Nº 851
A intimidade de Deus
Se por um impossível a Igreja dissesse um dia que Deus não é Trindade, mudaria em algo a existência de muitos crentes? Provavelmente não. Por isso fica-se surpreendido ante esta confissão do P. Varillon: «Penso que, se Deus não fosse Trindade, eu seria provavelmente ateu [...] Em qualquer caso, se Deus não é Trindade, eu não compreendo já absolutamente nada».
A imensa maioria dos cristãos não sabe que ao adorar a Deus como Trindade estamos confessando que Deus, na Sua intimidade mais profunda, é só amor, acolhimento, ternura. Esta é talvez a conversão que mais necessitam não poucos cristãos: o passo progressivo de um Deus considerado como Poder a um Deus adorado com grande alegria como Amor.
Deus não é um ser «onipotente e eterno» qualquer. Um ser poderoso pode ser um déspota, um tirano destruidor, um ditador arbitrário: uma ameaça para a nossa pequena e débil liberdade. Poderíamos confiar num Deus de quem só soubéssemos que é onipotente? É muito difícil abandonar-se a alguém infinitamente poderoso. Parece mais fácil desconfiar, ser cauto e salvaguardar a nossa independência.
Mas Deus é Trindade, é um mistério de Amor. E a Sua onipotência é a onipotência de quem só é amor, ternura insondável e infinita. É o amor de Deus que é onipotente. Deus não pode tudo. Deus não pode senão o que pode o amor infinito. E sempre que o esquecemos e saímos da esfera do amor fabricamos um Deus falso, uma espécie de ídolo estranho que não existe.
Quando não descobrimos ainda que Deus é só Amor, facilmente nos relacionamos com Ele a partir de interesse próprio ou do medo. Um interesse que nos move a utilizar a Sua onipotência para nosso proveito. Ou um medo que nos leva a procurar toda a classe de meios para nos defendermos do Seu poder ameaçador. Mas esta religião feita de interesse e de medos está mais próxima da magia que da verdadeira fé cristã.
Só quando se intui a partir da fé que Deus é só Amor e se descobre fascinado que não pode ser outra coisa senão Amor presente e palpitante no mais fundo da nossa vida, começa a crescer livre no nosso coração a confiança num Deus Trindade de que o único que sabemos por Jesus é que não pode senão amar-nos.
DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Nas aulas de Educação Moral e Religiosa, quando eu perguntava que nome davam a Deus os Muçulmanos ou os Hebreus, os alunos, em geral, respondiam corretamente Alá e Javé. Mas sempre hesitavam ao apresentar o nome pelo qual nós católicos chamamos a Deus. Só quando eu fazia o sinal da cruz sobre mim mesmo é que se lembravam que do nome de Pai, Filho e Espírito Santo. Acho isto interessante porque afinal Deus é relação. Mais do que por definições, é pelos gestos e atitudes que percebemos quem é Deus.
A solenidade da Santíssima Trindade recorda-nos que Deus não é um ser solitário, perdido nos espaços infinitos. É um Deus comunitário, uma família divina, uma comunidade de vida e de amor. Deus é comunicação.
Uma vez perguntei:
– Quem quer dizer como se chama Deus?
Um aluno respondeu de imediato:
– Deus chama-se rezando.
Gostei da resposta que foi mais profunda do que esperava. Não referia o nome de Deus, como eu pretendia, mas a maneira de entrar em relação com Ele.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
Nunca desistas de ti
Nunca desistas dos sonhos que consegues sonhar,
dos sentimentos e emoções que te fazem acreditar,
do amor que te acalenta,
da esperança que te move e da fé que te sustenta.
Nunca desistas de tudo o que és e do que poderás vir a ser.
Não desistas do teu passado: ele é aprendizagem e superação;
nem do teu presente: ele é trampolim para um futuro onde Deus já está á tua espera.
Não desistas de acreditar naquilo que vive dentro de ti e que é fruto da graça e inspiração divina.
Não desistas dos momentos que guardas dentro do teu peito,
aqueles que só tu e Deus sabem o segredo de como os ultrapassar e celebrar.
Aqueles que só tu e Deus choram no silêncio.
Aqueles que te fazem ter a garra de querer um mundo mais inteiro,
porque mais humano e mais divino
Não desistas de ti, do que te move,
do que vês e queres melhorar.
Não desistas de ser melhor para ti e para o mundo.
Nunca desistas dos gestos de bondade, da aproximação com ternura,
da escuta que acolhe, do abraço que aconchega,
dos joelhos que se dobram confiantes em oração.
Nunca desistas de deixar pulsar o coração nem dos desafios: são eles que nos fazem mais fortes e nos dão a possibilidade de pôr a render todos os dons que de Deus recebemos.
Perseveremos, na certeza que de a vitória vem naqueles que acreditam e esperam no Senhor!
Nunca desistas dos sonhos que consegues sonhar!
Nunca desistas de ti!
Nunca desistas da vida!
Cristina Duarte
O AMOR É UM ORVALHO QUE FECUNDA...
“Por duas razões o Amor é chamado orvalho.
Primeiro, porque fecunda o nosso coração para nos abrirmos ao que é Bom.
Segundo, porque serena a nossa vida e acalma as nossas obsessões e os maus desejos.
Se queremos ser envolvidos por este orvalho que desce do céu, então aprendamos a arte da Meditação, ao menos um pedacinho todos os dias. Um quarto de hora basta, cada dia, para que o Amor realize em nós esta fecundidade e esta serenidade.
Quem diz que ama a Deus, mas não ama a Meditação, ou não sabe de Deus ou não sabe de Amor. O que vem a ser a mesma coisa!
A Meditação é como uma fonte no meio do jardim. Quem a tem, floresce; quem a não tem, seca.
Peçamos ao Espírito Santo que nos livre do tédio e da preguiça, os grandes inimigos do Amor e da Meditação, que acabam por secar a nossa vida.”
Alfonso de Liguori C. Ss.R.
CONTO (652)
O SALVADOR
Era uma vez uma menina órfã que vivia com a avó num segundo andar. Uma noite, houve fogo e a avó morreu. Os vizinhos chamaram os bombeiros. Entretanto, viram a menina na janela do primeiro andar a gritar por socorro.
De repente, apareceu um homem com uma escada. Subiu à janela, cercada de chamas, agarrou na menina, desceu com ela ao colo, entregou-a a uma vizinha e desapareceu.
Como não tinha parentes vivos, fez-se uma reunião para ver quem ficaria com a menina.
Apresentaram-se vários pretendentes à adoção: Uma professora, um agricultor, um rico comerciante. Entretanto, a criança mantinha-se calada. O presidente da assembleia perguntou:
- Mais alguém quer falar?
Do fundo da sala, um homem, com queimaduras nas mãos, avançou e estendeu os braços para a criança. A multidão susteve a respiração. A menina exclamou:
- Este foi o homem que me salvou!
E com um salto, lançou-se-lhe ao pescoço.
O presidente declarou:
- A sessão está suspensa.
In Tutti Frutti de Pedrosa Ferreira
PENSAMENTO DA SEMANA
Deus não me ama por causa do bem de que sou capaz, do amor que Lhe tenho, mas ama-me de uma maneira absolutamente incondicional, por causa de Si mesmo, da Sua misericórdia e da Sua infinita ternura, unicamente em virtude da Sua Paternidade para comigo.
Paulo Costa
INFORMAÇÕES
Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 851
Agenda Pastoral
Destaque
Mais Recente Carta Familiar em PDF!
Nº 1170Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
“ENSINAR É AMAR”
"Ser professor é dar-se (...) Tens muito que fazer? – Não; tenho muito que amar. Não entendo ser professor de outra maneira. (...)
Para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar em flores. A toda a hora a Poesia nos visita. O aluno acredita em nós e não deve acreditar em vão. Impõe-se-nos que mereçamos, com a nossa, a pureza dos nossos alunos; que a nossa alimente a deles, a mantenha. (...)
Sejamos a lição em pessoa – que é isso mais importante e mais eficaz que sermos o papel onde a lição está escrita; e possamos dizer sem constrangimento: Deixai-as vir a mim, as criancinhas…”
Sebastião da Gama, in Diário
Os nossos Links
Ouvidoria de São JorgeFAJÃS Grupo de Jovens
Cartas Familiares Anteriores
Visitas
Ver Estatísticas