Nº 1145
A MINHA CRUZ
Olho para a minha cruz e sinto-a tão pesada.
Quero, então, arranjar desculpas para todo esse peso.
Penso que são coisas da vida, são coisas do mundo, foram os outros que lhe deram peso, ou até o demónio que a faz pesar, e tudo serve para me desculpar do peso da minha cruz.
Mas tenho que reconhecer que a verdade é que muito desse peso da minha cruz, foram as minhas más escolhas, as minhas más atitudes, os meus erros, os meus vícios, as minhas fraquezas, o meu feitio que não quis corrigir, e tantas coisas erradas que fui fazendo ao longo da minha vida.
Olho para a minha cruz e, resignado, coloco-a sobre os meus ombros para a levar.
Outros à minha volta pedem-me ajuda para levarem as suas cruzes, mas eu não lhes dou atenção, porque acho que a minha cruz me basta.
Ouço então a voz d’Aquele que carregou as nossas cruzes feitas Sua Cruz, que me diz:
Não carregues a tua cruz com resignação, mas sim com aceitação, percebendo que à medida que a carregas, a podes ir aliviando do seu peso com a tua conversão, com o teu propósito de emenda, com a tua reconciliação Comigo e com os outros, e lembra-te sempre que Eu carreguei a tua cruz e a de todos na Minha Cruz, por isso ajuda o teu irmão, como Eu te ajudo a ti a levares a tua cruz.
Percebo então o que dizes e já com mais alento, sabendo que Tu a carregas comigo, faço-me à estrada da vida para ir ao Teu encontro.
Pelo caminho vou tentando ajudar outros a levarem as suas cruzes, como também a mim eles me ajudam.
Não sei se é alegria, se é paz, se é amor, mas desde que aceitei a minha cruz e a coloquei aos ombros, parece que já não me pesa tanto.
És Tu Senhor sem dúvida, que me ajudas a levá-la aliviando o seu peso.
Senhor
perdoa-me por tantas vezes recusar a minha cruz, fruto das minhas fraquezas e falta de perseverança.
Faz-me forte, Senhor, não só para carregar a minha cruz, mas também para ajudar os outros com as suas cruzes.
E obrigado, Senhor, porque na maior parte do tempo és Tu que carregas a minha cruz sozinho, quando eu me afasto de Ti.
Tem compaixão, Senhor, que eu sou pecador.
Ámen.
Joaquim Mexia Alves
MEDITAR
Olhar a cruz com os olhos do centurião
Jesus entra em Jerusalém, não apenas um evento histórico, mas uma parábola em ação. Mais: uma armadilha de amor para que a cidade O receba, para que eu O receba. Deus corteja a sua cidade de várias maneiras. Vem como um rei necessitado, tão pobre que nem sequer possui o mais pobre animal de carga. Um Deus humilde que não se impõe, não esmaga, não faz medo. “Nunca nos acostumamos a um Deus humilde" (Papa Francisco).
O Senhor precisa dele, mas vai devolvê-lo logo depois. Precisa daquele burrito, precisa de mim, mas não ficará com a minha vida; liberta-a, e faz com que seja o melhor que se possa tornar. Abrirá espaços em mim para o voo, para o sonho.
E então dizem: Bem-aventurado aquele que vem em nome do Senhor. É extraordinário poder dizer: Deus vem. Neste país, nestas ruas, em toda a casa que tem gosto de pão e de abraços, Deus vem, eternamente a caminhar, viajante dos milénios e dos corações. E não está longe.
A Semana Santa desdobra, um por um, os dias do nosso destino; vêm ao nosso encontro lentamente, cada um deles generoso em sinais, símbolos e luz. A melhor coisa a fazer para a viver bem é estar perto da profundíssima santidade das lágrimas, perto das intermináveis cruzes do mundo onde Cristo é ainda crucificado nos seus irmãos. Estar próximo, com um gesto de cuidado, uma batalha pela justiça, uma esperança silenciosa e teimosa como o bater do coração, uma lágrima recolhida de um rosto.
Jesus entra na morte porque a ela é submetido todo o filho da terra. Ele sobe na cruz para estar comigo e como eu, para que eu possa estar com Ele e como Ele. Estar na cruz é o que Deus, em seu amor, deve ao homem, que está na cruz. Porque o amor conhece muitos deveres, mas o primeiro é estar com o amado, agarrar-se a Ele, segurá-Lo em si mesmo e depois arrastá-Lo para o alto, para fora da morte.
Apenas a cruz remove qualquer dúvida. Qualquer outro gesto nos teria encerrado numa falsa ideia de Deus: a cruz é o abismo em que um amor eterno penetra no tempo como uma gota de fogo e resplandece. Quem entendeu primeiro foi um pagão, um experiente centurião perito em mortes: aquele ali crucificado era o filho de Deus, o que o conquistou? Não foram milagres, nem ressurreições, apenas um homem pendurado nu ao vento.
Ele viu dar uma volta ao mundo, em que a vitória sempre foi dos mais fortes, mais armados, dos mais implacáveis. Viu o supremo poder de Deus que é dar vida até mesmo àqueles que dão a morte; o poder de servir não de servir-se; de vencer a violência, tomando-a sobre Si.
Viu, na colina, que este mundo traz outro mundo no útero. E é o crucifixo que possui a chave.
Ermes Ronchi
Caminhemos...
A vida nem sempre fica mais fácil. Agora nós, ficamos mais resistentes.
Olhamos para o que é realmente importante e (re)direcionamos a rota.
40 dias... de caminho, atenção e escuta.
Num caminho que pode ser labiríntico, cheio de expetativas externas, de afazeres e compromissos. Mas, há um que não pode falhar: o compromisso que é nosso, connosco. Um olhar profundo de conexão com o que nos traz felicidade. Uma felicidade consciente que nos liga ao que verdadeiramente somos.
40 dias de uma viagem interior. Autêntica. A travessia do deserto, que nos liberta.
É sobre o amor, compaixão e boa vontade. Para nós e para os outros; pois não há bagagem emocional que não possa ser curada.
A capacidade de olharmos para dentro, melhora a compreensão da pessoa que somos. Se me compreendo, também consigo ver melhor quem está à minha frente.
Nenhuma viagem é em vão.
Acrescenta-nos conhecimento, sabedoria, amor próprio e amor ao próximo.
A vida, nem sempre fica mais fácil, mas facilita abrirmo-nos à vida.
É a magia da fé a acontecer. A luz que nos permite ver de forma clara e desperta a nossa força interior.
Continua a abraçar o caminho da esperança, com o que de bonito tens dentro: a coragem de acreditar.
PENSAMENTO DA SEMANA
Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.
Abrigo dos Sábios
INFORMAÇÕES
CONFISSÕES
Calheta - 26 de março das 18 às 19 horas.
Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 1145
Agenda Pastoral
Destaque
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Nº 1176Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
Queria ter a posição dos claustros
A posição do monge antigo que os varre
A posição do moribundo que pergunta as horas
A posição das árvores quando as crianças sobem
A posição dos ramos quando os ninhos nascem
A posição de alguém que já não mora. Queria
Como se tivesse
A posição da casa e alguém me visitasse.
Daniel Faria
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