Nº 1067
Um dia houve alguém que sonhou
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou que a Sua Palavra tocaria os simples e incomodaria os que se sentiriam intocáveis. Sonhou que na Sua mesa não faltaria pão e vinho para os que lhe procurassem de coração humilde e com toda a sua inteireza.
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou que jamais existiria divisão entre puros e impuros. Sonhou que todas as Suas palavras eram escutadas por quem tem sede e fome de amor. Sonhou que poderia deixar entregue o Seu Reino a uma só Igreja. Uma Igreja que se importaria mais com a humanização dos gestos do que com a verbalização das doutrinas.
Um dia houve alguém que sonhou. E para isso deu a conhecer um Pai com entranhas de Mãe, porque só quem sonha consegue ver e praticar a misericórdia. Sonhou com a certeza de que a compaixão conseguiria erguer tantos e tantas. Dando-lhes a possibilidade de poder recomeçar vezes sem fim e de poderem regressar a casa em festa.
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou elevar a Sua humanidade para que ninguém pudesse duvidar da Sua divindade. Sonhou que o Seu olhar daria a alegria de se saberem amados. Sonhou que o Seu toque daria a felicidade de se saberem erguidos. Sonhou que todos e todas pudessem sentir-se ovelhas do mesmo rebanho, não por intimidação, mas por reconhecerem o seu amado.
Um dia houve alguém que sonhou. E não descansou enquanto não deixou tudo planeado. Não desistiu enquanto não transmitiu tudo àqueles que O seguiam. Porque Ele bem sabia que o Seu sonho não era coisa para ficar dentro de Si. Ele bem sabia que tinha de se cumprir para que o Mundo jamais ficasse na mesma.
Um dia houve alguém que sonhou. Sonhou mais alto do que todos os homens e mulheres e para que o Seu sonho ganhasse forma teve de o concretizar com a Sua vida. Por inteiro. Doando-se sem medidas.
Um dia houve alguém que sonhou e por isso amou.
MEDITAR
As feridas do Senhor e a alegria de crer
Os discípulos estavam fechados em casa por medo dos judeus. Traíram, fugiram, ainda estão com medo: o que haverá de menos confiável que esse grupo perturbado? E todavia Jesus vem. Uma comunidade fechada onde não se está bem, portas e janelas trancadas, onde falta o ar e se sentem ansiosos. E todavia Jesus vem. Não por cima, não pelos lados, mas, diz o Evangelho, no meio deles.
E diz: A paz esteja convosco. Não se trata de um desejo ou de uma promessa, mas é uma afirmação: é a paz, a paz aqui. A paz que desce dentro de ti, que vem de Deus, a paz sobre os vossos medos, sobre os vossos sentimentos de culpa, sobre os sonhos não realizados, sobre as insatisfações que desanimam os dias. Mas alguém vem e sai daquela sala, entra e sai: os dois de Emaús, Tomé, o corajoso. Jesus e Tomé, os dois procuram-se. Aproximam-se.
Oito dias depois, ainda ali estavam todos juntos. Jesus volta, no mais profundo respeito: em vez de os repreender, coloca-se à disposição das suas mãos. Tomé não se contentou com as palavras dos outros dez; não precisava de um relato, mas de um encontro com o seu Senhor.
Que vem uma primeira vez, mas depois volta, e que, em vez de se impor, se propõe; em vez de se retirar, se expõe às mãos de Tomé: coloca aqui o teu dedo; estende a tua mão e mete-a no meu lado. A ressurreição não fechou os orifícios dos pregos, nem uniu os lábios das feridas.
Porque a morte na cruz não é um simples incidente a superar: essas feridas são a glória de Deus, o ponto mais alto do amor, e então permanecerão eternamente abertas. Nessa carne, o amor escreveu a sua história com o alfabeto das feridas, indelével, daqui em diante, como o próprio amor.
O Evangelho não diz se Tomé realmente tocou, se enfiou o dedo na ferida. Dá-se por satisfeito com aquele Jesus que se propõe, mais uma vez, uma enésima vez, com essa humildade, com essa confiança, com essa liberdade, que nunca se cansa de vir ao encontro, que não desiste dos seus, mesmo de quem o abandonou.
É o seu estilo, é Ele, não te podes enganar: meu Senhor e meu Deus. Porque me viste, acreditaste; Bem-aventurados os que não viram e creram! Uma bênção para nós que não vemos, que procuramos, tateando com dificuldade, até que finalmente a sentimos também nossa.
Grande educador, Jesus: forma os seus para a liberdade, para ficarem livres dos sinais exteriores, para tenderem mais à busca pessoal que à docilidade. Bem-aventurados os crentes!
Fé é o risco de ser feliz. Uma vida certamente não mais fácil, mas mais completa e mais vibrante. Ferida sim, mas luminosa. Assim termina o Evangelho, assim começa o nosso discipulado: com o risco de ser feliz, trazendo as nossas feridas de luz.
Ermes Ronchi
QUANDO FOR GRANDE
Quando eu for grande, Pai, quero ser Bom como Tu.
Quando eu for grande, Pai, quero ter entranhas de misericórdia que se comovam, revolvam e resolvam diante do sofrimento dos outros.
Quero saber o Nome de muita gente, sobretudo daqueles que não têm Nome, que perderam a cara ou a deixaram colada a alguma máscara antiga,
que deixaram a dignidade escondida numa cova qualquer
à espera do dia em que possam voltar a buscá-la.
Quero ter histórias para contar com gente que não conta para ninguém! (...)
Quando eu for grande, Pai, é porque finalmente perdi a mania das grandezas.
Vou amar o que é pequeno e encantar-me com a fragilidade,
entusiasmar-me com a dádiva e emocionar-me com a debilidade,
vou amar a carência e entregar-me inteiramente sem esperar recompensa.
Rui Santiago Cssr, in Ora Vê
PENSAMENTO DA SEMANA
O Ressuscitado pede-nos para renascer, todos os dias,
para nos distanciarmos do nosso pequeno e prepotente eu,
para fazermos viver em nós um Tu maior,
para morrermos para os nossos apegos, as nossas certezas,
para darmos lugar ao deserto e esperarmos pela chuva.
Pela água que desce do céu e faz florescer até a areia.
Susanna Tamaro, in "O Fogo e o Vento"
INFORMAÇÕES
ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO
RIBEIRA SECA - quarta-feira, 19 de abril, entre as 17 horas e as 18 horas.
MANADAS - quinta-feira, 20 de abril, entre as 10 horas e as 11 horas.
FESTA DE SÃO JORGE
Dia 23 de Abril - Às 11 horas Eucaristia de Festa seguida de Procissão.
MENSAGEM DE FÁTIMA
No próximo domingo, 23 de abril, a Mensagem de Fátima da Ribeira Seca convida os idosos da freguesia para a festa em louvor do Divino Espírito Santo.
PALESTRA AUDITÓRIO DA ESCOLA DA CALHETA
No dia 17 de abril, pelas 20 horas, no Auditória da Escola da Calheta, vai realizar-se uma Palestra sobre “A Igualdade de Género” proferida por pela Dr.ª Elizabete Brasil, ilustre Jorgense, licenciada em Direito, é investigadora do CISC.NOVA. Perita do EIGE - Instituto Europeu para Igualdade de Género na área da violência Doméstica e Presidente da Direção da FEM - Feministas em Movimento - Associação.
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Nº 1173Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
SEJA FEITA A TUA BONDADE!
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)
Eneida Costa
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