Nº 839

 De mãos dadas

Fomos feitos para andarmos de mãos dadas, porque cada uma das nossas mãos se entrelaça bem melhor na vida de cada um. As nossas mãos são para se doar ao outro. As nossas mãos são para chegar até ao outro. As nossas mãos servem para agigantar as nossas vidas.

Fomos feitos para andarmos de mãos dadas, porque só assim conseguimos mergulhar nas nossas vidas. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas, porque no final não nos interessa a nossa autossuficiência, mas a certeza de que a nossa vivência foi dádiva permanente para o outro. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas, para que nunca desistamos de qualquer vida. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas, para sentirmos bem de perto a vida que acontece em cada um de nós. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas para que a nossa união seja a nossa maior paixão. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas para que sejamos levantados em todas as nossas quedas. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas para que os desertos sejam vencidos com a travessia do nosso amor e da nossa entrega. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas para que consigamos suportar todas as nossas feridas. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas como manifestação de um amor alicerçado no respeito e na confiança.

É de mãos dadas que se ganha o mundo.

É de mãos dadas que se conquista a humildade.

É de mãos dadas que se chega a todos os nossos cantos e recantos.

É de mãos dadas que se caminha para uma nova vida.

É de mãos dadas que se caminha de esperanças e sobre a esperança.

Fomos feitos para andarmos de mão dadas, por isso não as guardemos nos bolsos. Fomos feitos para andarmos de mãos dadas, porque só assim nascerá, em nós, a certeza de que “é muito mais aquilo que nos une, do que aquilo que nos separa”.

Há mais de dois mil anos atrás houve um simples homem a precisar de andar de mãos dadas com o mundo e acabou por ser crucificado. Não deixemos que mais homens e mulheres acabem “crucificados” pelo mundo, por não terem quem lhes mostre e quem lhes dê a oportunidade de perceber que a vida só ganha sentido quando estamos de mãos dadas uns com os outros.

Emanuel António Dias

 

III DOMINGO DA QUARESMA

Limpeza do Templo

Um amigo propôs-me que não deixasse recolher o dinheiro do ofertório no dia em que se lê o Evangelho dos vendilhões no Templo. Porém, mais importante que eliminar o tilintar do dinheiro, é extirpar a nossa mentalidade de negociantes até mesmo de géneros espirituais ou afins. Dou um exemplo:

Num campo, estavam a trabalhar 3 homens. Um estava lá porque era obrigado. Era escravo, tinha medo do castigo. Outro, era mercenário, trabalhava porque queria ganhar. Fazia troca: toma lá mas dá cá. Entre eles encontrava-se outro homem, mais novo. Este trabalhava, não por imposição, nem por interesse mas pelo simples facto de ser filho do patrão e era natural que ajudasse o seu pai.

Nas coisas de Deus podemos ter atitudes semelhantes. Podemos rezar ou ir à igreja como escravos, por imposição ou com medo do castigo eterno. Ou então por interesse, como negociantes, querendo comprar um pedacinho do Céu com a missa dominical ou algumas orações.

A operação limpeza do templo quer purificar a nossa relação com Deus e fazer de nós seus filhos. Se me comporto como escravo estou a fazer de Deus um carrasco. Se perante Deus sou um negociante, quero que Ele seja igual a mim.

Sejamos apenas filhos na Casa do Pai.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

 

MEDITAR

O céu do sótão

«Experimenta também tu, uma vez que te sentires só ou infeliz ou triste, olhar para fora do sótão quando o tempo está tão bonito. Não as casas ou os tetos, mas o céu. Enquanto puderes olhar para o céu sem medos, estarás certo de seres puro por dentro e voltarás a ser feliz.»

São palavras do “Diário” de Anne Frank, a jovem judia refugiada em Amesterdão com a família, onde no entanto a alcançará o monstro nazi, eliminando-a em 1945, aos 16 anos.

O trecho é compreensível tendo em conta os dois anos de segregação vividos por Anne num quarto emparedado, antes de ser descoberta e deportada para o campo de concentração de Bergen-Belsen.

Daquele sótão onde se consumiam os seus dias, a jovem vê uma fenda de céu e essa contemplação deixou de ser para ela uma experiência visiva, mas uma visão da alma. O céu consegue iluminar a interioridade e a fazer-lhe emergir a pureza e a bondade ocultas.

Também a pessoa superficial ou má, se se empenha por um instante a afastar-se do seu rebanho ou de um horizonte ameaçador e a procurar o céu, sinal da transcendência e do divino, descobre que tem ainda em si uma semente de luz, um rebento de bondade.

É nesse olhar para o infinito que podem desabrochar as conversões e pode reflorir, inclusive no desespero, a serenidade. Precisamente por isso é necessário de vez em quando levantar a cabeça para o alto, estar em silêncio, descobrir o gosto da meditação, fazer aflorar uma oração.

É só por este caminho que a graça divina surge e se irradia em nós, e a paz penetra no coração, fazendo-nos saborear a verdadeira alegria, «esplêndida centelha divina», como lhe chama o poeta alemão Friedrich Schiller no seu célebre “Hino à glória”.

Gianfranco Ravasi

 

CONTO (641)

 

O INOCENTE

 

 Um dia, o Governador do Estado foi visitar os prisioneiros. Passou por todas as celas e foi perguntando, um a um, o motivo da sua condenação.

Cada vez ia ficando mais surpreendido, pois todos eles se declaravam inocentes. Disse o primeiro a ser interrogado:

- Eu fui vítima de uma vingança.

O segundo explicou:

- Eu não matei ninguém. Mas não apanharam o assassino e meteram-me aqui injustamente.

O terceiro disse:

- Acha que tenho cara de ladrão? O que aconteceu é que não tive advogado que soubesse provar a minha inocência.

E assim sucessivamente, enquanto o Governador ia escutando cada um dos presos.

Ao chegar ao último, este disse:

- Senhor, estou aqui preso porque desde criança fiz más ações. Depois cresci, meti-me com colegas delinquentes, roubei para comprar droga. Enfim, estou aqui para pagar os meus erros.

O Governador voltou-se para os guardas e disse:

- Ponde este homem em liberdade. Não é bom que um criminoso esteja no meio de tantos inocentes!

 Se me perguntarem se sou cristão, respondo que não faço ideia nenhuma. Só Deus o sabe. Não me afirmo cristão com rufar de tambores e toque de clarins.

Mas é preciso saber responder à pergunta: O que é ser cristão? Ser cristão é ter compreendido o projeto de Deus, o seu projeto único, e inspirar nele toda a nossa vida, todas as nossas ações. Ser cristão é trabalhar para construir a comunidade humana, trabalhar para congregar a grande família dos filhos de Deus."

P. François Varillon, s.j., in Viver o Evangelho


 INFORMAÇÕES

 

RECEITAS

O culto na paróquia de São Tiago de Ribeira Seca teve a receita de 3.410,00€.

 

CLÍNICA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA CALHETA

A Direção da Associação de Bombeiros Voluntários da Calheta informa que estará na Clínica da Instituição o Dr. Tiago Ribeiro, Osteopata (é um sistema de avaliação e tratamento, com metodologia  e filosofia própria, que visa restabelecer a função das estruturas e sistemas corporais agindo através da intervenção manual sobre os tecidos – articulações, músculos fáscias, ligamentos, cápsulas, vísceras, tecido nervoso, vascular e linfático), dia 20 de março; Dr.ª Alexandra Dias, Pediatra, 17 de março; Dr.ª Lourdes Sousa, Dermatologista, 20 e 21 de março; Dr. Brasil Toste, Otorrinolaringologista, em março, data por estabelecer; Dr.ª Maria Graça Almeida, Genecologia e Obstetra, em março, data por estabelecer; Dr.ª Renata Gomes, Cardiologista, em março, data por estabelecer; Dr. Rui Amaral, Imagiologia e Radiologia, em março, data por estabelecer; Dr. Carlos Aguilar, Oftalmologista, data por estabelecer; Elisabel Barcelos, Psicóloga Clínica e formadora, nas áreas de avaliação psicológica de condutores (testes psicotécnicos), avaliação psicológica, acompanhamento psicológico e formação em temas ligados à saúde mental e/ou psicologia, às quintas e sextas.

Os interessados podem fazer as suas marcações para os números 295 460 110/ 295460111. 


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Nº 1149

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

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