Nº 783

 

De olhos no chão
 
«Houve um tempo em que eu não estava presente, e Tu criaste-me.
Eu não tinha orado, e Tu, Tu fizeste-me.
Eu não tinha ainda vindo à luz, e no entanto viste-me.
Eu não tinha aparecido, e no entanto tiveste piedade de mim.
Eu não Te tinha invocado, e no entanto tomaste-me ao Teu cuidado.
Eu não Te tinha feito qualquer sinal, e no entanto olhaste para mim.
Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica, e no entanto tiveste misericórdia para comigo.
Eu não tinha articulado o mínimo som, e no entanto ouviste-me.
Eu não tinha sequer suspirado, e no entanto a tudo estiveste atento.»

 

S. Gregório de Narek, Livro de Orações, n.18

 

 

 

Hoje puseste à minha frente este poema maravilhoso,

 

Para que eu pudesse ver ordenadas as palavras que traduzem o que tenho sentido nos últimos dias...

 

Quem sou eu Senhor, para que assim te importes tanto comigo?

 

Não importa o meu nome, de onde venho, para onde vou,

 

A cor da minha pele, o que faço, quem sou.

 

Estás atento a cada suspiro, não perdes um qualquer sinal,

 

Não se esfumam as minhas súplicas sem que antes as guardes no Teu coração!

 

 

 

Mesmo se estou ausente, absorta,

 

alienada de tudo o que não sejam as imposições dos meus trabalhos,

 

ou das desculpas que encontro para as minhas ausências de Ti,

 

Irremediavelmente, e irresistivelmente,

 

Abalas as minhas defesas e surges de novo,

 

A pedir o que é Teu, Senhor...

 

A destrancar a porta do quarto onde guardo as minhas canções para Ti,

 

E a vontade de cantar.

 

A esticar, o que os dias de trovoada vão enrugando cá dentro.

 

A resgatar de novo a capacidade de Te encontrar a caminho do trabalho,

 

de Te reconhecer entre buzinadelas e caras carrancudas,

 

de Te esperar antes de adormecer.

 

A inundar este pequeno poço sedento de Água que sou eu.

 

 

 

Perante a certeza da Tua presença constante nos meus dias

 

Só posso ficar como o publicano da Escritura,

 

de olhos no chão, no canto mais distante da sala.

 

Não mereço, sequer, um milésimo do Amor que me dás!

 

Mas rendo-me à doçura da tua misericórdia,

 

Meu Senhor e Meu Deus!

 

Catarina Gregório Martins
 
V DOMINGO DO TEMPO COMUM
A Palavra de Deus deste 5º Domingo do Tempo Comum convida-nos a refletir sobre o compromisso cristão. Aqueles que foram interpelados pelo desafio do “Reino” não podem remeter-se a uma vida cómoda e instalada, nem refugiar-se numa religião ritual e feita de gestos vazios; mas têm de viver de tal forma comprometidos com a transformação do mundo que se tornem uma luz que brilha na noite do mundo e que aponta no sentido desse mundo de plenitude que Deus prometeu aos homens – o mundo do “Reino”.
No Evangelho, Jesus exorta os seus discípulos a não se instalarem na mediocridade, no comodismo, no “deixa andar”; e pede-lhes que sejam o sal que dá sabor ao mundo e que testemunha a perenidade e a eternidade do projeto salvador de Deus; também os exorta a serem uma luz que aponta no sentido das realidades eternas, que vence a escuridão do sofrimento, do egoísmo, do medo e que conduz ao encontro de um “Reino” de liberdade e de esperança.
A primeira leitura apresenta as condições necessárias para “ser luz”: é uma “luz” que ilumina o mundo, não quem cumpre ritos religiosos estéreis e vazios, mas quem se compromete verdadeiramente com a justiça, com a paz, com a partilha, com a fraternidade. A verdadeira religião não se fundamenta numa relação “platónica” com Deus, mas num compromisso concreto que leva o homem a ser um sinal vivo do amor de Deus no meio dos seus irmãos.
A segunda leitura avisa que ser “luz” não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas é identificar-se com Cristo e interiorizar a “loucura da cruz” que é dom da vida. Pode-se esperar uma revelação da salvação no escândalo de um Deus que morre na cruz? Sim. É na fragilidade e na debilidade que Deus Se manifesta: o exemplo de Paulo – um homem frágil e pouco brilhante – demonstra-o.
Dehonianos

 

 
MEDITAR
 
SILÊNCIO

 

 

 

Para caminhar sobre

 

a delicada ponte que leva

 

aos olhos do outro,

 

todo silêncio é pouco.

 

 

 

Para ouvir a música

 

que se desprende

 

de todas as coisas belas,

 

todo silêncio é pouco.

 

 

 

Para sentir na pele

 

o veludo de um jardim,

 

quando a noite

 

envolve o mundo em sua

 

rede de estrelas,

 

todo silêncio é ouro...

 

 

 

Para entender,

 

palavra por palavra,

 

a voz que vem do coração,

 

todo o silêncio.

 

 

 

Roseana Murray

 

 
CONTO (640)
 
À SUA IMAGEM
Um dia, reuniram-se todos os deuses e decidiram criar o homem e a mulher à sua imagem e semelhança.
Um deles disse:
- Devemos fazê-los à nossa imagem e semelhança, mas temos de pensar em algo que os diferencie de nós. Que lhes iremos tirar?
Depois de muito pensarem, um deles disse:
- Vamos tirar-lhes a felicidade. Mas onde é que a iremos esconder?
Surgiram várias propostas. Um deles sugeriu:
- Vamos escondê-la no cimo da montanha mais alta do mundo.
Um outro disse:
- Talvez seja melhor esconde-la no planeta mais distante da Terra.
O último deles, que tinha permanecido em silêncio durante todo o tempo, disse:
- Acho que deveríamos esconder a felicidade num lugar onde nunca a pudessem buscar.
Todos, a uma só voz, perguntaram:
- Onde?
Respondeu ele:
- Dentro deles próprios. Estarão tão ocupados em encontrá-la fora deles, que nunca se lembrarão que pode estar no seu íntimo.
Todos concordaram. Desde então as pessoas passam a vida à procura da felicidade, sem saber que a trazem consigo.
In TOMA E LÊ  de Pedrosa Ferreira
 

 

Conversas com fevereiro
Que mantenha na nossa vida aqueles que nos fazem bem. Que guarde bem perto de nós os que nos estendem a mão, os que nos oferecem colo e abrigo, os que dividem connosco os seus braços em abraços apertados, os que são presença firme na hora de falar alto e na hora do silêncio.
Que faça brilhar sempre e muito as nossas-pessoas-luz. Porque todas as hipóteses que temos de sermos muito felizes começam no dia em que sabemos escolher, guardar e cuidar os que nesta vida fazem (só) o Bem do nosso mundo girar.
Às 9 no meu blogue
 

 

INFORMAÇÕES
Manadas - sexta-feira, 10 de fevereiro, das 17 às 18 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

 

 

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Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
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