Nº 989

S. José: A força eloquente do silêncio
Homem justo e manso, capaz de escutar Deus, S. José é celebrado a 19 de março, como Esposo da Virgem Maria e Patrono da Igreja universal. O seu silêncio, que se opõe à palavra «gritada, brutal, agressiva, como agora estamos habituados a ver», continua a ser exemplo e advertência constante,
«A figura de José, efetivamente, tem uma presença muito marginal. Só está em primeiro plano no que diz respeito aos inícios da vida de Jesus. O Evangelho de Mateus destina-lha a anunciação do anjo, enquanto que Lucas destina-o a Maria. Por isso podemos dizer que é só nos inícios da existência de Cristo que aparece esta figura.
Aparece por duas razões, e aqui entramos também na questão da “desobediência”. Aparece, primeiro que tudo, porque é ele que tem a ascendência, que, naturalmente, no mundo oriental era deveras vaga, com David, e da linha davídica até Jesus, introduzindo-o, assim, no grande rio do messianismo. E, por outro lado, é ele que vive a experiência da ligação com Maria, e essa surpresa que desarranja a sua vida, e ele estaria pronto a interromper o laço com Maria, quase a desobedecer ao projeto que tinha construído: estar junto desta jovem, desta mulher.
Não esqueçamos que José, provavelmente, não era o ancião que é representado no imaginário, inclusive artístico, iconográfico; está quase pronto a interromper esse projeto comum, mas é precisamente sobre a sua opção que irrompe a anunciação, que muda radicalmente o seu projeto e o faz tornar por excelência obediente até ao fim: ele que se torna o instrumento fundamental para o reconhecimento de Jesus no contexto social, como pai legal.»
Numa sociedade como a nossa, onde a palavra conta muito, e onde quanto mais se fala, mais se grita, o que é que S. José pode dizer?
Diz uma coisa fundamental porque, diferentemente de muitos outros personagens dos Evangelhos, é uma personagem muda: não temos uma só palavra. Para Maria temos seis frases; melhor, dizemos cinco frases mais um canto, o “Magnificat”. É pouco também para Maria, na verdade, porque são todas frases breves.
Para José temos, ao contrário, o silêncio absoluto. Esta é uma lição constante do interior dos Evangelhos: a de preferir, como Jesus prefere os últimos, a menor, a mais delicada, em comparação com aquela que é gritada, brutal, agressiva, como estamos agora habituados a ver, quer a nível político, quer, sobretudo, dentro dos canais informáticos, onde domina não apenas a agressividade, mas também a vulgaridade. A palavra que se acende até ficar incandescente, e nós sabemos bem que a palavra é uma “criatura viva”, como dizia , Victor Hugo, e como tal pode ferir, para não dizer, em alguns casos, matar.
Emanuela Campanile (adaptado)
MEDITAR
MORRER É VIVER
Alguns estrangeiros pedem aos Apóstolos: «Queríamos ver Jesus.» Grande pedido e resposta desconcertante, porque, ao contrário de outras vezes em que Jesus diz «Vinde e vede», agora responde falando por imagens.
Diz: se quereis ver-me, olhai o grão de trigo. E acrescenta: se quereis compreender-me, olhai a cruz porque, «quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim».
Duas imagens, o grão de trigo e a cruz: é essa a autoapresentação de Jesus.
«Se o grão de trigo, lançado na terra, não morre, fica só: mas se morrer, dará muito fruto.» Uma frase difícil, até perigosa; percebe-se mal. Com efeito, pode dar origem a uma religiosidade errónea, fundada no sofrimento, no sacrifício, na renúncia.
Qual é o verbo principal da frase, onde recai o acento? Nós respondemos instintivamente: em morrer, porque é esse o verbo que mais nos impressiona. Porém, não é assim, o acento não recai sobre a morte, mas sobre a vida! Porque a glória de Deus não é morrer, mas muito fruto.
Para entendermos melhor, deveríamos pegar num grãozinho de trigo. Parece uma coisa morta, gasta, e, no entanto, é um núcleo de vida, é um pequeno vulcão de vida. Tem dentro de si o germe, que é o seu núcleo vital. E quando é semeado, não começa a morte, mas um trabalho infatigável.
O germe é nutrido pelo resto de grão e, quando este já deu tudo, esvaziando-se assim, o germe lança-se para baixo com as raízes e para o alto com a ponte frágil e potentíssima das suas folhinhas, sai da casca vazia como uma avezinha que sai do ovo.
Não são duas coisas diferentes, a semente e o rebento. São a mesma coisa, não se trata que um se sacrifique pelo outro. É um florescer de vida conjunto, com a flor que morre e ressuscita o fruto.
É maravilhoso que Jesus faça esta comparação do grão de trigo: quer dizer que aquilo que Ele está a dizer já está inscrito nas leis da vida, que a vida das criaturas, dos vegetais, responde às próprias leis da vida espiritual: vida e Evangelho são a mesma coisa.
Também eu sou grão de trigo semeado na terra acolhedora da minha família, na terra exigente de escola, na terra exaltante das amizades e dos afetos.
Cada um de nós tem dentro de si um germe, muita energia e luz, bondade e beleza que querem sair da escuridão para o sol. E eu devo alimentá-las.
Se eu sou generosos, dando-me, generoso em termos de empenho, de tempo, de inteligência, se me dedico completamente, como um atleta, um cientista, como um enamorado, então o resultado será grande.
Se eu sou generoso, não perco a vida, multiplico-a, porque nós somos ricos, não daquilo que retivemos para nós, mas daquilo que demos aos outros.
Ermes Ronchi e Marina Marcolini
ORAÇÃO PELOS PAIS
Venho hoje a Ti, Senhor, pedir que estendas as Tuas Mãos Divinas
sobre todos os Pais, abençoando-os.
Abençoa, Senhor, o Pai amigo e companheiro, o Pai sempre presente,
que oferece o colo e estende a mão, mas também o Pai ausente,
colocando todo o Teu Amor no seu coração.
Abençoa, Senhor, o Pai que hoje recebe o abraço de seus filhos
e o Pai que chora a ausência do filho.
Dai, a este, o consolo da mansa saudade e enxuga,
com Teu Divino Manto, as lágrimas que vertem de seus olhos.
Estende, Senhor, Tuas mãos de Amor sobre todos os Pais,
Concedendo-lhes os dons da paciência, compreensão, tranquilidade, ternura, justiça, fé na vida e em seus filhos, e Amor, muito Amor, para que cada filho seja, para seu pai, um pai, e para que cada pai seja, para seu filho, um filho.
E aos filhos, cujos Pais estão junto de Ti, dai a Fé e o entendimento de que os Pais Nunca se vão embora... Eles apenas mudam de lugar...
****
Que todos os Pais do mundo saibam ser verdadeiramente Pais,
amando, compreendendo e perdoando
Feliz Dia dos Pais!
PENSAMENTO DA SEMANA
Conselhos de José
Volta a olhar o tempo com inocência, como uma tarefa que as crianças conhecem melhor que tu.
Aprende a procurar a sabedoria como quem constrói uma ponte quando seria mais fácil a distância.
Aprende a elogiar a vida, que é sempre a oportunidade mais bela, em vez de a desvalorizar com desencorajamentos e lamúrias.
Aprende a transformar, no teu quotidiano, a hostilidade em hospitalidade fraterna.
Não de detenhas a condenar a obscuridade: acende no centro da vida uma estrela que dança.
José Tolentino Mendonça (adaptado)
INFORMAÇÕES
ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
Manadas - 5ª feira, 25 de março, das 17h 30 às 18h 30, seguindo-se a celebração da Eucaristia
Ribeira Seca - 6ª feira, 26 de março, das 17h 00 às 18h 30, seguindo-se a celebração da Eucaristia
SACRAMENTO DA PENITÊNCIA - CONFISSÕES
Norte Pequeno - 2ª feira, 22 de março, às 14 horas.
Santo António - 2ª feira, 22 de março, às 15 horas.
Biscoitos - 3ª feira, 23 de março, depois da Missa das 17h 30.
Manadas - 5ª feira, 25 de março, das 17h 30 às 18h 30.
Velas - 5ª feira, 25 de março, às 17 horas.
Ribeira Seca - 6ª feira, 26 de março, das 17 horas às 18h 30.
Urzelina - Domingo de Ramos, às 17 horas.
MUDANÇA DA HORA
No próximo fim de semana a hora muda. De sábado para domingo os relógios devem ser adiantados sessenta minutos.
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Nº 1020Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
SABER-SE AMADO
«Pensar que Deus nos condena é um dos maiores obstáculos à fé. (...)
Se soubéssemos até que ponto certas crianças precisam que olhemos para elas com confiança para que possam reencontrar a alegria de viver...
No coração de uma criança, saber que se é amado com ternura, que se é perdoado, pode ser fonte de paz para toda a vida.»
Irmão Roger de Taizé
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