Nº 1075

 O que fazes ao que recebes?

Aquilo que somos depende do que fazemos com o que recebemos.

A nossa primeira responsabilidade será a de estarmos atentos a quem nos rodeia e a tudo aquilo que faz parte das nossas circunstâncias a cada hora. Devemos estar concentrados na procura de todas as bondades e belezas que podem alimentar a nossa vida, mas não para nós, antes sim para as entregarmos a quem delas mais precisa.

 Há quem não esteja atento. Não procura, não encontra, não tem para dar. Outros buscam, mas julgam que tudo o que encontram é só para si, algumas vezes sob a desculpa de que são os mais necessitados!

 Talvez Deus nos faça chegar tudo aquilo de que precisamos através dos outros. E aos outros através de nós… é preciso estar atento.

 Depois, precisamos de nos esforçar por compreender aquilo que se passa nos nossos dias. Sem certezas de que o consigamos, mas também sem a convicção de que tal é impossível. Portanto, sem preguiça e com dedicação. Aqueles que estão próximo de nós também precisam de quem os ajude a compreender e a compreender-se. Esforça-te por prestar essa ajuda.

 De tudo o que te for dado, tenta não ficar com nada de que não precises mesmo. O resto, que será muito, dá tudo. Com critério. Dá a quem precisa aquilo que precisa. Não te ponhas a dar água a quem tem fome, nem roupa a quem tem fome.

 Confia que não estás só. Nunca. Mesmo quando o sentes no mais fundo de ti. Quando te escassear a fé, pensa que a vida a que chamas tua te foi dada, quando ainda nada tinhas feito para a merecer. Como pode alguém acreditar que a sua existência se deve apenas a séries lógicas de acasos sem sentido?

 Amar é sacrificar-se em favor do outro, é dar-se para que o outro seja feliz. E ser feliz porque o outro o é.

 Quase nada do que recebes é para ti.

 Não te apegues a nada do que te é dado. Não só porque nada será algum dia mesmo teu, como também porque chegará sempre o momento em que tens de largar tudo o que tens e ficar apenas com o que conseguiste ser.

 És o que fazes com o que recebeste. Nada mais.

 

José Luís Nunes Martins

 

 

 

 

MEDITAR

Tempos de crise

Nos Evangelhos recolhem-se alguns textos de caráter apocalíptico em que não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs envolvidas em situações trágicas enquanto esperam, com angústia e no meio de perseguições, o final dos tempos.

Segundo o relato de Lucas, os tempos difíceis não devem ser tempos de lamentos e desalento. Não é tampouco a hora da resignação ou da fuga. A ideia de Jesus é outra. Precisamente em tempos de crise, “tereis ocasião de dar testemunho”. É então quando nos é oferecida a melhor oportunidade para dar testemunho da nossa adesão a Jesus e ao Seu projeto.

Levamos muito tempo sofrendo uma crise que golpeia duramente a muitos. O que aconteceu neste tempo permite-nos conhecer já com realismo o dano social e o sofrimento que gera. Não terá chegado o momento de avaliarmos como estamos a reagir?

Talvez, o primeiro seja rever profundamente a nossa atitude: Temo-nos posicionado de forma responsável, despertando em nós um sentido básico de solidariedade ou estamos a viver de costas a tudo o que pode perturbar a nossa tranquilidade? Que fazemos a partir dos nossos grupos e comunidades cristãs? Marcamos a nós próprios uma linha de ação generosa ou vivemos celebrando a nossa fé à margem do que está a acontecer?

A crise está  a abrir uma fratura social injusta entre aqueles que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão a ser excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não sentimos o chamamento para introduzir “cortes” na nossa vida, para viver assim nos próximos anos, de forma mais sóbria e solidária?

Pouco a pouco, vamos conhecendo mais de perto quem vai ficando mais indefeso e sem recursos (famílias sem rendimento algum, desempregados de longa duração, imigrantes doentes...). Será que nos preocupamos em abrir os olhos para ver se nos podemos  comprometer em aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em alguma iniciativa realista a partir das comunidades cristãs?

Não devemos esquecer que a crise não cria só empobrecimento material. Gera também insegurança, medo, impotência e experiência de fracasso. Desfaz projetos, afunda famílias, destrói a esperança. Não teremos de recuperar a importância da ajuda entre familiares, o apoio entre vizinhos, o acolhimento e acompanhamento a partir da comunidade cristã? Poucas coisas podem ser mais nobres nestes momentos do que o aprender a cuidar-nos mutuamente.

 

 José António Pagola

 

Precisamos uns dos outros

Somos seres criados para a comunhão, para a cooperação.

Esta gera frutos bem mais saborosos do que qualquer investimento colocado na competição.

A nossa interdependência é maior do que aquilo que pensamos ou mesmo que desejamos.

Somos seres cuja vida depende de alguém que decidiu carregar-nos nove meses, e outros muitos mais decidiu, no amor, alimentar-nos, vestir-nos, dar-nos os medicamentos necessários, junto com o afeto que nos tornou o que somos hoje.

O nosso Povo diz que “uma mão dá o pão e outra a criação”. Assim é.

Não se trata sequer de ficarmos dependentes a vida toda em dimensões da nossa existência, mas da necessidade de criarmos consciência de que a auto-suficiência fecha-nos em nós mesmos, leva-nos a criar mofo interior e de que esta só nos isola e cria imagens falsas de nós próprios. 

É para a comunhão que fomos criados.

Para a co-criação.

O trigo que é pousado sobre a nossa mesa foi algures semeado, colhido, triturado, misturado com água e sal, levedado, colocado no forno… e chegou até nós. Quantas mãos tocaram uns simples grãos de trigo até que ele se fizesse vida em nós!

Uma mão precisa da outra para lavar o rosto, pois uma sozinha torna-se num esforço medonho; uma perna a suportar o peso do corpo cansa-se mais rápido do que se forem as duas a valer-se em conjunto.

A comunhão é o ponto de partida e o ponto de chegada da nossa existência.

Um ser não anula o outro mas antes o pode complementar.

Não sabemos tudo e o que sabemos é tão pouco; o mesmo acontecimento, quando observado por diferentes pessoas, pode oferecer-nos uma leitura mais ampla da realidade; a contemplação do mesmo pôr-do-sol oferece perspetivas diferentes da grandeza da criação.

Precisamos uns dos outros. E isso traz-nos a responsabilidade de criarmos disponibilidade em nós e a certeza de que a vida vale mais sendo em comunhão!

E isso só pode ser bom.

 Cristina Duarte

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

NÃO PODEMOS CONTINUAR CRISTÃOS DECORATIVOS

Somos chamados a ser cristãos que surpreendem e que despertam os sonhos e desejos dos que dormem na passividade.

O mundo de hoje precisa de loucos, de artistas e de poetas. De homens e mulheres entusiasmados, cheios de Deus, capazes de realizar gestos insólitos e surpreendentes na sua fantasia; provocadores na sua liberdade, para quem as bem-aventuranças são uma desconcertante sinfonia em que tudo será um milagre, porque tudo será virado do avesso.

Não podemos continuar cristãos decorativos, pois Deus não nos seduz quando nos é imposto nos nossos cérebros, mas quando possui, porque precisa, os nossos corações apaixonados.

Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts (Adaptado)


 

INFORMAÇÕES

MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA

No próximo domingo, 20 de novembro, às 15h30 horas.


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Nº 1151

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Quando Jesus diz «Eis o teu filho», indica alguém que caminha ao nosso lado na existência.

Quando acrescenta «Eis a tua mãe», indica alguém que, um dia, nos socorrerá, nos ajudará a viver: inumeráveis pequenas mães da nossa existência, os muitos samaritanos, quem quer que ainda agora nos apoie na vida.

Filho e mãe para cada criatura: é este o homem de Deus.

Filho e mãe para cada vida: é este todo aquele que pertence a Cristo.

No fundo, a única heresia é a indiferença.

Ermes Ronchi, in As casas de Maria

 

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