nº 1000

 

O coração é uma ferida sempre aberta

Não há nada que não possa magoar um coração. A sua sensibilidade deriva de uma capacidade de decisão única e extraordinária de não se deixar endurecer apesar do que sofre.

Muitas pessoas afastam-se do seu próprio coração. Tentam ser outras que não elas, mas o que resulta é que acabam por criar algo pior…

A nossa identidade depende muito da forma mais ou menos irracional como lidamos com o mundo, mais do que das nossas ideias claras e da lógica do que julgamos ser.

O coração é simples: ou se alegra e sorri ou, entristecido, sofre. Algumas vezes fica em paz, mas nunca por muito tempo, porque não gosta de estar vazio e quer experimentar cada coisa, seja ela real, possível ou impossível. Aliás, estas distinções não fazem sentido do seu ponto de vista.

No coração cabe o infinito e a eternidade, dimensões inacessíveis à razão humana. É capaz do céu e do inferno, como se fosse uma escada que vai desde o fundo do poço até ao mais alto dos céus.

Amar é um ato de coragem suprema, porque implica abrir os braços para abraçar e ser abraçado, mas, quando assim alguém se dá, abre-se a ser trespassado por algum punhal que o outro traga escondido.

O milagre que é também um mistério é que não se pode matar um coração. Pode sofrer, mas morrer não. Talvez porque não há mal maior do que o bem. Talvez porque, de certa maneira, sofrer traga algum bem que não faça sentido à razão…

Se já sentes os dias todos iguais e há em ti uma grande indiferença face a tudo o que te rodeia, então é tempo de te retirares e cuidares do teu coração danificado. Muitas vezes, ele desliga quando teimamos em não o escutar ou em fazer o que o faz sofrer.

Não devo ser escravo do meu coração, mas também de nada me vale tentar dominá-lo. A felicidade nasce da paz. Só serei feliz se estiver em paz com o meu coração.

Que nunca o teu coração deixe de ser um castelo onde há espaço para tudo, onde a porta está aberta, tanto para acolher todo o bem como para expulsar todo o mal.

 José Luís Nunes Martins

 

MEDITAR

ONDE ESTÁS?

«Adão, onde está?» Mais uma vez, Deus à procura do homem e, com uma simples pergunta, não com uma acusação: «Adão, onde estás?». Coloquemos por um momento o nosso nome pessoal no lugar do de Adão. Adão sou eu, sou aquele que Deus procura, eu, com a mesma falta de fiabilidade infantil. Esconder-se. Mas onde nos poderemos esconder de Deus? Que sentido tem isso? E entendemos algo acerca do pecado, meditando, precisamente, sobre as suas consequências tão claras, tão tristes, neste relato: Adão esconde-se de Deus. A relação com Deus foi alterada: passou da comunhão confiante à separação e à fuga. Medo de Deus, vida reduzida a metade.

Uma segunda relação é adulterada pelo pecado: a relação entre homem e mulher. Diz Adão: «A mulher que me deste por companheira deu-me do fruto da árvore.» Adão atribui a culpa a Eva e ao próprio Deus. Àquilo que fora um canto solidário - «finalmente és carne da minha carne» -sucedeu-se o conflito e a competição, uma história de antagonismos. E com uma terceira consequência. Diz Adão. « Tive medo porque estou nu.» O homem não está contente consigo, está nu, é pobre, sem beleza, privado de harmonia, cheio de medo. Não pede ajuda para crescer, pede um canto onde se possa esconder para levar uma vida a meias. Atua  em nome do medo, não do desejo de vida. Então, este relato é para nós, complexados, para nós, que agimos por medo: eu sou Adão, amado e acusador, eu sou Adão, medroso e agressivo, que tem medo de si sepultado na fuga, numa espécie de suicídio antecipado.

Violento contra o outro. A culpa é sempre dos outros, parte sempre de fora de mim. Ele é violento contra o próprio Deus: Tu é que me deste a mulher! Medo e violência. E a vida está noutro lugar. Percebemos assim que os mandamentos não foram dados para que a vida cresça. Cada pecado o é porque mortifica a vida. O pecado é aquilo que deu morte a Jesus Cristo, Filho de Deus, é aquilo que hoje continua a dar morte aos filhos de Deus. O pecado é o grande divisor, o grande separador. E não existe isolamento do qual não brote o medo. E não há medo sem que dele brote a violência. São estes os frutos pelos quais devemos reconhecer o pecado.

Esta divisão original é retomada por Jesus no Evangelho : «Aquilo que está dividido contra si mesmo não se pode aguentar.» Pecado como desagregação da vida, como fragmentação da existência. «Saíram os seus familiares  a ter mão nele porque diziam: “ Está fora de si.”» Isso também me sucede a mim, também nos sucede  a nós, quando, frente ao Evangelho, frente a palavras demasiado elevadas, frente ao «caminho estreito», dizemos: não é possível, vai contra o bom senso, isto não é realista.

Jesus é considerado louco, e nós não percebemos que isso é um cumprimento: Ele foi tocado por aquela loucura que brota de um amor alheio à terra, por um amor que vem de outro lugar, estranho ao nosso ritmo. E as outras palavras intensas: «Quem é minha Mãe e meus irmãos? Minha Mãe é quem faz a vontade de Deus» parecem-nos, de facto, palavras estranhas, contudo, se nos deixarmos conduzir, com Cristo caminharemos não para a desagregação da família, mas para uma família maior na ordem do espírito, que ultrapassa a carne e o sangue, pelo que também se pode dizer fora dos limites da própria família: tu és meu pai, tu és meu irmão, tu és minha irmã. Jesus afirma que há algo mais importante do que os laços de sangue: frase duríssima naquele tempo, e duríssima hoje.

Ermes Ronchi e Marina Marcolini (adaptado)

 

O (teu) amor muda o mundo

Há alguém, algures por aí, à espera do seu lugar. O seu lugar-mais-amor do mundo. Onde (de)morar sem datas de validade. És tu. O teu abraço é o melhor lugar do mundo para alguém. 

Há alguém, algures por aí, à espera de quem lhe cative o coração. De quem o abrace. Para sempre. És tu. O teu sorriso abraça corações. 

Há alguém, algures por aí, à espera de um porto de abrigo. Que sossegue tempestades e medos. Onde descansar do mundo. És tu. As tuas mãos são o abrigo de alguém. 

Há alguém, algures por aí, à espera de um gesto que abrace tudo. Que cure o que se parte. Que cure o que dói. És tu. O teu abraço cura. 

Há alguém, algures por aí, à espera de quem lhe sinta o coração. De quem lhe abrace a alma. Como quem respira amor. És tu. O teu sorriso é em forma de amor. 

Há alguém, algures por aí, de olhos perdidos no vazio. À espera de quem os olhe por dentro. De quem os faça brilhar. És tu. Os teus olhos sorriem e fazem sorrir. 

Há alguém, algures por aí, à espera de um milagre. Que salve do abismo. Que salve de tudo. És tu. O teu abraço salva. 

Há alguém, algures por aí, à espera de quem lhe mude o dia. De quem lhe mude a vida. E o coração. És tu. O teu sorriso é a melhor parte do dia de alguém. 

Há alguém, algures por aí, à espera de quem fique ali. Ao seu lado e do lado de dentro. Como quem segura. Como quem guarda. És tu. As tuas mãos foram feitas para abraçar outras mãos. 

Há alguém, algures por aí, à espera de um sorriso em forma de abraço. De um sorriso tatuado no coração. És tu. O teu abraço faz corações sorrir. 

És tanto. Mais do que sabes.

Há sempre alguém, algures por aí, a quem tu mudas o mundo. Mesmo sem saberes. Quando abraças. Quando sorris. Quando abraças mãos. Quando olhas. Quando vives, quando és, com amor. Quando amas. O (teu) amor muda o mundo. Sabes?

Em quantos corações já tatuaste um sorriso?

Daniela Barreira

 PENSAMENTO DA SEMANA

 

ABERTURA DE CORAÇÃO

 

«O coração é o nosso sol, 

o nosso pequeno sol pessoal. 

Graças ao coração, 

damos luz e calor a quem nos rodeia. 

Graças ao coração, 

a nossa vida está cheia de alegria e de partilha. 

 

A abertura do coração

é o único antídoto real contra a barbarização da nossa época. 

É esse o grande caminho a percorrer 

para que o futuro não seja um tempo de desolação, 

mas de construção e esperança.»

Susanna Tamaro, in Querida Mathilda


 

INFORMAÇÕES

ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Manadas - quinta-feira, 10 de junho, das 10 às 11 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

Ribeira Seca - sexta-feira, 11 de junho, das 17 às 18 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

 

FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS - RIBEIRA SECA

Tríduo preparatório - 10, 11 e 12 de junho, Eucaristia às 18horas.

Confissões - quinta feira, 10 de junho, entre as 17 e as 18 horas, para as famílias da Primeira Comunhão e Profissão de Fé.

                       - sexta feira, 11 de junho, entre as 17 e 18 horas, para a restante comunidade.

MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA

No próximo domingo, 13 de junho, às 15h30 horas.


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Nº 1162

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

 "O homem de hoje pensa alcançar a liberdade dominando.

Realiza-se quanto mais pode dominar os outros.

O conceito de "serviço" está distante.

Não sabemos lavar os pés.

Só sabemos polir sapatos, para chegar ao poder."

Dom Tonino Bello, Bispo do Povo

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