. O motivo é dito em duas palavras: experimenta compaixão. Termo de uma carga belíssima, infinita, termo que faz apelo às entranhas e indica um espasmo interior.

A primeira reação de Jesus: experimenta dor pela dor do mundo. E põe-se a ensinar muitas coisas. Talvez houvesse, diríamos nós, problemas mais urgentes para a multidão: curar, matar a fome, libertar; necessidades mais imediatas do que ouvir ensinamentos.

Talvez tenhamos esquecido que há uma vida profunda em nós que continuamos a mortificar, a deixar à fome e à sede. É a esta que Jesus se dirige, como uma mão-cheia de luz lançada ao coração de cada pessoa, iluminando-lhe o caminho.

Este Jesus que se põe à disposição, que não se poupa, que deixa que sejam os outros a ditarem-lhe a agenda, generoso de sentimentos, entrega algo de grande à multidão: «Pode dar-se o pão, é verdade, mas quem recebe o pão pode não ter necessidade extrema dele. Mas de um gesto de afeto todo o coração exausto precisa. E cada coração está exausto» (Ir. Maria di Campello).

É o grande ensinamento aos doze: aprender um olhar que tenha comoção e ternura. As palavras nascerão. E isto vale para cada um de nós: quando aprendes a compaixão, quando reencontras a capacidade de te comover, o mundo aninha-se na tua alma, e tornamo-nos um só rio. Se ainda há quem saiba, entre nós, comover-se pelo ser humano, este mundo ainda pode esperar.

Ermes Ronchi

 

A Lição da avó

Uma jovem foi conversar com a avó, e contou-lhe como as coisas estavam difíceis na sua vida. O marido tinha-a traído e ela estava arrasada. Não sabia o que fazer e queria desistir. Estava cansada de lutar e brigar. Parecia que mal um problema estava resolvido, logo outro surgia.

A avó levou-a para a cozinha. Encheu três tachos com água e colocou-os no fogão. Assim que a água começou a ferver, pôs num deles cenouras, noutro ovos, e no último café moído, sem dizer uma palavra.

Cerca de vinte minutos depois, apagou o lume, dispôs as cenouras numa tigela e os ovos noutra. Depois pegou no café e derramou o líquido numa chávena. Virando-se para a neta, disse-lhe:

– Diz-me o que está nas tigelas.

– Cenouras, ovos e café – respondeu a jovem.

A avó trouxe-as para mais perto e pediu à neta que experimentasse as cenouras. Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. Em seguida pediu-lhe que pegasse num ovo e o abrisse. Depois de retirar a casca, a jovem observou o ovo cozido. Finalmente a avó deu-lhe o café a provar. A neta sorriu ao sentir o aroma delicioso, e perguntou:

– O que significa isto, avó?

Então a idosa explicou que os três produtos haviam enfrentado a mesma adversidade: água a ferver. E cada um reagira de forma diferente. A cenoura era forte, firme e inflexível. No entanto, após ter sido submetida à água fervente, amoleceu e ficou frágil. Os ovos eram frágeis: a sua casca fina protegia o líquido no interior, mas depois de colocados na água a ferver, o seu interior endureceu. No entanto, o pó de café foi o único que, depois de colocado na água, alterou a água.

– Qual destes elementos queres tu ser? Quando a adversidade bate à tua porta, como respondes? És uma cenoura, um ovo ou o café?

Como sou eu? Sou como a cenoura que parece forte, mas murcho com a dor e a adversidade? Fico frágil e perco a força? Sou como o ovo, que perante um problema me torno mais difícil, com o espírito e coração endurecidos? Ou eu sou como o pó de café, que quando a vida se complica consigo mudar o ambiente e melhorar as coisas à minha volta?

As pessoas mais felizes não têm necessariamente o melhor de tudo. Simplesmente tiram partido do que surge no seu caminho. Que todos nós possamos ser como o café!

Publicado por Fernando Félix Ferreira

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Quando o homem não admite a verdade sobre si próprio,

faz depender a sua glória da opinião alheia,

e quando é chamado afortunado, magnífico, poderoso,

acredita, não por o ser,

mas porque assim é dito.

S. Martinho de Dume

 

A minha vida é inimaginável sem a palavra. Um dia bom é um dia com uma boa conversa, uma boa conferência proferida ou escutada, a leitura dum bom livro ou um bom artigo para escrever. A maioria das minhas alegrias e tristezas estão ligadas à palavra.

Henri Nouwen


 

INFORMAÇÕES

 FESTA DE SÃO TIAGO MAIOR - RIBEIRA SECA

Tríduo: Dias 21, 22 e 23 de julho, eucaristia às 18h00.

               Confissões no dia 23 de julho, entre as 17h00 e as 18h00.

Dia 25 de julho - Missa de festa às 18h00.

 

ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

RIBEIRA SECA - 6ª feira, 23 de julho, das 17 às 18 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.


Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 1006

Agenda Pastoral

Destaque

Mais Recente Carta Familiar em PDF!

Nº 1149

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

Os nossos Links

Ouvidoria de São Jorge
FAJÃS Grupo de Jovens
Cartas Familiares Anteriores

Visitas


Ver Estatísticas