Nº 925

 

SE A VIRES, DIZ-LHE

«Era uma vez uma telha que se achava inútil e andava sempre triste por causa disso. Via-se assim, igual a todas as outras, alaranjada, imóvel... Enfim, inútil!

Então, chegou um dia em que ela quis tornar-se útil: decidiu "fazer-se à vida" sonhando com um telhado qualquer em que ela pudesse ser mesmo imprescindível!

Pegou nas trouxas que as telhas levam quando se "fazem à vida" e partiu, deixando lá no silencioso ("inútil!", dizia ela...) e alaranjado telhado o seu lugar.

Quando chegou o inverno, quem vivia lá em casa teve que se ir embora, porque era insuportável aguentar a chuva e as correntes de ar. Os quadros nas paredes, um a um, caíram todos, as paredes escureceram, os móveis apodreceram, o telhado começou todo a ceder e foi caindo.

Passado algum tempo, toda a casa estava no chão e enchia de um silêncio triste todos aqueles que passavam.

Entretanto, a telha continuava à procura do seu sonho.

Um dia havia de tornar-se útil e imprescindível para alguém em qualquer lado…

Dizia a si própria muitas vezes no seu íntimo: "Só tenho que estar atenta para não deixar passar a oportunidade certa..."

É que as telhas às vezes são muito distraídas.

Soube há uns dias que ainda anda à procura. Oxalá encontre!

Se a encontrares por aí, diz-lhe que eu já aprendi que ninguém é feliz sozinho! Só somos "inteiros" quando somos Comunhão. Entre as pessoas, pelo menos, é assim: uma pessoa que se reduz a si própria, não chega a ser ela própria! Viver Humanamente é ConViver Amorosamente!

Ah! E diz-lhe também que não procure ser importante "para" ninguém... o que conta de verdade é ser importante "com" alguém, porque é na Comunhão que recebemos e realizamos o máximo das nossas possibilidades!

Diz-lhe. Pode ser que te escute...»

Rui Santiago cssr, in Derrotar Montanhas

 

MEDITAR

 

Uma carta que podia ser de muitas crianças

 

Olá mãe. Olá pai. Estou a escrever-vos porque não vos consigo encontrar. Ontem não te vi, pai, estás em Munique há uma semana. Não sei muito bem o que fazes aí, mas sei que estás a trabalhar. Às vezes, lá na escola, os meus amigos perguntam-me o que é que tu e a mãe fazem. Eu respondo que só sei que vocês trabalham. E muito. Recebi o teste de Estudo do Meio. Tive satisfaz. Fiz o teste de Matemática e não correu nada bem. Mas também não faz mal, pois não? Vocês estão sempre a dizer que as notas não são assim tão importantes desde que eu esteja bem e feliz.

 

Mãe, para a semana temos que levar um bolo assustador. É o Halloween e João Pedro já me disse que a mãe dele ia fazer um bolo de chocolate com aranhas por cima. E comestíveis. Ajudas-me a fazer um qualquer? Depois podíamos decorar com aquelas gomas esquisitas que parecem dedos!!

 

Outra coisa, no fim de semana tenho a festa da Margarida. Vai a minha turma toda e eu também gostava de ir. Temos que ligar à mãe dela a confirmar. E tem que ser até amanhã.

 

Hoje estou um bocado preocupado com um amigo meu. Há uns miúdos que lhe batem e lhe tiram as coisas da mochila. Estão sempre a chateá-lo. Hoje dei um pontapé a cada um deles porque já estava farto de os ver a fazer tanta coisa estúpida. Há um pequeno problema… no meio daqueles pontapés todos (bem, não foram assim tantos) o António partiu os óculos e disse que agora a minha mãe e o meu pai é que iam pagar…também tenho aqui um recado da minha professora que diz que o meu comportamento não pode continuar assim. Não percebo isto. Eu estava a ajudar o Vasco. Ele não tem coragem de dar pontapés a ninguém… Dei eu! Fiz bem, não fiz, mãe? O que achas pai?

 

Agora que penso melhor nisso, talvez não tenha resolvido as coisas da melhor maneira. Agora já está.

 

Mãe, amanhã é quinta-feira. Prometeste que era amanhã que me lias aquela história dos monstros que invadem a escola. Mas não podes estar a mexer no telemóvel nem no tablet enquanto fazes isso. Assim não conta!

 

Pai, tens que me ensinar a rematar bem à baliza. Nunca consigo fazer isso bem e, por causa disso, não me deixam jogar. Estou farto da escola. Gostava mesmo de não ter que vos escrever esta carta. Mas o que interessa é que vocês estão a tentar construir o meu futuro, não é?

 

Só ainda não percebi uma coisa. Se ainda falta tanto para o futuro porque é que não podemos jantar todos juntos hoje?

 

Bem, tenho que ir. A avó está a chamar para jantar. Até amanhã pai! Até amanhã, mãe!

 Esta carta é ficção. Mas podia não ser.

Marta Arrais

 

CONHEÇO BARCOS

Conheço barcos que ficam no porto
com medo de que as correntes os arrastem violentamente.
Conheço barcos que enferrujam no porto
para não arriscarem nunca uma vela ao largo.

 

Conheço barcos que se esquecem de zarpar.
Têm medo do mar por estarem a envelhecer;
E as vagas nunca os separaram.
A sua viagem terminou antes de começar.

 

Conheço barcos tão amarrados
que desaprenderam de se olhar.
Conheço barcos que ficam a marulhar
para estarem realmente seguros de jamais se deixar.

 

Conheço barcos que vão, aos pares,
afrontar o temporal quando o furacão está sobre eles.
Conheço barcos que se arranham um pouco
nas rotas oceânicas aonde os levam os seus manejos.

 

Conheço barcos que regressam ao porto,
todos amassados, mas mais dignos e mais fortes.
Conheço barcos estranhamente iguais
quando partilharam anos e anos de sol.

 

Conheço barcos que transbordam de amor
quando navegaram até ao seu último dia,
sem nunca recolher suas asas de gigantes,
porque têm o coração à medida do oceano.

Marie-Annick Rétif

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 A oração faz desaparecer a distância entre o homem e Deus.

Padre Pio


 

INFORMAÇÕES

 RECENSEAMENTO AGRÍCOLA 2019

Os agricultores serão contactados por um entrevistador, a quem deverão responder a algumas perguntas relativas à sua exploração agrícola a fim de se obter um conhecimento deste sector na Região e em todo o território nacional.

Este é importante porque a partir dele se deverá tomar medidas adequadas ao sector agrícola, bem como, negociar com a Comunidade Económica Europeia os apoios necessário para o desenvolvimento da Região e de todo o Território Português.

 


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

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