Nº 1158

 

Tempo para parar!

É urgente o tempo para parar.

Para dar prioridade ao silêncio e ao sossego.

Para colocar o corpo em ponto morto e tirar a chave da ignição.

É urgente colocar o que é importante no lugar certo e retirar os sublinhados fluorescentes das coisas que não nos acrescentam, mas que, por tantas razões, nos distraem e entretêm.

É urgente a calma e preferir o bater das ondas em vez do bater de um coração quase sempre alucinado e pouco consciente dos perigos do ritmo que escolhe.

É urgente o respirar fundo, o agradecer o que veio para nos ensinar e o que nos tirou o sono. Tudo fez parte daquilo que somos chamados a viver. Tudo pode ser um mestre e um sábio se quisermos encarar a vida com essa humildade.

É urgente sentir a dor que houver para sentir e não lhe virar as costas. É quando não olhamos para as coisas que elas ganham poder absoluto sobre nós.

É urgente deixar cair. Deixar passar. Não dar protagonismo aos personagens secundários da nossa história. Todos seremos julgados, um dia, por aquilo que soubemos dar com amor e sem exigências.

É urgente o tempo de descanso, de cuidado dos ritmos pessoais e do simples ver passar o tempo como quem vê passar as nuvens.

É urgente viver para se ser tudo o que a vida quiser, sem desejar que parte alguma fique de fora.

É urgente fazer um intervalo nas preocupações e observar aquilo que flui, na mesma, sem a nossa autorização ou interferência.

Não vamos conseguir sempre. Não vai ser sempre fácil e nem todos os acontecimentos poderão conter-se na dimensão do nosso entendimento.

Que saibamos olhar para o que não compreendemos como parte deste mistério absurdo, mas incrível, de estarmos vivos.

Marta Arrais

 

MEDITAR

 Deus não me livra da travessia, mas acompanha-me na noite

«Uma noite de tempestade e medo no lago, e Jesus dorme. Também o nosso mundo está em plena tempestade, geme de dores com as veias abertas, e Deus parece dormir!

Quando nós queríamos que interviesse desde logo, aos primeiros sinais do cansaço, ao primeiro assomo do medo, mal a dor nos arranhasse. Mas Ele intervém, Ele está ali, fonte da força dos remadores que não se rendem, Ele está no braço firme do timoneiro, Ele está na coragem partilhada, está nos olhos de todos os que fixam o Oriente para perscrutar quanto falta para a noite acabar.

E a barca, símbolo de mim e da minha vida frágil, da grande comunidade e dos seus problemas, entretanto resiste e avança. E não porque o vento amaina, não porque acabam os problemas, mas pelo milagre humilde dos remadores que não abandonam os remos, que sustentam a esperança do outro.

Deus está presente, mas ao seu modo; quer salvar-me, mas fá-lo pedindo-me que meta em jogo todas as minhas capacidades, todas as forças do coração e da inteligência.

Deus não age em nosso lugar, não nos tira da tempestade, mas sustém-nos dentro da tempestade. «Não salva do sofrimento mas no sofrimento, não protege da dor mas na dor.» A expressão é de Dietrich Bonhoeffer: «Deus não salva da cruz, mas na cruz».

Uma simples mudança de preposição e tudo adquire outra luz. Deus não traz a solução dos nossos problemas, traz-Se a Ele próprio, e dando-Se a Si mesmo dá-nos tudo (cf. Catarina de Sena).

Toda a nossa existência pode ser descrita como uma travessia perigosa, uma passagem para a outra margem, da vida adulta, responsável, boa. Uma travessia é iniciar um matrimónio; uma travessia é o futuro que se abre diante da criança; uma travessia tormentosa é tentar recompor feridas, reencontrar pessoas, vencer medos, acolher pobres e estrangeiros.

Há tanto medo ao longo da travessia, ainda que legítimo. Mas as barcas não foram construídas para ficar ancoradas na segurança dos portos. Foram feitas para navegar, e inclusive para enfrentar tempestades. A rota do Evangelho não passa por ficar imóvel, retido pela âncora. O nosso lugar não é nos sucessos e nos resultados triunfais, mas numa barca no mar, mar aberto, onde mais cedo ou mais tarde durante a navegação da vida virão águas agitadas e vento contrário.

A verdadeira formação não consiste em ensinar as regras da navegação, mas em transmitir a paixão pelo mar aberto, o desejo de navegar mais além, a paixão do alto mar.

Gostaria que o Senhor gritasse já ao furacão: cala-te; e às ondas: acalmem-se; e à minha angústia repetisse: acabou. Gostaria de ficar livre da luta, mas Deus responde chamando-me à perseverança, multiplicando-me as energias; a sua resposta é força para a primeira remada. E a cada uma, Ele a renovará.

A perseverança não é clamorosa, não arranca aplausos, mas é a virtude sólida que faz avançar a barca da comunidade. Quando, como os doze, não te rendes, mas continuas a remar e a lutar, as mãos no leme, os olhos a perscrutar a margem, e fazes tudo o que deves fazer, então encontra-lo no coração da tempestade. E faz-se dique e fronteira para o teu medo.

Ermes Ronchi

 

Dá-me, Senhor, um coração puro.

Volta e meia dou por mim zangada comigo mesma, ou melhor, com os meus pensamentos. Dou por mim a guardar rancor ou mágoas que em nada me acrescentam a não ser pesos. E tu amiga?

Já sentiste que deste o teu melhor e isso passou ao lado dos outros?

Já sentiste que fizeste tudo o que era necessário e mesmo assim não chega?

Eu já. Infelizmente, nem sempre me consigo contentar com o discurso tradicional ”dei o meu melhor!” como se isso chegasse. Pois, mas deveria chegar, não fosse eu exigente quanto às expectativas do ”melhor” que todos poderemos dar, inclusive eu!

Se calhar… sou demasiado exigente.

Se calhar… não devo esperar tanto.

Se calhar…não devia reparar tanto em ausências, protagonismos, e desculpas que és obrigada a aceitar sem que possas rebater para não ferir suscetibilidades.

Por isso a minha oração perene é: Dá-me Senhor um coração puro.

Um coração capaz de não guardar rancor perante as falhas dos outros.

Um coração capaz de espalhar amor perante as ausências dos que deveriam estar presentes.

Um coração puro para amar sem reservas, nem reparar em coisas que nada acrescentam.

Um coração capaz de olhar com amor para o protagonismo dos outros e a ouvir com paciência as lamúrias de quem encara a vida com amargura.

Senhor dá-me um coração puro!

Um coração semelhante ao teu.

 Raquel Rodrigues

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Muitas pessoas julgam que a religião consiste naquilo que fazem por Deus. Mas a religião consiste no que Deus faz por nós: as grandes e estupendas coisas que Deus inventa para nós.

Deus é de tal modo Bom que é Ele que Se aproxima. Tudo quanto nos pede é que nos maravilhemos com Ele: 'O Senhor fez por mim maravilhas'.

 Louis Evely

 


 

INFORMAÇÕES

FESTA DO CRUZEIRO NA CALHETA

Tríduo de preparação nos dias 21 e 23 de junho às 18 horas, dia 24, domingo às 12 horas, com missa.

A festa será no dia 25 de junho, com missa às 20h00 horas seguida de procissão de velas.

 

REUNIÃO COM AS CRIANÇAS DA PRIMEIRA COMUNHÃO E PROFISSÃO DE FÉ - Calheta

Será na próxima quarta-feira, 26 de junho, às 18 horas na Igreja Matriz da Calheta.


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Nº 1158

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Muitas pessoas julgam que a religião consiste naquilo que fazem por Deus. Mas a religião consiste no que Deus faz por nós: as grandes e estupendas coisas que Deus inventa para nós.

Deus é de tal modo Bom que é Ele que Se aproxima. Tudo quanto nos pede é que nos maravilhemos com Ele: 'O Senhor fez por mim maravilhas'.

 Louis Evely

 

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