Nº 850

Pentecostes: Sopro de Deus para a vida do mundo
A Palavra de Deus narra de quatro formas a vinda do Espírito Santo, para nos dizer que Ele, a respiração de Deus, não suporta esquemas.
No Evangelho o Espírito vem como presença que consola, leve e brando como um respiro, como o batimento do coração.
Nos Atos dos Apóstolos vem como energia, coragem, ribombar que escancara as portas e as palavras. Enquanto tu estás obstinado em traçar os limites da casa, Ele abre janelas, abre-te diante do mundo, chama para mais além.
Segundo Paulo, vem como dom diferente para cada um, beleza e genialidade de cada cristão.
E uma quarta narrativa está no versículo de um Salmo: do teu Espírito, Senhor, está repleta a Terra. Toda a Terra. Está repleta, e não apenas tocada pelo vento de Deus, mas cheia: está inundada, transborda, não há nada nem ninguém sem a pressão mansa e poderosa do Espírito de Deus, que leva pólenes de primavera ao seio da história e de todas as coisas. «Que faz viver e santifica o universo», como rezamos na Eucaristia.
Quando estavam fechadas as portas do lugar onde os apóstolos se encontravam, por medo dos judeus, eis que acontece algo que vira do avesso a sua vida, que inverte aquele grupinho bloqueado atrás de portas cerradas. Alguma coisa transformou homens titubeantes pela angústia em pessoas dançantes de alegria, inebriadas de coragem: é o Espírito, chamada que reacende as vidas, vento que alastra, terramoto que faz cair as construções frágeis, desacertadas, e deixa de pé só aquilo que é verdadeiramente sólido. Aconteceu o Pentecostes e desbloqueou-se a vida.
Na tarde da Páscoa, quando estavam fechadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio dos seus e disse: paz! O abandonado regressa àqueles que o tinham abandonado. Não acusa ninguém, desencadeia processos de vida; gere a fragilidade dos seus com um método humaníssimo e criativo: assegura-lhes que o seu amor por eles está intacto (mostra-lhes as mãos chagadas e o lado aberto, feridas de amor); sublinha a sua confiança obstinada, ilógica e total neles (como o Pai me enviou, Eu vos envio). Vós como Eu. Vós e não outros. Ainda que me tenham deixado só, Eu continuo a acreditar em vós, e não desisto de vós.
E por fim oferece ainda mais: sopra sobre eles e diz: recebei o Espírito Santo. O Espírito é a respiração de Deus. Naquela sala fechada, naquela situação asfixiante, entre a respiração ampla e profunda de Deus, o oxigénio do Céu. E como no princípio o Criador soprou o seu hálito de vida sobre Adão, assim Jesus sopra agora vida, transmite aos seus aquilo que o faz viver, esse princípio vital e luminoso, essa intensidade que fazia diferente, que fazia único a sua maneira de amar e escancarava horizontes.
Ermes Ronchi
DOMINGO DE PENTECOSTES
O poiso do Espírito
No encontro da manhã, perguntei aos alunos mais novos se já tinham ouvido falar do Espírito Santo. Toda a gente levantou o braço em resposta afirmativa. Pedi, então que fossem dizendo algumas coisas que soubessem sobre Ele mas ninguém se lembrava. Depois de muita insistência, um miúdo prontificou-se para falar:
– Só sei que o Espírito Santo está aqui – E apontou para o seu ombro esquerdo.
De facto, ao benzer-se, todos dizem esse nome tocando no lado esquerdo. Eu estava à espera de todas as respostas menos daquela. Foi uma boa ocasião para juntos meditarmos que afinal nós trazemos em nós o Espírito Santo, qual carga aos ombros.
À tarde, referi esta experiência aos alunos mais velhos e um deles acrescentou, com simplicidade, perante o sorriso dos colegas:
– Ah! É por isso que, quando fui crismado, o meu padrinho pôs a sua mão sobre o meu ombro e fez força para dizer que o Espírito Santo estava a pousar aí.
A partir de então todos compreenderam melhor o significado daquilo que rezavam: O Espírito do Senhor repousa em mim.
Que neste Pentecostes eu descubra que o Espírito está sobre mim para carregá-lo para onde quer que eu vá.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
APROVEITA O DIA...
Não deixes que termine sem teres crescido um pouco.
Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos.
Não te deixes vencer pelo desalento.
Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever.
Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário.
Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim, podem mudar o mundo.
Porque passe o que passar, a nossa essência continuará intacta.
Somos seres humanos cheios de paixão.
A vida é deserto e oásis.
Derruba-nos, lastima-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas da nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe.
Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem.
Não caias no pior dos erros: o silêncio.
A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas.
Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas.
Não atraiçoes tuas crenças.
Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos.
Isso transforma a vida em um inferno.
Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante.
Procura vivê-la intensamente sem mediocridades.
Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo.
Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam.
Não permitas que a vida se passe sem teres vivido…
Walter Whitman
CONTO (651)
VIDA PARA LÁ DESTA VIDA
No ventre de uma mulher grávida, encontravam-se dois bebés.
- Acreditas na vida depois do parto? - pergunta um.
- Deve haver algo depois do parto. Talvez estejamos aqui porque precisamos de nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Que tolice. Não há vida depois do parto! Como seria essa vida?
- Não sei. Seguramente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos, com os nossos próprios pés, e nos alimentemos, pela boca.
- Isso é absurdo. Caminhar é impossível. E comer pela boca? Isso é ridículo. Só pelo cordão umbilical. Eu digo-te uma coisa: a vida depois do parto está fora de questão. O cordão umbilical é demasiado curto.
- Pois eu creio que deve haver algo mais. E talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos acostumados a ter aqui.
- Mas nunca voltou ninguém depois do parto para nos dizer como é! Não. O parto é o fim da vida. E, no fim de contas a vida não é mais que uma angustiosa existência na obscuridade que não leva a nada.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do parto, mas certamente que veremos a mamã e ela cuidará de nós.
- Tu acreditas na mamã? Onde pensas tu que ela está?
- Onde? Em tudo, à nossa volta. Nela e através dela é que vivemos. Sem ela, este mundo não existiria.
- Pois eu não creio. Nunca vi a mamã.
- Bem. Às vezes, quando estamos em silêncio, tu podes ouvi-la a cantar ou sentir como acaricia o nosso mundo. Sabes? Eu penso que há uma vida real que nos espera e que agora apenas nos estamos a preparar para ela...
In Revista Audácia do mês de julho de 2015
PENSAMENTO DA SEMANA
Não, não me refiro à beleza do corpo, mas à beleza que transborda do coração.
É uma beleza diferente, genuína, saudável... uma beleza que irradia alegria, uma beleza que vem de dentro, do mais "de dentro" da gente.
Gente assim torna os meus dias coloridos e fortalece o meu andar...
Gente como esta tem poder... não um poder que esmaga, que destrói, mas um poder que levanta, que sabe erguer os mais fragilizados, que a vida colocou à margem, e alimentar-lhes a Esperança.
INFORMAÇÕES
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Nº 1104Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
O Amor vem de Deus e leva-nos para Deus para retornar a Ele através de nós e nos levar a todos de volta para Ele na corrente da sua infinita misericórdia.
Thomas Merton
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