Nº 973

 

Advento

Advento, tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias, todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o mistério apaixonante da Vida que em Jesus de Nazaré principiou.

Advento, tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis como "nascimento", "criança", "rebento".

Advento, tempo de escutar a esperança dos profetas de todos os tempos: Isaías e Bento XVI; Miqueias e Teresa de Calcutá.

Advento, tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a vida, mais do que distribuir embrulhos.

Advento, tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para que o amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos para escrever num cartão.

Advento, tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: acender uma vela; sorrir a um anjo; dizer o quanto precisamos dos outros, sem vergonha de parecermos piegas.

Advento, tempo de se perguntar: "há quantos anos, há quantos longos meses desisti de renascer?"

Advento, tempo de rezarmos à maneira de um regato que, em vez de correr, escorre limpidamente.

Advento, tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão, das dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.

Advento, tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos devolveu o rosto de Deus.

 Pe. José Tolentino Mendonça

 

MEDITAR

O risco de adormecer mesmo quando se anda apressado

Primeiro domingo do Advento: recomeça o ciclo do ano litúrgico como um estremecimento, um clarão de futuro dentro do ciclo lento dos dias sempre iguais. A recordar-nos que a realidade não é só isto que se vê, mas que o segredo da nossa vida está além de nós. Alguma coisa está a mover-se, alguém está a caminho e à nossa volta «o céu prepara oásis aos nómadas de amor» (Ungaretti). Entretanto na Terra tudo está na expetativa, «também o trigo espera, também a pedra espera» (Turoldo), mas a expetativa nunca é egocêntrica, não se aguarda a bem-aventurança do singular, mas novos Céus e nova Terra, Deus tudo em todos, a vida que floresce em todas as suas formas.

«Quem dera que rasgasses os céus e descesses» (Isaías 63, 19). Espera de Deus, de um Jesus que é Deus caído na Terra como um beijo (B. Calati). Como uma carícia sobre a Terra e sobre o coração. O tempo que começa ensina-nos o que nos cabe fazer: ir ao encontro. O Evangelho mostra-nos como fazê-lo: com duas palavras que abrem e fecham o trecho, como dois parêntesis: acautelai-vos e vigiai.

Um proprietário parte e deixa tudo nas mãos dos seus servos, a cada um a sua tarefa. Uma constante de muitas parábolas, uma história que Jesus conta muitas vezes, narrando um Deus que coloca o mundo nas nossas mãos, que confia todas as suas criaturas à inteligência fiel e à ternura combativa do homem. Deus põe-se de lado, fia-se do homem, confia-lhe o mundo. O homem, por seu lado, é investido de uma enorme responsabilidade. Já não podemos delegar nada a Deus porque Deus delegou-nos tudo.

Acautelai-vos, tende atenção. A atenção, primeira atitude indispensável para uma vida não superficial, significa-se colocar-se em modo “acordado” e ao mesmo tempo “sonhador” diante da realidade. Nós pisamos tesouros e não nos apercebemos, caminhamos sobre jóias e não nos damos conta. Viver atentos: atentos à Palavra e ao grito dos pobres, atentos ao mundo, ao nosso planeta bárbaro e magnífico, às suas criaturas mais pequenas e indispensáveis: a água, o ar, as plantas. Atentos ao que acontece no coração e no pequeno espaço de realidade em que me movo.

Vigiai, com os olhos bem abertos. O vigiar é como olhar em frente, um escrutinar a noite, o espiar o lento emergir da aurora, porque o presente não basta a ninguém. Vigiar tudo o que nasce, os primeiros passos da paz, a respiração da luz, os primeiros vagidos da vida e dos seus rebentos. O Evangelho entrega-nos uma vocação ao despertar: que não chegue aquele que se espera encontrando-nos adormecidos. O risco do dia a dia é uma vida adormecida, que não sabe ver a existência como uma mãe à espera, prenhe de Deus, grávida de luz e de futuro. 

 Ermes

Oração a Nossa Senhora do Advento

 

Nossa Senhora do Advento

Mãe de todas as nossas expectativas

Tu que sentiste a Esperança do teu povo,

A Salvação de Deus,

Assumir carne no teu seio,

Sustém as nossas maternidades e paternidades,

Carnais e espirituais.

 

Mãe de todas as nossas esperanças,

Tu que acolheste o poder do Espírito

Para dar corpo às promessas de Deus,

Conceda-nos encarnar o Amor,

Sinal do Reino de Deus,

Em todas as ações da nossa vida.

 

Nossa Senhora do Advento,

Mãe da nossa vigilância,

Tu que deste um rosto ao nosso futuro,

Fortifica os que dão à luz, com dor,

Um mundo novo de justiça e de paz.

 

Tu, que contemplaste o Filho em Belém,

Faz-nos atentos aos sinais imprevisíveis

Da ternura de Deus.

 

Nossa Senhora do Advento

Mãe do Crucificado,

Estende a tua mão para aqueles que morrem

a acompanha o seu novo nascimento

Nos braços do Pai.

 

Nossa Senhora do Advento, ícone pascal,

Concede-nos essa alegre vigilância que discerne,

No tecer da vida quotidiana,

Na passagem e na vinda de Cristo, o Senhor.

Pe Michel Hubaut, ofm

 PENSAMENTO DA SEMANA

 CONFIAR

Confiar é ter paz, apesar das estações.

Confiar é não lançar ao mar seus princípios, ainda que a tempestade esteja a naufragá-lo.

Confiar é perceber a supremacia do amor, no alarde de todos os fracassos. 

Confiar é ter liberdade para confessar-se desconfiado de um Pai que acolhe como se nada soubesse.

Confiar é perceber que as setas da verdade vem para dentro daquele que a busca, não serve como arma contra os outros, muito menos como bordão para os militantes da boa moral.

Confiar é maior. Confiar é um campo. Um alargamento. Um lugar para estar, é ar, grandeza, liberdade. Confiar é consciência. Confiar é temer, chorar, perder, deixar de ser.

Confiar é permanecer nas tentativas de apreender o que é invisível aos olhos abertos, mas tão real para quem enxerga claro com os olhos fechados.

Francieli Battiston


 

INFORMAÇÕES

 

FESTA DE SANTA BÁRBARA MANADAS

Dia 4 de dezembro - sexta feira, das 17 às 18 horas, adoração do Santíssimo Sacramento e confissões,  seguidas de missa em louvor de Santa Bárbara.

 

Domingo dia 6 de dezembro - EUCARISTIA DE FESTA às 12 horas seguida arrematações.


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Agenda Pastoral

Destaque

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Nº 1145

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.

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