1128
Acredito que a Autoridade vem do coração.
Acredito que é lá que tudo se diviniza.
E que aprendemos a ser feitos de carne, com dores e odores.
Ninguém fala melhor do que aquele que fala desde o coração.
Tantas vezes em silêncio, apenas com palavras de proximidade.
Ninguém é capaz de se fazer irmão, se não através de lá!
O coração é uma morada frágil, mas cheia de Autoridade.
É uma entidade competente que nos dá identidade.
É uma morada digna de ser partilhada...
Capaz de libertar...
Capaz de transformar e fazer nascer vida nova...
Capaz de tocar e dar sentido...
Acredito que a Autoridade vem do coração
Porque acredito que a ele sempre voltamos
É a ele que obedecemos
É nele que encontramos verdade!
Acredito que Deus deu-nos ouvidos para o ouvirmos (ao coração)...
Para lhe darmos a razão e nele confiarmos seguindo-lhe o batimento.
Tirar-lhe o pulso!
E dele aprendermos e adquirirmos o conhecimento... o entendimento!
Acredito que Deus nos segreda todos os segundos
"Filho exercita o teu coração!"
O resto é palha, o resto é medo...»
Ana Ascensão, in Derrotar Montanhas (blog)
MEDITAR
O que ficará de nós no fim? O amor dado e recebido
O Evangelho pinta uma cena poderosa e dramática que costumamos chamar de juízo universal. Mas seria mais correto defini-la como "a revelação da verdade suprema, do homem e da vida". O que resta da nossa pessoa quando não fica mais nada? Resta somente o amor, o dado e o recebido.
Estava com fome, estava com sede, era um estranho, nu, doente, na prisão, e ajudaste-me. São passos de um caminho, onde a substância da vida se chama amor, tem a forma do homem, a forma de Deus, a forma do viver.
São passos que encaminham para o Reino, para a Terra como Deus a sonha. E para intuir novos traços no rosto de Deus, tão lindo que nos encanta, em cada vez, de novo.
Antes de tudo, Jesus estabelece uma relação tão estreita entre Ele e os homens que chega a identificar-se com eles: “fê-lo a mim”. Pobre é como Deus! Corpo de Deus, a carne de Deus são os pequeninos. Quando tocas um pobre é Ele que tocas.
Em seguida, emerge o assunto em torno do qual a última revelação é feita: o bem, feito ou não feito. Na memória de Deus, não há espaço para os nossos pecados, mas apenas para os gestos de Deus e para as lágrimas. Porque o mal nunca mais é revelador nem de Deus nem do homem. É apenas o bem, que revela a verdade de uma pessoa.
Para Deus, o bom grão é mais importante e verdadeiro do que as ervas daninhas, a luz vale mais do que as trevas, O bem pesa mais do que o mal.
Deus não desperdiça a nossa história muito menos a sua eternidade, guardando o pecado ou as sombras. Mas pelo contrário, Nele, não se perde cada um dos menores gestos bons, não fica perdida nenhuma fadiga generosa, nenhuma paciência dolorosa, mas tudo isso circula nas veias do mundo como uma energia de vida, agora e para a eternidade.
Depois dirá aos outros: Vão para longe de mim ... tudo o que não fizeste a um destes pequeninos, não o fizeste comigo.
Os que se afastaram de Deus que mal fizeram? Não aquele de adicionar o mal ao mal, o seu pecado é o pior, a omissão: não fizeram o bem, não deram nada à vida.
Não basta justificar-se dizendo: nunca fiz mal a ninguém. Porque se faz mal mesmo com o silêncio e também se mata ficando à janela. Não se envolvendo no bem comum, ficando a olhar, já é fazer-se cúmplice do mal comum, da corrupção, das mafias, é a "globalização da indiferença" (Papa Francisco).
O que acontece no último dia mostra que a alternativa real não é entre aqueles que frequentam as igrejas e os que não vão lá, mas entre aqueles que se fecham ao homem ferido e por terra, e que, seguem adiante; entre aqueles que dividem o pão e os que se viram para o outro lado, e passam à frente. Mas, para além do homem, não há nada, nem mesmo o Reino de Deus.
Ermes Ronchi
Afasta-te do que te distrai
O que tens andado a pensar? Por que razão? O que procuras ser que não és? O que desejas ter que não tens?
Vivemos num mundo cheio de possibilidades. Cada uma delas grita-nos e procura atrair a nossa atenção. Assim, e porque queremos viver com intensidade, queremos exceder-nos em vários projetos e planos ao mesmo tempo.
Em vez de nos concentrarmos numa só coisa, procurando fazê-la o melhor possível, perdemo-nos fazendo saltar o nosso foco de pensamento em pensamento, sem aprofundar nenhum. Podem chegar do passado ou do futuro, mas parecem ter todos a mesma missão: distrair-nos do presente.
Preocupamo-nos com a falta de tempo, mas, na verdade, somos nós que o desperdiçamos, com tanta desatenção.
Importa que, no meio de solicitações sem fim, saibamos dizer não a quase todas. É um paradoxo, mas quanto mais possibilidades temos mais liberdade perdemos, porque nos fragmentam entre tantos afazeres.
Ou naufragamos neste mar de possibilidades, ou aprendemos a navegá-lo. Seria bom que fizéssemos listas de tarefas a não fazer, melhor ainda que fossemos capazes de as cumprir com a certeza de que a nossa felicidade depende disso.
Em que deves colocar a tua atenção de forma estável e duradoura? O que é mais importante, que vale mais do que tudo o que vais deixar de lado? O que te permite ser quem és, não te fazendo querer ser nem melhor nem diferente?
Talvez o que está próximo de ti e a que teimas em não dar tempo nem atenção.
Faz-te presente, foca-te apenas no que és e já tens. Oferece-te de forma plena, concentrada e verdadeira.
Não te distraias com quem deseja que sejas apenas ou seu escravo ou consumidor do que tem para vender. Dedica-te a uma coisa de cada vez e entrega-te inteiro. Não procures ser melhor, apenas quem és. Dá ao mundo o fruto do dom que Deus te deu.
Só isso te fará feliz.
PENSAMENTO DA SEMANA
COM SAL E SOL, EU ESCREVO
Escrevo no meio de tantas derrocadas,
tantas ruínas, tanto desespero,
mas também tanta esperança renovada,
tantos jovens que, no meio do desencanto,
mantêm a pureza das cascatas,
tantas crianças que são a primavera
que chegará um dia e ficará
no coração da terra, quantas vezes
mutilada, humilhada por aqueles
que trazem a ganância no seu sangue.
Com sol e sal eu escrevo.
E todos juntos vamos transformar,
com tudo o que nós temos de coragem,
este mundo idiota
que envia flores aos mortos
e atira pedradas aos vivos.
Sidónio Muralha
INFORMAÇÕES
FESTA DE SANTA BÁRBARA - MANADAS
TRÍDUO - 29 e 30 de novembro 1 de dezembro - Eucaristia às 19 horas.
Confissões - sexta-feira, 1 de dezembro, entre as 18 e as 19 horas.
FESTA dia 3 de dezembro - Eucaristia de festa às 15 horas seguida de Procissão.
Quem desejar ajudar na elaboração dos tradicionais tapetes, o ponto de encontro será na Ermida de Santa Rita, no domingo, dia 3, às 8h30.
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Nº 1173Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
SEJA FEITA A TUA BONDADE!
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)
Eneida Costa
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