Nº 668
AGRADECER APENAS
Senhor, hoje quero apenas agradecer-Te por todas as bênçãos que derramas sobre mim, sem nenhum mérito meu, como a chuva que ao cair beija a terra e abençoa-a para que possa dar frutos.
Agradeço-te por quereres construir na minha fragilidade, transformando as minhas limitações em metas, pintando, com o sol, os estados cinzentos e chuvosos da minha alma em coloridos arco-íris, iluminando as minhas trevas com estrelas cintilantes e serenando os mares tempestuosos do meu ser com uma brisa de esperança.
Agradeço-Te por todas as pessoas que pões no meu caminho, sinais da tua presença nos meus dias.
Agradeço-Te pelo muito ou pelo pouco que me dão, pelo muito ou pelo pouco que me ensinam, pelo muito ou pelo pouco que caminham ao meu lado e pelo muito ou pelo pouco que me amam.
Em cada uma delas está uma lição, um reflexo da Tua bondade, uma centelha da Tua luz, um eco da alegria da Tua boa nova, um abraço da Tua misericórdia, a chama do Teu amor e um esboço da Tua compaixão.
Com elas aprendi que só o amor faz renascer e que até um coração empedernido amolece perante a perseverança, a bondade, e a fidelidade do Teu amor.
Com elas aprendi que quando se ama alguém, a felicidade do outro importa mais do que a nossa, ainda que isso signifique que seguiremos por caminhos diferentes.
Renasce hoje, outra vez, em mim, Senhor, para que o amor que já não consigo conter no meu peito, transborde nas lágrimas que choro e na alegria que irradio ao contemplar as maravilhas da Tua criação. Ilumina o meu sorriso e salga as minhas palavras para que, também eu, possa tocar os corações daqueles que estão perdidos e não sabem onde encontrar-te.
Por Ti eu quero ser sal da terra. Por Ti eu quero ser luz do mundo. Percebi que sem Ti não sou eu. Percebi que contigo posso ser eu.
E assim, nesta comunhão contigo, que faz o meu coração exultar de alegria e pulsar de gratidão, que eu saiba retribuir esta dádiva que é a amizade, dando, também eu, de graça aquilo que recebi de graça.
E talvez um dia, chegue a hora do adeus. Deixá-los-ei com pena, os amigos meus. Mas mesmo longe, estarão perto, ao pé de mim, pois entre amigos é assim.
XXXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Sorrir para todos
Uma vez apresentou-se no Céu um homem tão simples, tão humilde que até os santos se espantaram:
- Como é pequena a sua alma! Não tem as vestes brancas das Virgens, nem a coroa dos Mártires, não tem a estola dos Pastores nem a divisa das Ordens Religiosas. Que terá feito de especial para estar aqui?
O homem, já preocupado com isso, ainda tremeu mais ao ouvir as perguntas que Deus fazia a quem se aproximava:
- Partilhaste os teus bens com os pobres? Ensinaste a minha Palavra? Viveste os Mandamentos?
Quando chegasse a sua vez que iria responder? Nada partilhara porque nada de seu tivera. Não ensinou nem viveu os mandamentos porque nunca os aprendeu. Qual seria o seu lugar ali?
Chegado ao trono, Deus abriu o livro da vida, olhou para o homem e disse:
- Aqui está escrito apenas uma coisa: tu sorriste ao teu semelhante. E isto basta para teres o primeiro lugar no céu. Entra na alegria do teu Senhor.
Mais do que isto não quer de nós o Senhor. Não quer obras extraordinárias, não quer grandes jejuns ou longas penitências, não quer milagres, não. Quer a vida simples, com as suas cruzes diárias, com um sorriso nos lábios e a alegria no coração; quer-nos felizes fazendo felizes os outros.
José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
O AMOR É A RESPIRAÇÃO DA VIDA ESPIRITUAL
Pai Santo
a bíblia diz que Deus é Amor
e que o Ser Humano só pode conhecer Deus se amar os irmãos (1 Jo, 4, 7-8).
O que a respiração é para o nosso corpo,
isso mesmo é o Amor para as nossas relações,
pois o Amor é como a seiva que alimenta os encontros de fraternidade.
Há muitas pessoas que sofrem e estão feridas no seu coração porque foram mal-amadas.
A planta precisa de água para viver e crescer.
Do mesmo modo, o Ser humano não consegue realizar-se e ser feliz sem Amor.
O Amor dos outros é uma condição essencial até para nós gostarmos de nós.
As pessoas que não foram bem amadas ficaram com feridas e não gostam da vida.
Como somos imagens de Deus,
estamos talhados para realizar encontros de Amor e Comunhão.
É por esta razão que a solidão nos tira a alegria de viver.
Quando pensamos apenas em receber Amor, esquecendo o nosso dever de amar,
corremos o risco de ficar sós.
Há pessoas que pensam que os outros têm o dever de as amar,
mas nunca têm gestos de Amor para com os demais!
Estas pessoas, em geral, sentem uma solidão muito profunda.
De facto, o Amor dos outros começa a vir para nós quando nós lhes damos Amor.
Se começarmos a preocupar-nos com os outros,
fazendo-lhes bem e ajudando-os a serem felizes,
a nossa felicidade cresce muito,
porque o Amor e a Amizade vão fazer da nossa vida uma aventura que vale a pena.
Calmeiro Matias
CONTO (528)
MODO CORRETO
Um Monge de grande devoção e instruído, atravessava uma vez um rio num barco quando ao passar ao lado de uma pequena ilhota, ouviu a voz de um homem que muito torpemente tentava fazer suas orações. No seu íntimo, o monge ficou muito triste:
- Como era possível que alguém fosse capaz de rezar tão mal? Talvez aquele homem não soubesse as orações, não as soubesse recitar corretamente.
Decidiu então ser generoso e desviando-se de seu rumo aproximou-se da ilhota para ensinar aquele homem sobre a importância da correta execução das orações. Não era em vão que se considerava um monge especialista e aquelas orações não tinham para ele qualquer segredo. Quando desembarcou na ilhota, pode ver um pobre homem de aspeto sossegado cantando algumas orações um pouco sem sentido. O monge, com serena paciência, dedicou algumas horas a ensinar minuciosamente aquele indivíduo que a cada momento mostrava efusivas mostras de agradecimento ao seu instrutor. Quando entendeu que por fim aquele sujeito poderia recitar as orações com certa capacidade despediu-se dele, advertindo-o:
- E lembre-se meu bom amigo, é tal o poder e forças que a sua correta pronuncia permite que um homem seja capaz de andar sobre as águas.
Mas apenas havia percorrido alguns metros com seu barco, ouviu a voz daquele homem a recitar as orações ainda pior que antes.
- Que horror. Há pessoas que são incapazes de aprender nada de nada, assim pensou o monge.
- Oh, monge - ouviu atrás de si uma voz muito perto.
Ao voltar-se viu o pobre homem que, caminhando sobre as águas, aproximava-se do seu barco e perguntava:
- Nobre monge, já me esqueci das suas instruções sobre o modo correto de recitar as orações. Seria, tão amável de mas ensinar outra vez?
Quando se trata de fé, não podemos contar com provas tangíveis, científicas, irrefutáveis. E isso não retira nenhuma dignidade ao ato de crer. Quem disse que as coisas mais importantes da vida se podem levar ao laboratório? Experimentemos tirar as medidas ao amor, tentemos pesar a amizade, façamos tudo para provar a existência da alegria: perceberemos quão absurda é a pretensão de que o essencial da vida seja cientificamente testado, certificado, comprovado.
Ver para além do olhar
INFORMAÇÕES
MUSEU FRANCISCO LACERDA
O Museu Francisco de Lacerda convida a população em geral para a atuação do Grupo de Violas das Manadas, na próxima sexta-feira, dia 28 de novembro, pelas 21 horas, na Casa dos Tiagos, no Topo.
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Nº 668