As férias são um tempo especial em que se deixa a vida habitual para se restabelecer forças que nos ajudem a fortalecer o nosso interior e a retemperar as forças físicas procurando um equilíbrio harmonioso de vida.
É essencial a contemplação, a meditação e a capacidade de se virar para o seu interior para um conhecimento próprio das qualidades e crescimento interior. Isto faz-se com boas leituras, bons passeios, procurando um contato com a natureza, o silêncio que dá a capacidade de ouvir o nosso interior.
Nas férias é importante alimentar a mente e o coração com estas coisas que nos ajudam e levam ao encontro connosco. Não conseguimos crescer como pessoas sem este conhecimento interior necessário para ajudar a compreender as nossas limitações e a caminhar com as qualidades que temos. Assim, ganhamos mais vontade de nos realizarmos como pessoas.
Procurar fortalecer os laços de amizade com os outros é outra componente fundamental no tempo de férias. Procurar ter tempo para os outros, falar de outros tempos e outras histórias. Recordar acontecimentos e pessoas que fizeram parte da nossa vida. Procurar conversas que edifiquem e enriqueçam dizendo o que se aprendeu com a vida e o trabalho, os lugares que se conheceram e as experiencias que nos ajudaram a crescer.
Umas férias com qualidade devem ter lugar para Deus. Ver o lugar que Ele ocupa na nossa vida pessoal e, se possível, familiar. A relação com Deus faz-se mais pelo silêncio e sossego interior. Festas e barulhos podem não ser a melhor maneira de encontrar Deus. Já o profeta encontrou Deus na brisa suave e refrescante e não no trovão, no fogo ou vento forte. Deus está sempre próximo e quer estar connosco.
Essencial no tempo de férias é deixar as rotinas, as pressas. Pôr um pouco de lado o relógio e estar livre para estas coisas que nos ajudam a ganhar mais vida e energia.
O mais importante nas férias é o tempo que tenho para mim e para os outros. As conversas com a família e com os amigos. Tempo para passear, contemplar e meditar.
Pe. Manuel António
XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
Chamar por Deus
Naquele tempo vinham ter com Jesus de toda a parte e abeiravam-se pessoalmente...
Em linguagem moderna, Deus prefere os encontros pessoais ao uso de telemóvel.
Que sucederia se Cristo instalasse uma central de telemóveis no céu?
Imagine-se alguém a rezar e ouvir a seguinte mensagem: "Central Celeste, por favor marque uma das seguintes opções: para pedidos marque 1; para queixas marque 2, para outro assunto marque 3... "
Ou então: "Neste momento os nossos anjos estão ocupados. Por favor deixe a sua mensagem no serviço de espera. Se deseja falar com o Anjo Gabriel marque 5, com outro Anjo marque 6."
O pior seria: "A sua alma apresenta um saldo de tantos méritos. Deverá ser recarregada no próximo Domingo nas missa das 09H00."
Por fim imaginemos outra resposta: "O número que marcou não está atribuído. Por favor, certifique-se da sua intenção ou então marque de novo sem distrações..."
Graças a Deus que nada disto acontece.
Podemos chamar a Deus quantas vezes quisermos que somos sempre atendidos. A Sua linha nunca está ocupada. Ainda bem que nos responde pessoalmente e nos conhece antes mesmo de nos apresentarmos. Deus não deixa recados no gravador mas estende-nos imediatamente a sua mão.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
A FORMA JUSTA
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas
CONTO (407)
SEM PALAVRAS
Um dia, no Paraíso, todos os santos viram que Jesus estava irritado. Dizia:
- Estive 33 anos no mundo, disse que o importante não são as cerimónias rotineiras mas os gestos de amor. Quase ninguém percebeu. Passam o tempo a pregar sermões, a cantar hinos, mas poucas obras.
Um anjo, timidamente, perguntou:
- Que pretendes fazer?
Jesus respondeu:
- Vou tirar-lhes a palavra.
E foi assim que, de repente, todos os cristãos ficaram mudos. Num primeiro momento, foi a surpresa. Muitos acorriam às farmácias mas não havia cura.
Que podiam agora fazer sem a palavra? Como podiam dizer que amavam a Deus e ao próximo? E os pregadores como podiam fazer lindos sermões? Acabaram por perceber que deviam comunicar com gestos.
E foi assim que os cristãos começaram a comunicar com o olhar, o sorriso, as carícias e os gestos de ajuda fraterna. E até num jornal da cidade apareceu um artigo com este título: «Vede como eles se amam». Os descrentes acharam esta fé muito bela, pois transmitia doçura, serenidade e paz.
Quando Jesus lhes restituiu a palavra, já tinham saboreado a alegria de acreditar.
In Alegre Manhã de Pedrosa Ferreira
A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus.
Pitágoras
INFORMAÇÕES
MUSEU FRANCISCO LACERDA
O Museu Francisco de Lacerda informa que se encontram abertas ao público as seguintes exposições: “Minorias Étnicas “ e “A Saca da América”. De segunda a sexta feira das 9 horas às 17:30 e a partir de 1 de julho até final de agosto, aos sábados e domingos das 14 às 17 horas.
Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 543
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)