Nº 1109

 

A vida é (só) um sopro

É isso que a vida é:

 

Uma vela que se acende e nos recorda que é à luz que havemos de voltar a pertencer.

Uma brisa do vento que nem sabe que passa.

Que nem sabe que existe.

Uma pincelada de uma cor ao calhas.

Uma nostalgia entre o nunca ter o tudo que se quer e o saber que já tudo se tem.

 

É só isso que a vida é:

Um sopro bonito de quem respira e não sabe.

De quem vê tudo com olhos que têm mestrado em distração.

Um copo fresco por fora a abraçar o corpo do vinho de dentro.

Uma fresta de uma janela em que só reparamos quando se fecha ou faz barulho.

Uma estrela acesa por cima das nossas cabeças enleadas de pensamentos que não valem nada.

 

Só um sopro.

 

Uma inspiração profunda e um deixar ir tudo como quem expira o que não interessa, já, ao coração.

Uma almofada quente encostada à pele da alma. Sem queimar e sem arder.

Um brilho de luzes-verdade no meio de tanta mentira.

Um sopro baixinho. Um murmúrio. Um segredo dito por quem nunca soube nada.

Uma casca de uma lima ou de um limão. Que ao mesmo tempo que perfuma faz doer as feridas todas, se as tivermos.

 

Um fósforo que se acende uma vez só.

 

Quem nos dera ser só esse sopro. E que só esse sopro nos chegasse para fazer a vida valer a pena.

Marta Arrais

 

MEDITAR

 

Deus revela-se simples aos simples

 

Num dia como o de hoje, Jesus surpreendeu a todos ao agradecer a Deus pelo Seu sucesso com o povo simples da Galileia e pelo Seu fracasso entre os mestres da lei, escribas e sacerdotes:

«Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.» Vê-se Jesus contente. «Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do Teu agrado.» Essa é a maneira de Deus revelar as Suas «coisas».

As pessoas simples abrem-se a Deus com o coração limpo.

Estão dispostos a deixar-se ensinar por Jesus. O Pai está a revelar-lhes o seu amor através Dele. Entendem Jesus como ninguém.

 No entanto, os «sábios e entendidos» não entendem nada. Têm a sua própria visão douta de Deus e da religião. Acreditam que sabem tudo. Eles não aprendem nada de novo com Jesus. A sua visão fechada e o seu coração endurecido impedem-nos de se abrirem à revelação do Pai através do seu Filho.

 Jesus termina a Sua oração, mas continua a pensar nas «pessoas simples». Eles vivem oprimidos pelos poderosos e não encontram alívio na religião do templo. A sua vida é dura, e a doutrina que lhes é oferecida pelos «entendidos» torna-a ainda mais dura e difícil.

Jesus faz-lhes três chamamentos

 «Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.»

O primeiro chamamento é dirigida a todos os que sentem a religião como um fardo e aos que vivem sobrecarregados por normas e doutrinas que os impedem de captar a alegria da salvação. Se se encontram vitalmente com Jesus, experimentarão um alívio imediato: «Eu vos aliviarei».

 «Carregai o meu jugo… porque é suportável e a minha carga é leve.»

Há que mudar o jugo. Abandonar o dos «sábios e entendidos», pois não é leve, e carregar com o de Jesus, que torna a vida mais suportável. Não porque Jesus exija menos. Exige mais, mas de outra forma. Exige o essencial: o amor que liberta e faz viver.« Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.» Há que aprender a cumprir a lei e viver a religião com o Seu espírito. Jesus não «complica» a vida, torna-a mais simples e mais humilde. Não oprime, ajuda a viver de forma mais digna e humana. É um «descanso» encontra-se com Ele.

 José António Pagola

 

Três chamadas de Jesus

 O evangelho de Mateus recolheu três chamadas de Jesus que temos de escutar com atenção como seus seguidores, pois podem transformar o clima de desalento, cansaço e aborrecimento que por vezes se respira em alguns setores das nossas comunidades cristãs.

«Vinde a mim todos os que estão fatigados e oprimidos, e Eu os aliviarei».

É a primeira chamada. Está dirigida a todos os que vivem a sua religião como uma carga pesada. Não são poucos os cristãos que vivem oprimidos pela sua consciência. Não são grandes pecadores.

Simplesmente foram educados para ter sempre presente o seu pecado e não conhecem a alegria do perdão contínuo de Deus. Se se encontram com Jesus irão sentir-se aliviados.

Há também cristãos cansados de viver a sua religião como uma tradição gasta. Se se encontram com Jesus aprenderão a viver confiando num Deus Pai. Descobrirão uma alegria interior que hoje não conhecem. Seguirão Jesus não por obrigação, mas por atração.

«Carregai o Meu jugo, porque é suportável, e a minha carga, leve».

É a segunda chamada. Jesus não sobrecarrega ninguém. Pelo contrário, liberta o melhor que há em nós, pois nos propõe viver fazendo a vida mais humana, digna e sã. Não é fácil encontrar um modo mais apaixonante de viver.

Jesus liberta de medos e pressões, não os introduz; faz crescer a nossa liberdade, não nossas servidões; desperta em nós a confiança, nunca a tristeza; atrai-nos para o amor, não para as leis e preceitos. Convida-nos a viver fazendo o bem.

«Aprendei de mim, que sou simples e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas vidas».

É a terceira chamada. Temos de aprender de Jesus a viver como Ele. Jesus não complica a vida. Torna-a mais clara e simples, mais humilde e mais sã. Oferece descanso. Não propõe nunca aos seus seguidores algo que Ele não tenha vivido. Por isso pode entender as nossas dificuldades e os nossos esforços, pode perdoar nossa falta de jeito e nossos erros, animando-nos sempre a levantar-nos.

Temos de centrar os nossos esforços em promover um contato mais vital com Jesus nas nossas comunidades, tão necessitadas de alento, descanso e paz. Entristece-me ver que é precisamente o seu modo de entender e de viver a religião que conduz não poucos, quase inevitavelmente, a não conhecer a experiência de confiar em Jesus. Penso em tantas pessoas que, dentro e fora da Igreja, vivem «perdidas», sem saber a que porta chamar. Sei que Jesus poderia ser para elas a grande notícia.

 

Ermes Ronchi

 

Bem-aventuranças de quem sabe celebrar a vida

 

Felizes são aqueles que sabem aproveitar a vida como se fosse uma festa contínua, que apreciam os aperitivos que cada dia lhes oferece, que apreciam a comida celebrada em comum com os outros, as sobremesas doces em diálogo intimista, o café, que é o pretexto para dois dedos de conversa.

Felizes são aqueles que celebram cada feliz acontecimento da sua existência, lembrando os eventos que fortaleceram as amizades, comemorando o passado no presente.

Felizes são aqueles que se alegram com as boas notícias, que sabem apreciar e reconhecer os factos decisivos na sua trajetória de vida e na dos outros.

Felizes são aqueles para quem a simples coexistência de cada dia é uma festa permanente e sabem como criar novidade, evitando assim o cinza da monotonia.

Felizes são aqueles que convidam amigos para sua casa, que se sentem totalmente satisfeitos e felizes por celebrar a bela experiência de cada momento vivido com eles.

Felizes são aqueles que transformam todos os dias da semana em dias festivos, sagrados, divinos, dias para encontros, para as surpresas, para rir, para distribuir a todos o presente de um mimo, de uma delicadeza.

Felizes são aqueles que transformam o posto de trabalho num lugar agradável, a casa num clima caloroso de convivência, o compromisso de vida – casamento, sacerdócio, vida consagrada, vida dedicada – numa experiência de confiança.

Felizes são aqueles que festejam, celebram, convidam, dão as boas-vindas, acolhem, se reúnem, se alegram, apreciam, agradecem. A vida será para eles um verdadeiro banquete, no qual estão presentes seja os problemas seja as alegrias da existência.

Miguel Ángel Mesa Bouzas, in  Fé Adulta

 

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Todos nós precisamos deste tipo de estímulo; cada vez que meu trabalho é elogiado, eu torno-me mais humilde, porque não me sinto ignorado ou indesejado.

Todos possuem algo que merece ser elogiado. Elogios significam: compreensão. Somos excelentes seres humanos no nosso íntimo, e ninguém é melhor que os outros; aprenda a ver a grandeza do seu próximo, e verá também a sua própria grandeza.


Kahlil Gibran


 INFORMAÇÕES

 

ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

MANADAS - quinta-feira, 13 de julho, entre as 10 horas e as 11 horas.

RIBEIRA SECA - sexta-feira, 14 de julho, entre as 17 horas e as 18 horas.  

 

MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA

No próximo domingo, 16 de julho, às 16h30 horas.

 

CELEBRAÇÃO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA NA RIBEIRA SECA

Dia 12 de julho, às 17:30 horas, oração do Terço, celebração da Eucaristia e Procissão no interior da igreja.

 

FESTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO NA FAJÃ DOS VIMES

A Missa de Festa do dia 16 de julho é às 18h00 seguida de procissão.


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Agenda Pastoral

Destaque

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Nº 1173

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 SEJA FEITA A TUA BONDADE!

"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)

Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.

Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.

Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"

Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.

À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:

Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!

Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)

"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)

 

Eneida Costa

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