Nº 821

CRER NO CÉU

 

Na festa cristã de Todos os Santos, quero dizer como entendo e trato de viver algumas características da minha fé na vida eterna. Quem conhece e segue Jesus Cristo compreender-me-á.

 

Crer no céu é, para mim, resistir a aceitar que a vida de todos e de cada um de nós é somente um pequeno parêntesis entre dois imensos vazios. Apoiando-me em Jesus, intuo, pressinto, desejo e creio que Deus está a conduzir para a sua verdadeira plenitude o desejo de vida, de justiça e de paz que se encerra na criação e no coração da humanidade.

 

Crer no céu é, para mim, rebelar-me com todas as minhas forças que ficará enterrada e esquecida para sempre essa imensa maioria de homens, mulheres e crianças que somente conheceram, nesta vida, a miséria, a fome, a humilhação e os sofrimentos. Confiando em Jesus, creio numa vida onde já não haverá pobreza nem dor, ninguém estará triste, ninguém terá de chorar. Finalmente, poderei ver aqueles que vêm em barcos chegar à sua verdadeira pátria.

 

Crer no céu é, para mim, aproximar-me com esperança de tantas pessoas sem saúde, enfermos crónicos, deficientes físicos e mentais, pessoas mergulhadas na depressão e angústia, cansadas de viver e de lutar. Seguindo Jesus, creio que, um dia, conhecerão o que é viver com paz e saúde total. Escutarão as palavras do Pai: “Entra para sempre na alegria do teu Senhor”.

 

Não me resigno a aceitar que Deus seja, para sempre, um “Deus oculto”, do qual não podemos conhecer jamais o seu olhar, a sua ternura e os seus abraços. Não posso aceitar a ideia de nunca me encontrar com Jesus. Não me resigno a que tantos esforços por um mundo mais humano e feliz se percam no vazio. Quero que um dia os últimos sejam os primeiros e que as prostitutas nos precedam. Quero conhecer os verdadeiros santos de todas as religiões e de todos os ateísmos, aqueles que viveram amando no anonimato, sem esperar nada.

 

Um dia poderemos escutar estas incríveis palavras que o Apocalipse põe na boca de Deus: «Para aquele que tem sede, eu darei de beber gratuitamente da fonte da vida». Grátis! Sem merecê-lo. Assim Deus saciará a sede de vida que há em nós.

 

José António Pagola, Teólogo espanhol

 

XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Quem vem depois

A catequista estava a interrogar os seus alunos:

– Quem é capaz de dizer qual é o maior mandamento da Lei do Senhor?

– Amar a Deus e amar o próximo – responderam em coro.

– Muito bem, vê-se que os meninos estão atentos na catequese e sabem muitas coisas. Mas qual de vós quer dizer quem é o próximo?

Todos ficaram pensativos até que uma menina, sem hesitação, levantou o dedo para falar:

– O próximo é o que vem depois.

A catequista nem queria acreditar no que ouviu:

– Como? Aquele que vem depois?

– Sim. É o que vem a seguir. Ontem, a minha mãe levou-me ao médico e estava lá muita gente. Cada vez que saía uma pessoa do consultório a enfermeira pedia: o próximo.

– É verdade, é assim… confirmaram todos.

– Bendito seja Deus! – concluiu a catequista. Estes meninos sabem mais do que eu.

É o mesmo Senhor Jesus que continua hoje a revelar a Sua lei: Amar a Deus e ao Próximo, amar a Deus que vem primeiro e amar o próximo que vem depois, amar o Mestre e o discípulo que está a seguir, amar o Senhor e amar aquele que dele precisa, amar a Deus e a quem está perto dele porque todos estamos no seu coração.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

 

MEDITAR

Qual é maior aventura da tua vida?

No silêncio onde vivo há uma luz que rasga a noite e faz nascer o dia. Muitas vezes, não lhe dou importância, afinal é algo tão constante que parece vulgar. Mas, algumas vezes, a noite é escura e o brilho de uma luz, que começa pequeníssima, faz-me compreender que a vida é afinal sublime, um milagre que se renova e fortalece a cada dia e a cada noite.

Há noites que duram meses e outras que duram anos. Mas há sempre uma luz que, brilhando, vencerá as trevas, o frio e o abandono.

No nosso íntimo há uma luz que nunca se extingue, só ela nos permite distinguir o que é precioso do que não passa de uma aparência enganadora. É um milagre subtil e incessante que não se apaga, por maiores que sejam as nossas desconfianças.

A maior aventura da minha vida é ter chegado aqui e estar cheio de vontade de ir mais além. Muito mais além. Para lá das forças que julgo ter e da felicidade que sou capaz de sonhar.

As aventuras são caminhos íntimos e perigosos na medida em que, ainda que limitados pelas nossas circunstâncias, não podemos nunca desistir de ir à procura de ser mais...

Devemos sempre ter a nossa mala feita e umas botas prontas, nenhum de nós é daqui e a qualquer momento pode ser tempo de partirmos para mais longe...

Na mala, devemos levar só o essencial do que temos, que é muito pouco!

Nas botas, devemos levar o essencial do que somos, que também não é muito!

Mas ainda assim só as devemos levar em parte do caminho. A aventura é para fazer de pés descalços e mãos abertas. Sim, para que aprendamos a escolher bem todos os passos do nosso caminho... e onde colocar o pé a cada passo.

José Luís Nunes Martins

 

CONTO (670)

 

O HORIZONTE

Uma vez, uma pessoa bateu à porta do Céu e disse a São Pedro:

- Quero falar com Deus.

S. Pedro perguntou-lhe:

- Tem mesmo de falar com o próprio Deus?

Ele respondeu:

- Sim, é um assunto que tem apenas a ver com Ele, pois é diretamente relacionado com a obra da Criação.

S. Pedro mandou-o então entrar na sala de visitas do Céu. Deus que está sempre presente para escutar todas as pessoas do universo inteiro, veio imediatamente atender essa visita. Depois das saudações iniciais, Deus perguntou:

- Que deseja?

Essa pessoa respondeu:

- Senhor Deus, Criador de todas as coisas, a Criação é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem a sua razão de ser. Por isso, mereces todo o louvor das criaturas. Contudo…

Deus, admirado, interrompeu:

- Contudo o quê? Que queres tu dizer com isso?

O indivíduo continuou:

- Segundo o meu ponto de vida, há uma coisa que não serve para nada.

Deus perguntou-lhe:

- E que coisa é essa que não serve para nada?

A pessoa respondeu:

- É o horizonte. Para que serve o horizonte? Se eu caminho um passo em direção ao horizonte, ele afasta-se um passo de mim. Se caminho dez passos, ele afasta-se outros dez passos. Se caminho quilómetros em direção ao horizonte, ele afasta-se os mesmos quilómetros de mim… Isso não faz sentido! Na minha modesta opinião, ele não serve para nada.

Deus olhou para aquela pessoa, sorriu e disse:

- É justamente para isso que serve o horizonte… Para fazer a pessoa caminhar.

In CONTOS+MENSAGENS de Pedrosa Ferreira

 

O homem cresce quando se inclina para brincar com uma criança.

 

Gloria Fuertes

 

 


INFORMAÇÕES

ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Manadas - quinta-feira, 2 de novembro, das 17 às 18 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

Ribeira Seca - sexta-feira, 3 de novembro, das 18 às 19 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

Er.da de Santo António - sábado, 4 de novembro, das 16 às 17 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

 

MÊS DAS ALMAS NA RIBEIRA SECA

Durante o mês de novembro, também chamado “Mês das Almas”, haverá missa na Ribeira Seca, de segunda a sexta-feira, às 8 horas.

O peditório para as “Missas das Almas” será feito nos moldes dos  anos anteriores.

FAJÃ DOS VIMES

Sábado - a missa será por alma de Maria Arminda Borba (7º Dia)

 


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 SEJA FEITA A TUA BONDADE!

"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)

Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.

Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.

Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"

Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.

À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:

Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!

Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)

"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)

 

Eneida Costa

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