Nº 552

 

EM MEMÓRIA DE D. AURÉLIO

Por ter recebido de D. Aurélio Granada Escudeiro a Ordenação Sacerdotal, quero deixar aqui a minha homenagem a este grande homem da Igreja dos Açores, não listando tudo o que ele fez, por falta de espaço, mas apenas recordá-lo.
Começou o seu ministério episcopal na nossa Diocese num período particularmente difícil da vida política e social do país e soube ter uma posição de grande verticalidade e isenção perante o poder de então.
Perante uma Diocese tão difícil, porque se encontra dispersa por nove ilhas e numa época em que as deslocações eram difíceis, tentou prestar atenção a toda a Diocese esforçando-se para organizá-la procurando, para isso, pessoas que fossem capazes de assegurar, em cada ilha, a pastoral.
Sempre se preocupou com a pastoral de conjunto e de corresponsabilidade pedindo constantemente que fossem criados os conselhos pastorais de paróquia e de ilha e os conselhos administrativos. Fez o Congresso Diocesano de Leigos procurando, assim, dar aos leigos a responsabilidade que lhes é própria como cristãos que devem empenhar-se na vida do mundo informando-o com o testemunho de vida cristã. Preocupava-se com todos chamando a atenção para a vida familiar, incentivando os jovens. Prestava uma atenção muito especial à educação cristã da fé e à catequese, fazendo com que houvesse cursos para catequistas em toda a Diocese e um bom acompanhamento destas, para isso criou na Diocese o Secretariado Diocesano de Catequese. Empenhou-se e preocupou-se com os espaços litúrgicos e de formação, pedindo que cada ilha se empenhasse para ter condições para a catequese e que em cada ilha houvesse um Centro Pastoral para retiros e cursos.
Aquando das visitas pastorais procurava com bastante antecedência que houvesse uma preparação condigna e celebração ouvindo as comunidades e fornecendo as orientações que achava mais necessárias para a vivência de cada paróquia.
Dedicou grande atenção à religiosidade popular das nossas ilhas dando orientações e tentando que houvesse uma vivência mais condigna das festas.
Gostava que as celebrações litúrgicas fossem celebradas com dignidade, recolhimento e fé. Pedia a participação de todos nos cânticos e nas respostas. Trouxe bons formadores para fazer cursos de liturgia na Diocese e pedia a participação de todos, participando também ele, nestas ações.
 Depois do sismo de 1980 revelou preocupação e empenho na reconstrução das igrejas que tinham sofrido danos significativos. Era amigo dos sacerdotes reservando as repreensões para conversas amigáveis e exigentes demonstrando sempre grande compreensão para com todos.
D. Aurélio era um homem de grande disciplina e capacidade de trabalho procurando transmitir isto mesmo aos outros. Não compactuava com o desmazelo nem com o facilitismo e toda a sua vida é um exemplo disso.
Manuel António Santos
 

XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Puros de coração

 
Dois monges caminhavam por uma estrada. Junto ao rio viram uma bela moça:
- Que posso fazer para te ajudar? Perguntou um dos amigos.
- Leva-me para o outro lado do rio.
Sem hesitação o monge carregou-a às costas e deixou-a na outra margem. O outro colega ficou silenciosamente admirado pela ousadia mas, à noite, no templo, encheu-se de coragem e censurou o seu colega pelo atrevimento de ter levado tão esbelta donzela:
- Não devias ter feito aquilo. Foi uma grande tentação tocar numa mulher tão jovem e bela. A nossa regra não permite tal liberalidade.
O outro respondeu com humildade:
- Eu deixei a jovem junto ao rio mas tu ainda a carregas inutilmente contigo no teu coração.
O que faz com que uma ação seja boa ou má, pura ou impura, não é a letra da lei mas o espírito da mesma lei. A pureza exterior e ritual pouco importa. Às vezes, em nome de costumes e letras falta-se à lei essencial da caridade e mata-se o amor. O que vale é o que vai no coração. A pureza de coração não é fuga ao amor, mas amar mais e melhor em oblação de nós mesmos. A letra mata, mas o espírito dá vida.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
 
Aqui deixo a transcrição da última carta que D. Aurélio Granada Escudeiro me escreveu ao deixar a Diocese a qual revela a dedicação e espírito amizade por esta ilha e seus sacerdotes
 
Angra, 18 de junho de 1996
Caros Padres
 
Com muita pena minha, não me é já possível passar por S. Jorge, para me despedir pessoalmente de cada um de vós.
Embora na carta de despedida da Diocese já o faça, quero, no entanto, dirigir-vos uma palavra muito especial, na hora em que termina a minha missão direta nesta terra, que levo no coração.
Guardo de todos a melhor lembrança e não esquecerei vosso zelo apostólico, assim como todas as atenções que tivestes para comigo.
Rogo a Deus que sempre vos ilumine e acompanhe, mantenha e acrescente vosso zelo pastoral. O testemunho de santidade do padre é hoje o que um povo mais aprecia e aquilo que mais necessita.
O clero de São Jorge tem justa fama de ser unido e assim atuar. Mantendo esse testemunho, sabendo cada um morra para si para Cristo triunfar nele e por ele.
Lembrar-vos-ei em minhas orações, esperando também as vossas em meu favor.
Abraça-vos e abençoa-vos o sempre muito dileto no Senhor.
+ Aurélio, Bispo de Angra
 

CONTO (416)

 

SOMOS LIVRE

Um dia, uma criança que foi ao circo ficou maravilhada com as atuações de um elefante amestrado. E reparou que terminada a sua atuação, era atado a uma pequena estaca. A criança perguntou:
- Por que é que prendem o elefante a uma estaca tão pequena, se ele a pode arrancar?
- Porque está domesticado.
A criança, inocentemente, perguntou:
- E por que é que o prendem, se está domesticado?
Ninguém lhe respondeu. Apenas uns anos mais tarde soube qual o motivo, que era o seguinte: O elefante não foge porque desde pequenino que sempre viveu preso a uma estaca.
A criança então imaginou o elefante quando era pequenino, a puxar para fugir mas, como era muito pequeno, não conseguia.
Imaginou-o, no dia seguinte, a fazer a mesma tentativa, e assim um e outro dia, até que aceitou que era impossível libertar-se e aceitou o seu destino.
Percebeu então que esse enorme elefante que vemos nos circos não foge porque tem gravada na sua mente a impotência que sentiu pouco depois de nascer.
E o pior é que jamais pôs em causa seriamente esta sua atitude de pobre escravo. Jamais voltou a experimentar a sua verdadeira força.
 In Alegre Manhã de Pedrosa Ferreira

 

No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.
Martin Luther King

 

 

TOMADA DE POSSE DO NOVO PÁROCO

No dia 5 de setembro, o Senhor Padre Rafael Diogo de Sousa, tomará posse na comunidade do Norte Grande durante a celebração eucarística celebrada às 20 horas.
No dia 6 de setembro tomará posse da paróquia do Norte Pequeno às 20 horas e no dia 7 também às 20 horas tomará posse da paróquia de Santo António.
Estas três paróquias deixam de fazer parte da equipa in solidum, por isso, veremos se continuará a receber a “Carta familiar”.

 

Trabalhamos nestas comunidades nos últimos anos e agradecemos o acolhimento e colaboração que sempre tivemos. Procuramos fazer o nosso melhor dentro dos condicionalismos a que estávamos sujeitos.

 

 

Da minha parte agradeço a amizade, compreensão e respeito que sempre senti nestas comunidades.

 

Os horários das missas que vão nesta “Carta familiar” para estas comunidades são provisórios.

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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 SEJA FEITA A TUA BONDADE!

"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)

Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.

Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.

Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"

Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.

À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:

Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!

Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)

"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)

 

Eneida Costa

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