Nº 1058
Precisas de ouvir mais
O silêncio é uma forma simples e muito eficaz de dar espaço e tempo ao outro. De lhe dar a importância que outros lhe negam sempre que decidem carregá-lo com discursos sem fim nem grande sentido.
É incrível o quanto se pode aprender sobre alguém só de estar a seu lado em silêncio e com atenção. Para muita gente, o silêncio é um incómodo, pelo que tentam preenchê-lo, falando de si! Revelam-se, porque não se suportam! Quase como se tivessem vergonha de serem quem são… sentem a sua voz interior como uma ameaça.
Quando escutamos, podemos ouvir o que nos dizem, mas também, e talvez ainda mais importante, o que não nos dizem!
Por vezes, falar é uma forma da vaidade se alimentar a si mesma. Alguns só falam porque são incapazes de se calar…
Mesmo as conversas que começam por ser sobre algo útil, em pouco tempo chegam a assuntos desnecessários e, sempre que continuam por aí, acabam em temas despropositados, com afirmações quase sempre imprudentes.
Aprender a fazer silêncio é essencial, porque nos coloca no nosso lugar. Os sofrimentos ensinam-nos a arte do silêncio. A felicidade também.
Pensar a vida, e cada uma das suas dimensões concretas em nós, demora. Exige calma e concentração, atenção ao exterior, e paz interior.
Mais, mesmo que tenhas algo importante a dizer, ainda assim isso não te dá o direito de o declarar sem que tenhas de esperar pelo momento certo para o fazer.
Precisas de ouvir mais. Até porque o mais provável é que haja muita gente a precisar que tu os escutes.
E quando alguém partilhar contigo o seu coração, aceita-o. Escuta com toda a atenção. Não estejas apenas à espera da tua vez de falar e a pensar no que vais dizer.
Quando escutares, escuta.
Escutar já é uma resposta!
MEDITAR
Não há nada mais necessário
O episódio é algo surpreendente. Os discípulos que acompanham Jesus desapareceram de cena. Lázaro, irmão de Marta e Maria, está ausente. Na casa da pequena aldeia de Betânia, Jesus encontra-se a sós com duas mulheres que adotam, diante de sua chegada, duas atitudes diferentes.
Marta, que sem dúvida é a irmã mais velha, acolhe Jesus como dona de casa e coloca-se totalmente ao seu serviço. É natural. Segundo a mentalidade da época, a dedicação aos afazeres domésticos era tarefa exclusiva da mulher. Maria, pelo contrário, a irmã mais nova, senta-se aos pés de Jesus para escutar a Sua palavra. A sua atitude é surpreendente, pois ela está ocupando o lugar próprio de um “discípulo”, que corresponde somente aos homens.
Em determinado momento, Marta, absorta pelo trabalho e muito cansada, sente-se abandonada pela sua irmã e incompreendida por Jesus: “Senhor, não te importa que a minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!”. Por que não manda a sua irmã que se dedique às tarefas próprias de toda mulher e deixe de ocupar o lugar reservado aos discípulos do sexo masculino?
A resposta de Jesus é de grande importância. Lucas relata-a pensando provavelmente nas divergências e pequenos conflitos que se produzem nas primeiras comunidades no momento de definir as várias tarefas: “Marta, Marta, andas inquieta e nervosa com muitas coisas, quando na realidade só uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.
Em nenhum momento Jesus critica Marta, a sua atitude de serviço, tarefa fundamental para os que seguem Jesus, mas convida-a a não se deixar absorver pelo seu trabalho até o ponto de perder a paz. Recorda que escutar a Sua Palavra deve ser uma prioridade para todos, também para as mulheres e não uma espécie de privilégio para os homens.
Hoje é urgente entender e organizar a comunidade cristã como um lugar onde se cuida, acima de tudo, do acolhimento do Evangelho no meio da sociedade secular e pluralista dos nossos dias. Nada é mais importante. Nada é mais necessário. Temos de aprender a reunirmo-nos mulheres e homens, crentes e menos crentes, em pequenos grupos para escutar e partilhar juntos as palavras de Jesus.
Esta escuta do Evangelho em pequenas “células” pode ser hoje a “matriz” a partir da qual se vá regenerando o tecido das nossas paróquias em crise. Se o povo humilde conhece em primeira mão o Evangelho de Jesus, o desfruta e o reivindica à hierarquia, nos arrastará a todos em direção a Jesus.
José Antonio Pagola
ORAÇÃO PELO SEGUNDO DIA MUNDIAL
DOS AVÓS E DOS IDOSOS
Dou-Vos graças, Senhor,
pela bênção de uma longa vida,
porque quem em Vós se refugia,
Vós sempre lhes concedeis dar frutos.
Perdoai, ó Senhor,
a resignação e o desencanto,
mas não me abandoneis
quando as minhas forças se esvaem.
Ensinai-me a olhar com esperança
para o futuro que me dais,
para a missão que me confiais,
e a cantar para sempre os vossos louvores.
Fazei de mim um terno artífice
da Vossa revolução,
para guardar com amor os meus netos
e todos os pequeninos que em Vós procuram abrigo.
Protegei, ó Senhor, o Papa Francisco
e concedei a Vossa Igreja
libertar o mundo da solidão.
Dirigi os nossos passos no caminho da paz.
Amém.
PENSAMENTO DA SEMANA
Senhor, dá-nos a alegria de viver a nossa vida, não como um jogo de xadrez; onde tudo é calculado;
não como uma competição onde tudo é difícil;
não como um teorema que nos quebra a cabeça,
mas como uma festa sem fim onde o nosso encontro se renova,
como um baile, uma dança, entre os braços da tua graça, na música universal do Teu amor.
Senhor, vem tirar-nos para a dança.
Madeleine Delbrêl
INFORMAÇÕES
FESTA DE SÃO TIAGO MAIOR - RIBEIRA SECA
Tríduo: Dias 20, 21 e 22 de julho às 19h00.
Confissões no dia 22 das 17h00 às 18h00.
Adoração do Santíssimo - 6ª Feira 22 de julho - entre as 17 e as 18 horas.
Dia 24 de julho - Missa de festa às 11h30 seguida de Procissão.
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Nº 1168Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
«O amor é uma coisa «perigosa», só ele traz a única revolução que proporciona felicidade.
São poucos os que são capazes de amar, e tão poucos os que querem o amor.
Amamos segundo as nossas próprias condições, fazendo do amor um coisa de mercado. Temos mentalidade mercantil, mas o amor não é comercializável nem é um negócio de troca.
O amor é um estado de ser, no qual todos os problemas humanos se resolvem. Vamos ao poço com um dedal e assim a vida torna-se uma coisa sem qualidade, insignificante e limitada.»
J. Krishnamurti, in "Cartas a uma jovem amiga
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