Nº1137

 

Tempo para ver

Tempo para sentir o que o corpo quer e diz.

Tempo para andar mais devagar. Para abrandar.

Tempo para respirar fundo.

Tempo para ver melhor.

 

Para fechar os olhos mais vezes e conversar com a escuridão clara de os ter fechados.

 

Tempo para curar.

Para amar melhor e começar por dentro. Por mim.

Para devolver na medida do que foi dado e acrescentar um pouco mais.

Fazer do nada o tudo.

E do tudo o quase nada.

 

Tempo para meditar. Para encher o peito de ar e acreditar.

 

Para escrever uma carta e para acreditar nas palavras que ali nascerem.

 

Tempo para ver o que precisa de ser visto. Para ler o que precisa de ser lido. Para tirar os dourados do que precisa de ser observado sem cores nem artifícios.

 

Tempo para não ir. Para não fazer. Para não arriscar. Para não dizer.

Tempo para ficar calado. Para escolher o silêncio e a paz.

Tempo para adormecer de consciência tranquila.

Para perceber que tudo é o que tem de ser.

 

Que tudo vem quando é o tempo e que tudo o que sabemos é o que precisamos de saber.

 

Tempo para guardar a alma das coisas que a fazem pequena.

Para a preparar para as coisas pequenas que a fazem grande.

Tempo para ver tudo como se fosse a primeira vez.

 

Marta Arrais

 

MEDITAR

 

Sim, na verdade o Senhor veio "para nos arruinar"

As pessoas ficaram maravilhadas com o seu ensino, como quando no deserto do sempre igual se se deparam com o inaudito. Espantados, os que o escutavam ficavam desarmados. E o motivo: porque ensinava com autoridade. Jesus é autoritário porque é credível, n’Ele a mensagem e o mensageiro coincidem: ele diz o que é e é o que diz. Não desempenha um papel. Autoritário, à letra significa “o que faz crescer”.

Ele é um acréscimo de vida, um grande alento, um horizonte livre. Não ensinava como os escribas ... Os escribas são inteligentes, estudaram, conhecem bem as Escrituras, mas só as ouvem com a cabeça, numa leitura que não move o coração, não o ilumina, não se torna pão e gesto.

Muitas vezes nós também somos como escribas connosco mesmos, basta que nos aproximemos do Evangelho com a razão, também parece que o entendemos, muitas vezes gostamos dele, mas a existência não muda. A Fé não é saber das coisas, mas torná-las sangue e vida.

Jesus ensinava como alguém que tem autoridade. O mundo precisa desesperadamente de professores confiáveis. Mas quem ouvimos? Escolhemos os nossos professores com cuidado e humildade, caminhando ao ritmo dos que chegaram mais longe. Com quem aprender? Daqueles que nos ajudam a crescer na sabedoria e na graça, isto é, na capacidade do infinito deslumbramento. Temos que escolher quem dá asas. Os verdadeiros mestres não são aqueles que vão colocar mais laços na minha vida ou limites novos, mas os que me darão mais asas, que me permitirão transformá-las, melhorá-las, alongá-las, torná-las fortes. Que me darão a capacidade de voar (A. Poderoso).

Na sinagoga de Cafarnaum acontece então o primeiro milagre. Um possesso está a orar na comunidade, comparece aos sábados. Já havia escutado pregações ... Pode-se passar a vida inteira indo à sinagoga todos os sábados, todos os domingos à igreja, orando e ouvindo a Palavra, e no entanto manter um espírito doente, uma alma distante que não se deixa alcançar. Pode-se viver uma vida inteira como um cristão dos domingos sem nunca ser tocado pela Palavra de Deus (G. Piccolo), sem realmente decidir-se a fazer uma nova vida.

As duas perguntas a seguir são lindas e envolventes: O que tens a ver connosco, Jesus, com a nossa vida diária? Estás no rito dominical, estás na igreja ou no alto dos céus; mas o que tens a ver com nossa vida quotidiana? Queres saber se acreditas? Se isso te mudar a vida. Veio para nos arruinar? A resposta é "sim!": Veio para destruir as espadas que se tornaram foices; é a ruína das lanças que se transformam em arados, das duras conchas que aprisionavam a pérola. «Minha doce ruína» (D. M. Turoldo), que destrói máscaras e medos, e tudo o que destrói o humano.

Ermes Ronchi

A única pergunta que Deus te vai fazer

Nascemos livres e livres seremos até ao dia da nossa morte. Cada um dos nossos dias é formado por muitos acontecimentos que não podemos controlar, aos quais somos chamados a responder, a reagir, a alterar o nosso rumo a fim de continuarmos a caminho do nosso destino.

Jamais controlaremos a chuva ou o comportamento dos outros, mas seremos sempre os únicos responsáveis por decidir quem queremos ser, para onde queremos ir e com quem contamos. É claro, as nossas resoluções não têm garantia de sucesso, mas não há quem alcance a felicidade sem coragem para arriscar colocar-se em risco.

Nenhum de nós é Deus. Essa é uma das verdades mais profundas que temos o dever de interiorizar. Eu não sou Deus, tu não és Deus. Nenhum de nós pode saber ou controlar o que nos rodeia. No entanto, a nossa dignidade está na liberdade de criar o que, em cada um dos nossos dias, nos é dado.

De todas as criações, a mais importante é a nossa existência.

E é sobre essa que chegará o momento de prestar contas. Já depois do fim desta nossa vida, será tempo de responder à pergunta fundamental:

“O QUE FIZESTE PELOS OUTROS?”

Por pior ou melhor que tenha sido, de nada importará o que nos fizeram (isso será perguntado a cada um deles). É o que fizemos, não o que pensámos ou desejámos fazer, mas o que fizemos. Só isso.

Por pior ou melhor que tenham sido, de nada importarão as circunstâncias em que tivemos de viver. Apesar de tudo o que nos aconteceu, o que fizemos é que importa. Só isso.

A razão para isso é simples. A vontade de Deus é que sejamos felizes, e não há outra forma de ser feliz senão a de amar os outros.

José Luís Nunes Martins

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 A vida é caminho de seguir, não é caminho de ficar. 

É caminho de percorrer, o que nos parece "lugar comum", e tem tanto para contar. 

É caminho de nos atrevermos em cada amanhecer. 

É caminho partilhado, sem medo de perder. 

É caminho de verdade, amor e compaixão. 

A vida é caminho de servir e escutar o coração.  

 

E por mais trilhos que surjam, todos nos levam de regresso a nós mesmos. Porque é aí que existe a fonte da vida. 

E a vida, é caminho. 

Clara Correia


 INFORMAÇÕES

TRANSPORTES

A Câmara Municipal disponibiliza transporte a todos os cidadãos que necessitem deslocar-se para exercer o seu direito de votos no dia 4  de fevereiro.

Sairá uma viatura dos Biscoitos às 12 horas.

Sairá uma viatura da Fajã dos Vimes às 9 horas passando pelo Portal.

Sairá uma viatura do Loural às 14 horas.

 

LISTA DOS MORDOMOS PARA A CASA DOS BOLOS

A lista dos Mordomos para a Casa dos Bolos 2024 na Ribeira Seca:

Emanuel Azevedo

Bartolomeu Pereira

José Gualter Rosa

Vítor Rosa

Lisuarte Sousa


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Nº 1173

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 SEJA FEITA A TUA BONDADE!

"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)

Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.

Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.

Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"

Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.

À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:

Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!

Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)

"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)

 

Eneida Costa

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