Nº 1156
CUIDEMOS UNS DOS OUTROS
"O cuidado é algo mais que um ato ou uma virtude entre outras; ele encontra-se na raiz primeira do ser humano, é um “modo-de-ser essencial” do ser humano.
É o cuidado que nos faz sensíveis e nos compromete com quem está à nossa volta.
É o cuidado que nos une às criaturas e nos envolve com as pessoas.
É o cuidado que desperta encantamento face à grandeza do firmamento, suscita veneração diante da complexidade da Mãe-Terra e alimenta enternecimento face à fragilidade de um recém-nascido.
Pelo cuidado, o ser humano religa-se ao mundo afetivamente, responsabilizando-se por ele.
Jesus de Nazaré foi aquele que mais encarnou o “modo-de-ser-cuidado”.
Revelou à humanidade o “Deus-Cuidado”, experimentando-o como Pai/Mãe que cuida de cada um(a) de seus(suas) filhos(as), do alimento dos pássaros, do sol e da chuva para todos.
Jesus resgatou a centralidade do cuidado e da ternura para com todas as manifestações da vida. Ele mostrou cuidado especial com os pobres, os famintos, os discriminados e os doentes.
Pelo cuidado, Jesus maravilhou-se diante do milagre da vida e solidarizou-se com os humanos fragilizados e excluídos. As parábolas do bom samaritano, que mostra a compaixão pelo caído na estrada, a do filho pródigo acolhido e perdoado pelo pai, e, sobretudo, a do Bom Pastor, são expressões exemplares de cuidado e de plena humanidade.
Cuidar é dar atenção com ternura, isto é, descentrar-nos de nós mesmos e sair em direção ao outro, sentir o outro como outro, participando da sua existência...
É a partir do cuidado que colocamos limite a toda voracidade neurótica de ter e poder; a partir do cuidado acontece a passagem da lógica da conquista para a lógica da gratuidade, da imposição para a interação-comunhão, da exploração para a sintonia-cordialidade, do poder-produção para a atenção-respeitosa.
O amor é a expressão mais alta do cuidado, porque tudo o que amamos também cuidamos. E tudo o que cuidamos é um sinal de que também amamos."
P. Adroaldo Palaoro, s.j., adaptado
MEDITAR
Muita multidão, muita solidão: Jesus fora dos esquemas, mesmo para os seus
Do sul, da Galileia, chega uma comissão de inquérito composta por teólogos. Das colinas da Galileia chegam os seus, para o mandar dali para fora (cf. Marcos 3, 20-35). Parece uma manobra em tenaz contra aquele subversivo, aquele mestre fora das regras, fora da lei, que fez de Cafarnaum o seu quartel-general feito de um exército de doze jovens ainda com odor a peixe e que por arma tem uma palavra que cura.
É a segunda vez que o clã de Jesus desce de Nazaré ao lago; desta vez levaram também a mãe. Vêm prendê-lo. Está fora de si, enlouqueceu. Diz e faz coisas fora das marcas, contra o senso comum, contra a lógica simples de Nazaré: sinagoga, loja e família. Da comissão de inquérito, por seu lado, Jesus recebe a ordem de marcha da excomunhão: filho do diabo.
E no entanto a pedagogia de Jesus encanta, uma vez mais: chama-os, chama para junto de si aqueles que de longe o julgaram; fala com aqueles que não são dignos de lhe dirigir a palavra, explica, procura que raciocinem. Em vão. Jesus tem inimigos, vemo-lo, mas Ele não é inimigo de ninguém. Ele é o amigo da vida.
O Evangelho segundo Marcos, tão concreto e seco, volta a pôr-nos com os pés no chão, depois das últimas grandes festas, Páscoa, Pentecostes, Trindade, Corpo e Sangue de Cristo. O Evangelho recomeça da casa, a partir de baixo: não esconde, com muita honestidade, que durante o ministério público de Jesus as relações com a mãe e toda a família são marcadas por contraposições e distância.
O mesmo Evangelho que refere também um dos momentos mais dolorosos da vida de Maria: quem é a minha mãe? Palavras duras que ferem o coração, quase um desconhecimento: mulher, já não te reconheço como minha mãe. A única vez que Maria aparece no Evangelho segundo Marcos é imagem de uma mãe que não compreende o filho, que não o favorece.
Ela, que pôde gerar Deus, não consegue compreendê-l’O totalmente. A maior familiaridade não a poupou às maiores incompreensões. Contar com o Messias como um da família, tê-l’O à mesa, conhecer os seus gostos, não lhe tornou menos difícil o caminho da fé. Também ela, como nós, peregrina na fé.
Jesus não contesta a família, pelo contrário, gostaria de estender as relações calorosas e boas da casa, multiplicá-las ao infinito, oferecer uma casa a todos, reunir todos os filhos dispersos: quem faz a vontade do Pai, esse é para mim mãe, irmã, irmão ...
Cercado, Jesus não se detém, não volta atrás, prossegue o seu caminho. Muita multidão e muita solidão. Mas por onde passa, a vida floresce. É um sonho de maternidade, irmandade e fraternidade do qual não pode abdicar.
Ermes Ronchi
O Coração de Jesus está vivo
O Coração de Jesus morreu em Sexta-feira Santa, quando o Senhor, dando um grande brado, “entregou o espírito” (Jo 19, 30). Mas sabemos que continua vivo, porque, “no primeiro dia da semana” (Jo 20, 1), o Senhor ressuscitou. Está, pois, vivo, não já segundo a carne, mas segundo o espírito.
Sendo assim, o Coração de Jesus não é passado. É presente. Ainda palpita de amor por mim, por nós; em mim, em nós: “Se alguém me tem amor, o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada.” (Jo 14, 18). Encontramo-l’O na Palavra, na comunidade reunida em seu nome. Encontramo-lÓ, de modo muito especial, no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Por isso é que o culto eucarístico é típico da devoção ao Coração de Jesus: missas, comunhões, adorações, procissões eucarísticas.
Mas o Coração de Jesus também vive no coração dos que acreditam n’Ele. Deus tinha prometido por Ezequiel: “Eu vos darei um coração novo e infundirei em vós um espírito novo; arrancarei do vosso peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.” (Ez 36, 36). Recebemos esse coração novo no dia do nosso batismo. É o Coração de Jesus em nós. Retirado o nosso coração de pedra, palpita em nós o Coração do Senhor. Por isso é que podemos ter em nós “os sentimentos que estavam em Cristo Jesus” (Fil 2, 5), principalmente o seu amor. Ter em nós os sentimentos de Jesus é ter em nós o seu coração. O verdadeiro amor ao próximo não nasce de nós. Vem-nos do Coração de Cristo que habita em nós. Amamos com o amor com que somos amados pelo Senhor. Amamos com o amor do Senhor.
Fernando Fonseca, SCJ, adaptado
PENSAMENTO DA SEMANA
A inteligência, sem amor, faz-te cruel.
A amabilidade, sem amor, faz-te hipócrita.
A fé, sem amor, faz-te fanático.
O dever, sem amor, faz-te mal-humorado.
A cultura, sem amor, faz-te distante.
A ordem, sem amor, faz-te complicado.
A agudeza, sem amor, faz-te agressivo
O apostolado, sem amor, faz-te estranho.
A amizade, sem amor, faz-te interessado.
O possuir, sem amor, faz-te avarento.
A responsabilidade, sem amor, faz-te implacável.
José Miguel
INFORMAÇÕES
FESTA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
RIBEIRA SECA
Dia 13 de junho - às 19 horas recitação do terço, celebração de eucaristia e procissão no interior da Igreja.
FESTA DE SANTO ANTÓNIO - CALHETA
Dia 15 de junho - às 19 horas na Ermida de Santo António, Rua de Baixo, Calheta. Missa seguida de procissão.
MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA
No próximo domingo, 16 de junho, às 16h00 horas.
CENTENÁRIO DE RAUL BRANDÃO
No âmbito das comemorações do 100º aniversário da passagem de Raul Brandão pelo arquipélago dos Açores, estão todos convidados a participar na maratona de leitura de Ilhas Desconhecidas - Notas e Paisagens, no dia 10 de junho, pelas 16 horas, na Igreja de Santa Bárbara, na freguesia de Manadas.
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Nº 1173Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
SEJA FEITA A TUA BONDADE!
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)
Eneida Costa
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