Nº 683
SEMENTES DE FÉ
As Tuas sementes, Senhor, caíram um dia na estrada da minha vida mas, na minha descrença, pontapeei-as para fora do meu caminho porque, orgulhosamente só, via sem ver e ouvia sem ouvir nem entender. (cf. Mt 13, 13)
Seguindo o meu caminho, as Tuas sementes, Senhor, caíram um dia no meu coração ainda duro e pedregoso e embora tenham despertado qualquer coisa em mim, na minha inconstância, rapidamente as deixei secar quando, de novo, vieram as tribulações deste mundo.
Mais à frente, as Tuas sementes, Senhor, caíram à frente dos meus olhos e, embora as tenha visto pela primeira vez, os espinhos do meu pecado e das minhas trevas, sufocaram-nas com a dor que dilacerava o meu coração.
Cheguei, então, a uma encruzilhada e desnorteada parei pois não sabia para onde ir. Ali parada, de olhos fechados, deixei-me sucumbir sob o peso do meu desespero e estava pronta a desistir mas Tu, na Tua infinita misericórdia, ouviste o meu clamor e vieste, mais uma vez, ao meu auxílio.
Lançaste, novamente, as Tuas sementes de amor, tantas vezes desprezadas por mim, e, desta vez, ouvi-as cair, fui atrás delas e recolhi-as, irriguei-as com as lágrimas do meu arrependimento e plantei-as no meu coração ainda pedregoso e cercado de espinhos mas renovado pelo Teu Espírito.
Pouco a pouco, aninhadas nessa réstia de amor e de esperança que ainda viviam em mim, elas fortaleceram-se, cresceram e com elas renasci… do medo à confiança.
Bendita é toda a palavra que sai da Tua boca, Senhor, pois, como a semente que cai em boa terra (cf. Mt 13, 8), não volta sem ter produzido o seu efeito, sem ter cumprido a Tua vontade, sem ter realizado a sua missão (cf. Is 55, 11).
Bem-aventurada sou eu porque puseste os olhos na humildade da Tua serva e fizeste em mim maravilhas (cf. Lc 1, 48-49), capacitaste os meus ouvidos para ouvir a Tua palavra e o meu coração para a acolher para que, a Teu tempo, possa dar frutos (Mt 13, 8).
Raquel Dias
III DOMINGO DA QUARESMA
Limpeza do Templo
Um amigo propôs-me que não deixasse recolher o dinheiro do ofertório no dia em que se lê o Evangelho dos vendilhões no Templo. Porém, mais importante que eliminar o tilintar do dinheiro, é extirpar a nossa mentalidade de negociantes até mesmo de géneros espirituais ou afins. Dou um exemplo:
Num campo, estavam a trabalhar 3 homens. Um estava lá porque era obrigado. Era escravo, tinha medo do castigo. Outro, era mercenário, trabalhava porque queria ganhar. Fazia troca: toma lá mas dá cá. Entre eles encontrava-se outro homem, mais novo. Este trabalhava, não por imposição, nem por interesse mas pelo simples facto de ser filho do patrão e era natural que ajudasse o seu pai.
Nas coisas de Deus podemos ter atitudes semelhantes. Podemos rezar ou ir à igreja como escravos, por imposição ou com medo do castigo eterno. Ou então por interesse, como negociantes, querendo comprar um pedacinho do Céu com a missa dominical ou algumas orações.
A operação limpeza do templo quer purificar a nossa relação com Deus e fazer de nós seus filhos. Se me comporto como escravo estou a fazer de Deus um carrasco. Se perante Deus sou um negociante, quero que Ele seja igual a mim.
Sejamos apenas filhos na Casa do Pai.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
OBRIGADO
Pai Santo,
Obrigado por nos teres enviado o Teu Filho!
Chamava-se Jesus e amou sem fingimento.
A sua grande paixão era introduzir os seres humanos na Família de Deus.
Tratava Deus por "Papá"
e ensinava as pessoas a fazer o mesmo,
dizendo: "Pai-Nosso que estais no Céu."
Era corajoso e leal.
Punha-se sempre do lado dos pobres e dos que não sabiam defender-se.
Deixava mais felizes os que tinham a sorte de comunicar com ele em profundidade.
Nunca ninguém ficou mais pobre pelo facto de o Ter encontrado.
Defendia a partilha como o caminho seguro para os bens chegarem para todos.
Sentia-se bem entre os que tinham um coração capaz de ajudar as pessoas.
Apreciava a companhia dos pobres, porque estes têm uma grande capacidade de partilhar.
Apesar de ser contra o pecado jamais defendeu a morte dos pecadores.
Foi por esta a razão que ele tomou partido pela mulher adúltera, apesar de ser contra o adultério.
O seu desejo era acabar com o pecado,
pois este é a fonte da violência, do ódio e das guerras que atormentam os seres humanos.
A destruição do pecado, segundo a sua maneira de entender,
acontece no íntimo do coração humano pela ação do Espírito Santo.
Passou a vida a fazer bem a toda a gente, mas nunca fez publicidade dos seus gestos de amor.
O Evangelho era o grande amor da Sua vida.
Por isso exultava de alegria no Espírito Santo
quando via que as pessoas se deixavam transformar pela Palavra de Deus que Ele anunciava.
Pai Santo,
Obrigado por nos teres enviado o Teu Filho!
Calmeiro Matias
CONTO (543)
AS VOZES DE DEUS
Um homem muito inteligente passou anos a tentar compreender Deus. Para isso, leu centenas de livros e falou com muitos sábios. Quando entendeu que era o momento de se encontrar com Ele, pôs-se a caminho. Entrou num bosque e começou a gritar:
- Deus, mostra-Te!
Um passarinho entoava a mais linda canção, mas ele não a ouviu.
Pouco depois, gritou:
- Deus, fala-me!
Soou um grande trovão, mas ele não o ouviu. E insistiu, com voz forte:
- Deus, faz-me sentir a Tua presença.
Nesse momento, uma rosa começou a exalar um perfume, mas ele não o sentiu.
E, continuando a sua busca, suplicou:
- Faz-me sentir a Tua presença.
Uma borboleta pousou na sua mão e ele, com um movimento brusco, espantou-a. O sábio implora:
- Deus, faz um milagre.
Naquele momento, uma ovelha deu à luz um cordeirinho, mas ele nada viu.
Consta que este sábio, que tanto investigou com a sua inteligência acerca de deus, ainda anda à procura de Deus.
In Audácia
Se tenho necessidade da Escritura para compreender-me, também compreendo a Escritura quando a leio em mim mesmo.
Orígenes
As mais fascinantes paisagens são as que trazemos dentro de nós, embora possam ser, paradoxalmente, as mais desconhecidas.
Carlos M. Antunes
INFORMAÇÕES
DIA DO CATEQUISTA
No dia 14 de março vamos ter, na ilha, o Dia do Catequista que tem o seu início às 10 horas e termina às 15 horas. Será na Pousada da Juventude de São Jorge.
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Nº 683