Nº 1050

 

Demora-te (dentro de um abraço)

O mundo corre mais depressa do que o tempo. O tempo não pára e dizem-nos que não podemos demorar. Ensinaram-nos, e ensinam-nos todos os dias, que não há tempo para parar. Não há tempo para demorar. E vamos passando, apressados, pelos dias, quase sempre sem parar. Sem reparar. Sem sentir, nada mais do que a correria do mundo e do tempo. Quase, até, sem respirar. Sem viver para o que realmente nos faz viver. Para o que nos faz amar.

Mas, hoje, eu quero dizer-te uma coisa: demora-te.

Dentro de um abraço.

Abraça alguém de quem gostas muito. Abraça alguém que precisa de um abraço. Abraça alguém porque tu precisas de um abraço. Abraça porque um abraço é a forma mais bonita de (de)morar. E demora-te.

Demora-te dentro de um abraço que, mesmo antes de abrir os braços, já está a chamar-te. Um abraço que te chama com o olhar, um abraço que te convida a entrar. A ficar. A morar. Demora-te dentro de um abraço que te abraça por inteiro. Um abraço que segura cada pedaço do teu coração. Da tua alma. Demora-te dentro de um abraço que te cura. Um abraço que sossega os medos. Um abraço que acalma as tempestades. Um abraço que te salva. Demora-te dentro de um abraço que te aquece quando o mundo é frio (e quando não é, também). Um abraço que te mostra o mundo mais bonito de todos os mundos. Demora-te dentro de um abraço-casa. Um abraço que te guarda dentro. Um abraço que te abriga do mundo inteiro. Um abraço que é o teu lugar. Demora-te dentro de um abraço que é a forma do amor. Um abraço que enlaça dois corações. Um abraço que te abraça para sempre. Demora-te dentro de um abraço que chega quando mais nada chega.

Demora-te dentro de um abraço. Mesmo que o mundo corra mais depressa do que o tempo. Mesmo que o tempo não pare e que digam que não podemos demorar. Demora-te. Demora-te, porque é dentro de um abraço que o mundo pára. Que o tempo pára. E só quando paramos para nos demorarmos em algo, em alguém, é que vivemos. É que amamos.

 E a verdade é esta: Mesmo que o mundo corra mais depressa do que o tempo e mesmo que o tempo não pare, não há correria nenhuma no mundo que compense o amor de um abraço demorado. E o milagre de um coração a sorrir.

Daniela Barreira

 

 

MEDITAR

 

O grande presente de Jesus: «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.»

Seguindo o costume judaico, os primeiros cristãos cumprimentavam-se desejando-se um mutuamente «paz». Não era uma saudação rotineira e convencional. Para eles tinha um significado mais profundo. Numa carta que Paulo escreve por volta do ano 61 a uma comunidade cristã da Ásia Menor, manifesta-lhes o seu grande desejo: «Que a paz de Cristo reine nos vossos corações.»

Esta paz não deve ser confundida com qualquer coisa. Não é apenas uma ausência de conflitos e tensões. Nem uma sensação de bem-estar ou uma procura de tranquilidade interior. Segundo o Evangelho de João, é o grande presente de Jesus, a herança que quis deixar para sempre aos seus seguidores. Assim diz Jesus: «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.»

«Não fomos salvos pela crucificação de Jesus, 

nem fomos salvos pela morte de Jesus, que foi assassinato. 

Somos salvos pela Vida de Jesus, doada até à morte.»

Gabriel Cifermann

Jesus já tinha indicado aos seus discípulos, quando os enviou a construir o reino de Deus: «Na casa em que entrares, dizei primeiro, “Paz a esta casa”.» Para humanizar a vida, a primeira coisa é semear a paz, não a violência; promover respeito, diálogo e a escuta mútua, não imposição, confronto e dogmatismo.

Porque é tão difícil a paz? Porque voltamos uma e outra vez ao confronto e à agressão mútua? Há uma primeira resposta tão elementar e simples que ninguém a leva a sério: só homens e mulheres que possuem a paz podem exercitá-la na sociedade.

Não pode semear paz qualquer pessoa. Com o coração cheio de ressentimento, intolerância e dogmatismo, podem-se mobilizar pessoas, mas não é possível trazer a verdadeira paz à convivência. Não ajuda a aproximar as posições e a criar um clima amigável de compreensão, aceitação mútua e diálogo.

Não é difícil assinalar algumas características da pessoa que leva no seu interior a paz de Cristo: procura sempre o bem de todos, não exclui ninguém, respeita as diferenças, não alimenta a agressão, fomenta o que une, nunca o que confronta.

Que estamos a levar ao mundo hoje a partir da Igreja de Jesus? Concordia ou divisão? Reconciliação ou confronto? E se os seguidores de Jesus não levam paz no seu coração, o que é que levam? Medos, interesses, ambições, irresponsabilidade?

José Antonio Pagola

 

 

CRIANÇA

O Espirito de Deus é como uma criança…

 

Mete-se onde não é chamado,

toca no intocável,

mexe e remexe…

 

Nós é que adoramos crescer e passar a ter tudo controlado,

a vida bem arrumadinha,

os lugares habituais

e os dias viciados…

 

Então,

vem o Espírito de Deus, como um Sopro,

a pôr tantas coisas em pé de vento…

 

Ou como uma criança,

a surpreender de novidade as nossas arrumações,

a levantar “porquês” intermináveis às nossas certezas mais antigas,

a trocar a ordem de todas as nossas prateleiras

e a revelar-nos que é sempre possível começar de novo

e fazer coisas novas.

 

O Espírito de Deus é como uma criança…

Uma fonte inesgotável de energia e um risco contínuo de novidade.

 

Quando nós deixamos,

renova as mentalidades,

renova os corações,

renova as esperanças

e renova as estruturas.

 

Quando deixarmos de ter tudo tão arrumadinho e certinho,

vamos deixar que o Espírito Santo,

a Infância de Deus,

faça em nós das suas…

Rui Santiago cssr

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Maria tem esta capacidade de escutar e acolher a vida, de ser visitada, de não viver com a porta fechada. Maria deixa-se visitar. Tem esta honestidade muito grande, esta exposição, e depois esta compreensão de que a vida não é apenas a realização da felicidade que eu pensei para mim próprio, mas que é a compreensão de que estou ao serviço de uma história maior, de uma história que me ultrapassa, e na qual o Espírito Santo me vai dar a força de participar, vai-me dar a competência de ser, colocando-me inteiramente ao serviço.

????

Cardeal D. José? Tolentino Mendonça


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PENSAMENTO DA SEMANA

 

Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.

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