Nº 968

 

A grande dança

Ensina-nos, Senhor, a visão completa da vida.

Que não cessemos de saudar a cada dia o seu milagre assombroso e de o receber com coração humilde e consciente.

Que não cessemos de permanecer fascinados pela prodigiosa rede de amor que sustém o mundo: quanta prontidão, quanta resiliência, quanto dom, quanta esperança se ocultam invencíveis em gestos que se diriam frágeis, ou em contributos que apressadamente julgámos insuficientes.

Faz com que não nos tornemos profissionais da lamentação e do desânimo, mas testemunhas apaixonadas e poetas do real, que a cada instante se faz mais puro.

Que o isolamento do corpo nunca signifique isolamento da alma, mas o contrário: que se agigante, a alma, revelando a sua condição de transparência e de bondade, porque é por isso que Tu nos criaste.

Que não choremos apenas os abraços não dados, mas saibamos agradecer por todos aqueles que trocámos, cujo sentido e promessa esquecemos na distração dos dias.

Que não permaneçamos apenas a ruminar nos nossos passeios no bosque sempre adiados, ignorando que os bosques são encantadores mesmo quando ninguém os vê.

Por isso, pedimos-te que a nossa vida se assemelhe à sala de ensaios de uma companhia onde pacientemente se preparam os passos para o início da grande dança.

 

Card. José Tolentino Mendonça

 

MEDITAR

Amar é preciso

O grande mandamento, «amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente», resume-se num verbo: amarás. Um verbo no futuro, a indicar uma ação nunca concluída, que durará tanto quanto o tempo.

Amar não é um dever, mas uma necessidade para viver. E viver sempre. Com estas palavras podemos lançar um olhar sobre a fé última de Jesus: Ele crê no amor, confia no amor, funda o mundo sobre ele. «Toda a lei é precedida por um “és amado” e seguida por “amarás”. “És amado” é a fundação da lei; “amarás”, o seu cumprimento. Quem afasta a lei deste fundamento amará o contrário da vida» (Paul Beauchamp). Amará a morte.

Que devo fazer para ser verdadeiramente vivo? Amarás. Com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente (cf. Mateus 22,34-40, Evangelho do próximo domingo). Apelo à totalidade, para nós inalcançável. Só Deus ama com todo o coração, Ele que é o próprio amor.

A criatura humana ama de vez em quanto, como às apalpadelas, e com mil contradições. A Bíblia sabe-o bem; com efeito, o texto hebraico, à letra, diria assim: amarás Deus com todos os teus corações. Ama Deus com os teus dois corações, com o coração que acredita, e também com o coração que duvida. Ama-o nos dias da luz, e como podes, como consegues, também na hora em que se faz escuro dentro de ti. Sabendo que o amor conhece também o sofrimento. E quem mais ama, prepare-se para sofrer mais (Santo Agostinho).

À pergunta sobre qual é o grande mandamento, Jesus responde oferecendo três objetos de amor: Deus, o próximo e tu próprio. O amor não vigia só nas fronteiras do eterno, mas protege também o umbral de uma civilização do amor; nela, repleta de criaturas, está o discípulo.

O segundo é semelhante ao primeiro. Amar o ser humano é semelhante a amar Deus. O próximo é semelhante a Deus. O próximo tem rosto e voz, necessidade de amar e de ser amado, semelhantes às de Deus.

Terceiro objeto do amor: ama-o como a ti mesmo. Ama-te como prodígio da mão de Deus, vida da sua Vida, moeda de ouro cunhada por Ele. Ama para ti liberdade e justiça, dignidade e uma carícia, isto amarás também para o teu próximo.

Prodigiosa contração de toda a lei: o que desejas para ti, fá-lo também aos outros. Porque se não amas a beleza da tua vida, não serás capaz de amar ninguém, só saberás prender e acumular, fugir ou violar, sem alegria nem espanto, sem beleza do viver.

E para não nos perdermos no romantismo, a Bíblia faz-se concreta e provocadora: amarás a tríade sagrada: a viúva, o órfão e o estrangeiro, o que chegou por último, o desolado, o frágil. E se emprestas dinheiro, não exigirás juro. E ao pôr-do-sol restituirás o manto ao pobre: é a sua pele, a sua vida . Fora disto, construiremos e amaremos o contrário da vida.

 Ermes Ronchi

 

Senhor da (in)certeza

Talvez o mundo, Senhor,

Precise de olhar para Ti com melhor e maior confiança.

Nos caminhos que percorremos,

banhados pela incerteza,

resta-nos – como sendo tanto e sendo tudo - o Teu olhar de Pai que sustenta.

 

Talvez o teu silêncio,

Seja a forma de nos dizeres de uma presença absoluta e eterna.

E, ainda assim, uma presença que liberta e nos respeita.

 

As nossas geografias interiores pedem-nos sossego. Calma.

Ainda assim, Senhor,

teimamos em buscar as respostas que só Tu nos dás

à mesa de negociações e boletins sem fim.

Ajeitamos agendas, num frenesim de quem ainda não aprendeu que O único a controlar és Tu.

E que ainda assim, te demites do papel de controlar para assumires o Amor.

 

O ruído que paira no mundo ensurdece a limpidez da Tua Palavra.

Só essa, em verdade, é Vida!

 

A Ti, que desde a criação nos olhas com ternura,

A Ti, que em cada dia renovas o compromisso com cada ser humano,

A Ti, que acolhes e Te revestes dos nossos pedidos, mais que das nossas gratidões:

faz-nos acreditar que o Amor é a única via da certeza.

 

Cristina Duarte

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Se tu rezas muitos terços por dia, mas depois comentas mexericos sobre os outros e tens rancor dentro de ti, tens ódio contra os outros, isso é artifício puro, não é verdade, não é consistente.

Enquanto «centro da vida», a oração «pode começar na penumbra da nave da igreja, mas depois termina o seu curso nas ruas da cidade», abrange, inclusive, «os inimigos», e, «vice-versa, pode brotar durante as ocupações quotidianas e encontrar cumprimento na liturgia».

Papa Francisco


 

INFORMAÇÕES

VISITA DO PÁROCO AOS DOENTES

Ribeira Seca - terça-feira a partir das 10 horas.

Portal - quarta-feira a partir das 10 horas.

Manadas - sexta-feira a partir das 10 horas.


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Nº 1148

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

A alegria e a surpresa andam de mãos dadas.

Isso revela-se sempre que conseguimos reagir com criatividade

às coisas inesperadas que fazem mudar

os nossos planos e, mesmo assim,

sentimos que tudo continua bem.


Por vezes, a alegria surpreende-nos.
Apanha-nos totalmente desprevenidos.
O importante é deixarmos que ela tome
conta de nós e continuarmos recetivos
à surpresa divina.

Anselm Grün, in Em cada dia... um caminho para a felicidade

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