Nº 1110
Admira as nuvens, o mar e o vento
Contemplar as nuvens é uma oração diferente, permite-nos saber mais do mundo, de nós próprios e de Deus. O mundo é quase infinito, o céu é ainda maior e cada um de nós está num caminho só seu entre o nada e Deus.
As nuvens, tal como as ideias e as emoções dentro de nós, estão sempre a mudar. Mas também no nosso interior há um sol que se mantém constante e calmo, mesmo que as nuvens mais negras o tentem ocultar. Elas passarão, ele não.
O céu e o mar são nossos, teus e meus. Importa que compreendas e sintas que também és dono do céu e do mar!
Há quem se julgue rico e poderoso só porque tem muitas coisas… mas será que há alguma coisa, daquelas de que se pode ser dono, que valha mais do que o céu ou o mar?
Há um vento em mim que me faz viver, o sopro da vida que, sem cessar, me traz o ar e o leva de volta… assim é desde a primeira inspiração e será até ao último suspiro.
Uma onda é uma forma momentânea do mar, tal como cada um de nós é uma manifestação da vida eterna, uma obra-prima sempre nova a cada dia.
Há quem veja universos lindíssimos onde outros não veem senão vazios.
Sente o vento na tua face e atenta que, tal como o amor, nunca ninguém o viu, só se podendo conhecer pelo que faz.
Admira o vento e encontrarás inspiração e força para ir, assim saibas para onde.
Observa com olhar puro a areia da praia. O que outrora foram rochas duras maiores do que montanhas são agora grãos mínimos, macios e mais leves do que a nuvem mais ínfima, tudo isso foi possível graças à determinação simples e incansável do vento e do mar.
Admira o mar e corrigirás muito do que está mal na tua vida.
Fecha os olhos, entrega os teus pensamentos aos braços do vento e deixa que o teu coração se sinta embalado pela mais bela de todas as melodias: a vida.
Admira as nuvens e encontrarás muitas das respostas que procuras.
MEDITAR
A semente de Deus converte terra árida em chão fecundo
De muitas coisas Ele lhes falou com parábolas (Mateus 13,1-9). As parábolas saem da voz viva do Mestre. Escutá-las é como escutar o murmúrio da fonte, o momento inicial, fresco, espontâneo do Evangelho. As parábolas não são um remedeio ou uma exceção, mas o extremo mais alto e genial, o mais refinado da linguagem de Jesus. Ele amava o lago, os campos de trigo, as extensões de espigas e papoilas, os pássaros em voo, a figueira. Observava a vida e nasciam parábolas. Tomava histórias de vida e delas fazia histórias de Deus, desvelava que «em cada coisa está semeada uma sílaba da Palavra de Deus» (“Laudato si’”).
O semeador sai para semear. Jesus imagina a história, a criação, o reino como uma grande sementeira: é tudo um semear, um voo de trigo ao vento, na terra no coração. É todo um germinar, um brotar, um maturar. Cada vida é narrada como um amanhecer contínuo, uma primavera tenaz. O semeador sai, e o mundo logo engravida. E eis que o semeador, que pode parecer desprevenido, porque parte das sementes cai sobre pedras, silvas e estrada, é, ao invés, aquele que abraça a imperfeição do campo do mundo, e ninguém é discriminado, ninguém excluído da sementeira divina. Somos todos duros, espinhosos, feridos, opacos, mas a nossa humanidade imperfeita é também um torrão de terra boa, sempre apta a dar vida às sementes de Deus.
Há no campo do mundo, e naquele do meu coração, forças que contrastam a vida e os nascimentos. A parábola não explica porque é que isso acontece. E também não explica como arrancar ervas daminhas, remover pedras, expulsar pássaros. Mas fala-nos de um semeador esperançoso, cuja confiança, no fim, não é traída: no mundo e no meu coração está a crescer trigo, está a amadurecer uma profecia de pão e de fome saciada. Explica-o o verbo mais importante da parábola: deu fruto. Até cem por um. E não é um piedoso exagero. Vai a uma seara e vê que, por vezes, de um só grão podem brotar vários caules, cada um com a sua espiga. A ética evangélica não procura campos perfeitos, mas fecundos. O olhar do Senhor não pousa sobre os meus defeitos, sobre pedras ou silvas, mas sobre o poder da Palavra que revira os torrões pedregosos, protege os rebentos novos e rebela-se contra toda a esterilidade.
E fará de mim terra boa, terra mãe, berço acolhedor de embriões divinos. Jesus narra a beleza de um Deus que não vem como ceifeiro das nossas poucas searas, mas como o semeador infatigável das nossas charnecas e abrolhais. E aprenderei dele a não precisar de colheitas, mas de grandes campos a semear em conjunto, e de um coração não roubado; preciso do Deus semeador, que as minhas aridezes nunca detêm.
Ermes Ronchi
Ter a ousadia de perguntar. Ter ousadia de incomodar
Sou grata a quem tem ousadia de me perguntar coisas. Sou grata por aqueles que não temem incomodar e me questionam, não para me pôr à prova, mas para realmente ouvir o que tenho a dizer.
Sabes amiga, sinto que vamos perdendo a vontade de perguntar. Escondemo-nos na desculpa” não quero incomodar” e fugimos de querer saber o que realmente é importante na vida uns dos outros. Quando vemos alguém mais abatido ou distante somos muito rápidos a fazer juízos de valor mas demasiado lentos para questionar:” O que se passa?”. “Porque estás assim?”
Porque não perguntamos?
Será que não queremos saber?
Será que não queremos carregar as dores dos outros?
Porque achas que será?
A pergunta significa que alguém quer saber, está interessado e se preocupa. E sabe tão bem termos quem se preocupe connosco!
Há quem não goste de ser importunado e sente qualquer pergunta como uma invasão da sua privacidade, mas acredito que também essas gostam de ter boas conversas.
Outros passaram por experiências terríveis de quebra de confiança e são incapazes de dar espaço a que se lhes façam perguntas, mas mesmo esses…precisam de boas relações e de curar feridas.
As perguntas são bons pontos de partida, mas devem ser sinceras e quem as faz deve estar preparado para ouvir o que daí vem.
Mas será que estamos preparados para ouvir o que o outro nos vai dizer?
Vamos arranjar tempo, amiga, vamos fazer perguntas, porque eu quero saber como estás.
E tu amiga, o que falta que te perguntem?
PENSAMENTO DA SEMANA
Ensina-me o caminho que seguem as estrelas cadentes
ou o caminho traçado por um raio na sua queda
ou o da chuva
ou o dos seres que despertas com a tua voz
e que adormecem quando te calas.
Ensina-me o caminho do desejo.
Ensina-me a esquecer as pegadas dos meus passos na terra.
Chantal Maillard
INFORMAÇÕES
ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
MANADAS - quinta-feira, 20 de julho, entre as 10 horas e as 11 horas.
RIBEIRA SECA - sexta-feira, 21 de julho, entre as 17 horas e as 18 horas.
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Nº 1170Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
“ENSINAR É AMAR”
"Ser professor é dar-se (...) Tens muito que fazer? – Não; tenho muito que amar. Não entendo ser professor de outra maneira. (...)
Para ser professor, também é preciso ter as mãos purificadas. A toda a hora temos de tocar em flores. A toda a hora a Poesia nos visita. O aluno acredita em nós e não deve acreditar em vão. Impõe-se-nos que mereçamos, com a nossa, a pureza dos nossos alunos; que a nossa alimente a deles, a mantenha. (...)
Sejamos a lição em pessoa – que é isso mais importante e mais eficaz que sermos o papel onde a lição está escrita; e possamos dizer sem constrangimento: Deixai-as vir a mim, as criancinhas…”
Sebastião da Gama, in Diário
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