Nº 891
Felizes os que se entregam ao amor
Quando julgamos que a nossa vida depende apenas de nós, passamos o tempo inquietos, sempre a correr, lutar ou fugir. Uma angústia permanente disfarçada de corrida contra o tempo, em que estamos condenados a perder sempre. Não só porque são muitas as condições que nos ultrapassam por completo, mas também porque o tempo tem sempre mais tempo e nós… não.
Quantas das nossas dores foram criadas pela nossa própria agitação?
Quando conseguimos integrar em nós que a nossa vida depende pouco de nós, pouco dos outros e muito do céu, então os nossos dias e noites enchem-se de paz. Podemos descansar e restaurar o mais belo, profundo e essencial do que somos: amar e ser amados.
Amar é dar-se, nas forças e talentos, aos outros, mas também numa entrega de nós mesmos ao outro, a fim de que nos deixemos amar, renunciando ao eu e confiando-nos ao que não somos mas nos quer bem.
Não basta amar, é essencial que aquele que amamos se sinta amado.
O amor por duas pessoas diferentes não é igual, pois deve ter no centro o outro e as suas necessidades particulares. Quando alguém nos ama, pensa em nós mais do que em si.
Há muito quem julgue amar quando, em busca de aplausos, aparece a querer cuidar dos outros como lhe parece bem e não como eles precisam. Na verdade, não ama. É carente e mendiga a felicidade sem sequer ter disso consciência. A sua fraqueza não é a sua fragilidade, mas o facto de não a reconhecer.
Felizes os que esperam, os que deitam fora muitas coisas suas, a fim de que haja espaço para o mais importante… o amor, o outro, o céu…
É bem possível que pertenças a alguém que ainda não conheças. Importa encontrar o caminho até ele e, passo a passo, amá-lo e deixar-se amar por ele.
Ser uma só alma.
GENTE COM ALMA
SÃO JOÃO MARIA VIANNEY (1786 – 1859)
Na sequência do “Encontro sobre a Proteção de Menores na Igreja”, que decorreu no Vaticano entre 21 e 24 de Fevereiro, reunindo junto do Papa Francisco os responsáveis pelas conferências episcopais de todo o mundo, assistimos a uma avalancha de críticas e de julgamentos sumários, repletos de preconceito e malvadez. Nos meios de comunicação, nas redes sociais e nas nossas praças públicas – os ministros da Igreja iam sendo tratados como se pertencessem a um bando de malfeitores.
E – porque não somos todos farinha do mesmo saco – tomei a liberdade de trazer a este espaço a gloriosa memória de São João Maria Vianney, um Padre que se dedicou totalmente ao serviço do seu povo, seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor.
Veio ao mundo a 8 de Maio de 1786, em Dardilly na França e cresceu junto da sua humilde família. Desde muito jovem dedicou-se aos trabalhos agrícolas, para que o pão-nosso de cada dia pudesse chegar àquela generosa mesa!
Ainda João Maria era criança e já sonhava em ser Padre! Todavia o ambiente anti-clerical da Revolução Francesa e a sua pouca aptidão para os estudos, fizerem com o seu percurso rumo ao sacerdócio fosse deveras atribulado.
Mas – como para Deus nada é impossível – a 13 de Agosto de 1815, João Maria Vianney recebeu a ordenação sacerdotal e foi nomeado cura de Ars – uma aldeia rural onde viviam cerca de 400 pessoas.
Vai dedicar-se a formar na Escola do Evangelho a comunidade cristã a ele confiada. Para a além das homilias próprias da Missa, o Padre João Maria fazia em cada dia a Catequese das 11 horas – com uma linguagem simples e afável este pastor com cheiro a ovelha vai conduzir o rebanho de Deus às nascentes de água viva.
São João Maria Vianney vai ainda distinguir-se na unção espiritual com que celebrava os sacramentos – à Missa diária acorriam muitos peregrinos e o seu confessionário era a meta desejada de uma multidão incontável de fiéis. Os seus biógrafos registam que o Padre João Maria confessava durante 16 horas por dia!
Mas a missão apostólica do nosso santo não se limitava ao interior do templo – com o apoio de algumas famílias de Ars vai fundar a Providência para promover a educação dos mais jovens.
São João Maria Vianney veio a falecer a 4 de Agosto de 1859. O Papa Pio XI canonizou o Cura de Ars a 31 de Maio de 1925.
Padre Alexandre Medeiros
MEDITAR
Não te atormentes!
Guarda-te de julgar.
Priva-te do pessimismo e das mordidas nos calcanhares alheios.
Guarda-te de sentir que sabes o que vai do lado de lá da barricada de cada pessoa.
Priva-te dos sobrolhos franzidos e dos assuntos que mastigam raivas de estimação.
Guarda-te dos olhares reprovadores e das opiniões de quem não seria capaz de fazer melhor.
Priva-te de devolver na medida do que receberes. Se receberes críticas que não te constroem ou reparos que não (te) acrescentam sabedoria, não digas nada. Esconde o silêncio atrás do teu melhor sorriso.
Guarda-te de fazer como te fizeram a ti.
Priva-te das lamúrias e das queixinhas ruminantes e cortadoras de voos altos.
Guarda-te de achar que sabes tudo.
Priva-te da arrogância de quem já viveu o suficiente para saber como esta ou aquela história acabam.
Esconde-te das vinganças pequeninas e inofensivas.
Priva-te das enumerações de certezas. Convence-te: cada um tem as suas e quase nunca correspondem.
Esconde-te de quem teima em colocar-te os pés em cima em vez de te dar as mãos.
Guarda-te de ir atrás do rebanho. Priva-te do fazer o que todos fazem.
Não te atormentes com tragédias pintadas por quem não conhece histórias bonitas.
Guarda-te de responder a quem te fez mal.
Priva-te do sofrimento desnecessário e das preocupações que não te dizem respeito.
Esconde-te de quem não te deixa ver que ainda há muito mais para descobrir.
Guarda-te.
Esconde-te.
Priva-te.
Guarda o que te faz bem.
Grita como quem canta.
Fala como quem reza.
Olha como quem abraça.
Avança como quem sabe que, por maior que seja o muro, do lado de lá há sempre luz.
PENSAMENTO DA SEMANA
A alegria é um pássaro que só vem quando quer. Ela é livre.
O máximo que podemos fazer é quebrar todas as gaiolas e cantar uma canção de amor, na esperança de que ela nos ouça.
Oração é o nome que se dá a esta canção para invocar a alegria.
Rubem Alves
INFORMAÇÕES
ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
MANADAS - 5ª feira, 7 de março, das 10 horas às 11 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.
RIBEIRA SECA - 6ª feira, 8 de março, das 17 horas às 18 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.
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Nº 1170Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
“ENSINAR É AMAR”
"Ser professor é dar-se (...) Tens muito que fazer? – Não; tenho muito que amar. Não entendo ser professor de outra maneira. (...)
Para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar em flores. A toda a hora a Poesia nos visita. O aluno acredita em nós e não deve acreditar em vão. Impõe-se-nos que mereçamos, com a nossa, a pureza dos nossos alunos; que a nossa alimente a deles, a mantenha. (...)
Sejamos a lição em pessoa – que é isso mais importante e mais eficaz que sermos o papel onde a lição está escrita; e possamos dizer sem constrangimento: Deixai-as vir a mim, as criancinhas…”
Sebastião da Gama, in Diário
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