Nº 987

 

MULHER

Quem é a mulher? – Uma criação divina.
Como é a sua natureza? – Saturada de graça.
Com que é que se parece a mulher? – Com a bondade e a inteireza.
Que destino é o seu? – Seguir Jesus e continuar a obra divina pela palavra e pela vida.

O espírito da mulher é sublime: um dom de Deus.
A sua alma é divina: chega às estrelas.
O corpo feminino é sagrado: merece o nosso respeito.
O seu trabalho é santo: que o possa realizar em paz.
O seu gesto de afeto alimenta: aceitemo-lo com alegria.
As palavras da mulher são belas: há que ouvi-las atentamente.
O seu contributo é sacerdotal: abençoado do Alto.
São como diamantes as lágrimas das mulheres: guardai-as com carinho.
Os abraços das mulheres dão bem-estar: alegrai-vos ao acolhê-los.
A compaixão das mulheres é eficaz: cheia de misericórdia.
O tempo livre das mulheres é precioso:
contribuí para que se divirtam mais.
As necessidades femininas são essenciais: ajudai-a a satisfazê-las.
Os seus problemas são graves: colaborai na sua resolução.
O amor das mulheres brilha qual arco-íris:
deixai-vos aquecer e partilhar desse brilho.
A gentileza das mulheres é enorme: observai-a para com ela aprenderdes.
A sua beleza é única: admirai o seu carácter.
As suas falas são fecundas: dai a conhecer o seu bom-senso.
A carga das mulheres é pesada: ajudai-as a carregá-la.
Os seus sonhos são dinâmicos: que eles se tornem realidade.

As mulheres têm falhas e negligências: perdoai-as e esquecei.
As suas feridas podem ser dolorosas: rezai para que sarem.
A sua escrita é valiosa: dai-lhe atenção.
As mulheres dão ordens importantes: obedecei-lhes com gosto.
As suas esperanças dão sustento: dai-lhes apoio.

A sua coragem é contagiosa: aprendei com a sua coragem.
O seu serviço é genuíno: possamos todas fazer florir esse impulso.
A firmeza das mulheres transborda ternura: aprendamos a sua força.

A sua paciência é transbordante: que em nós ressoe em profundidade.
As mulheres sabem como rezar: Deus escuta-as sem demora.
A sua caridade é singular: dirige-se ao coração.

Que Deus abençoe todas as mulheres da Terra,
e nos abençoe a nós também!

Pearl Drego (adaptado)

 

MEDITAR

Os vendilhões do templo e os que habitam o nosso coração

Na memória dos discípulos, que está reportado em todos os Evangelhos. O que surpreende, e comove, em Jesus é ver como nele convivem e alternam, como num passo de dança, a ternura de uma mulher enamorada e a coragem de um herói, com toda a paixão e impetuosidade do Médio Oriente.

Jesus entra no templo: e é como entrar no centro do tempo e do espaço. Aquilo que Jesus vai fazer e dizer no lugar mais sagrado de Israel é de importância capital: é o próprio Deus.

No templo, encontra os vendedores de animais: ovelhas, bois e comerciantes são expulsos, todos juntos, eloquência de gestos. Pelo contrário, aos vendedores de pombas dirige a palavra: a pomba era a oferta dos pobres, há como que um olhar para eles. Lançou por terra o dinheiro, o deus dinheiro, o ídolo erguido acima de tudo, entronizado no templo como um rei no trono, o eterno vitelo de ouro.

Não faças da casa do meu Pai um mercado… Pergunto-me qual é a verdadeira casa do Pai. Uma casa de pedras? A casa de Deus somos nós se conservarmos liberdade e esperança (cf. Hebreus 3, 6). A palavra de Jesus, então, chega até nós: não façais mercado da pessoa. Não compreis nem vendais a vida, nenhuma vida, vós que comprais os pobres, os migrantes, por um par de sandálias, ou um operário por escassos euros.

Se tiras a liberdade, se deixas morrer a esperança, dessacralizas e profanas o tabernáculo de Deus. E ainda; não façais mercado da fé. Todos colocámos na alma uma mesa de câmbios com Deus: eu dou-te orações, sacrifícios e ofertas, Tu, em troca, asseguras-me saúde e bem-estar, para mim e para os meus. Fé de comerciantes, que empregam com Deus a lei ordinária, decadente, da permuta, quase como se mercenário fosse o amor de Deus.

Deus tem entranhas de mãe: uma mãe não se pode comprar, não se tem de lhe pagar, dela renasces a cada dia. Um pai não se tem de aplacar com ofertas ou sacrifícios, alimentámo-nos de cada gesto e palavras suas como força de vida.

Poucos minutos depois, os vendedores de pombas tinham já reposto as suas gaiolas, os cambistas tinham recuperado do chão até o último cêntimo. O dinheiro foi pesado e contado novamente, por todos abençoado: peregrinos, sacerdotes, vendedores e mendigos. O gesto de Jesus parece não ter tido consequências imediatas, mas é profecia em ação.

O profeta ama a Palavra de Deus mais do que os seus resultados. O profeta é a sentinela que vigia a fenda pela qual entram no coração esperança e liberdade. Quem quiser pagar o amor vai contra a sua própria natureza e trata-o com prostituta.

Quando os profetas falavam de prostituição no templo, entendiam este culto, tão piedoso quanto ofensivo a Deus, quando o fiel quer gerir Deus: eu dou-te orações e sacrifícios, Tu dás-me segurança e saúde. O amor não se compra, não se mendiga, não se finge.

E se neste instante Deus entrasse na minha casa, o que me pediria para lançar por terra, entre os meus pequenos ou grandes ídolos? Todo o supérfluo...

Ermes Ronchi

 

Francisco, do Vaticano ao Iraque: A grande ponte

A viagem apostólica do Santo Padre Francisco ao Iraque pode ser interpretada como uma grande ponte que atravessa os tempos, os espaços, dilatando-os para horizontes infinitos. É uma ponte no coração de S. João Paulo II, de quem brotou o desejo de realizar uma peregrinação a Ur dos caldeus, o lugar onde Abraão recebeu o chamamento para sair da sua terra, para sair de si mesmo, e dirigir-se, com o mapa da Palavra de Deus, para a terra que Ele lhe indicaria. Um desejo, do Papa Wojtyla, que não pôde cumprir-se, mas que certamente ressoava no seu coração quando, diante do mundo e dirigindo-se aos poderosos da Terra, elevou o seu grito alto contra a ameaça de uma guerra futura, cujos resultados funestos e de desestabilização do país estão à vista de todos.

Uma ponte espiritual que conduz à própria experiência de Abraão como o homem que se põe à escuta da voz de Deus, como o homem que é radicalmente Ouvinte da Palavra: seguindo-a, sai das suas certezas para ir ao encontro de Deus. É um tema caro ao papa Francisco, porque no fundo retoma a imagem da própria Igreja “hospital de campanha” que sai de si mesma para as estradas do mundo seguindo a voz do Senhor. A evocação de Abraão é também uma referência a todos aqueles que na fé dele reconhecem uma raiz: as religiões abraâmicas com a experiência do ser “todos irmãos” evocada pelo papa na declaração de Abu Dhabi e na encíclica. No mesmo dia da permanência em Ur, o pontífice terá um encontro com o grande Aiatóla Al-Sistani, um dos guias espirituais do islão xiita: uma mão estendida, o desejo de um encontro e de uma possível frequentação.

A história de Abraão é a do homem que deixa uma morada para fazer da promessa de Deus a sua terra prometida: o cumprimento verdadeiro foi sobretudo confiado à sua descendência. O Papa Francisco sulcará com os seus passos aquela terra de Mossul e do planalto de Nínive, em Qaraqosh, que outros pés, durante uma noite, em agosto de 2014, tiveram de deixar por causa da invasão ao autodenominado Estado Islâmico: alguns refugiados voltaram a habitá-la, outros ainda estão deslocados em Erbil, muitos partiram para a Europa, EUA, Canadá ou Austrália. O pontífice verá os espaços sagrados profanados, e as casas que foram abandonadas, mas pedirá para ler todos esses acontecimentos com a fé de Abraão, que partiu, esperando contra toda a esperança, e deixando que Deus fosse a sua morada. O Senhor, porém, pede à comunidade humana para ser sinal da sua presença, através da proteção dos indefesos, a tutela dos diretos humanos fundamentais – primeiro entre todos o da liberdade religiosa –, e superando a indiferença para com aqueles que foram obrigados a partir como exilados e refugiados.

Uma ponte, a da visita do Papa Francisco, que atravessa os anos e chega até 31 de outubro de 2010, quando na catedral siro-católica de Bagdade ocorreu a morte, por um vil ato terrorista, de 50 pessoas, entre as quais dois sacerdotes e algumas crianças, no termo de uma liturgia. Esse ato sucedeu a poucos dias da conclusão do Sínodo para o Médio Oriente, que trazia dentro de si um apelo e uma profecia. O apelo à consciência de ser comunidade das origens, ou seja, testemunho da comunhão num contexto de diversidade e até fragmentação. E desta forma permanecendo profecia de unidade, e evitando que a diversidade das tradições rituais e confessionais se transforme em fragmentação e divisão. A comunhão entre nós é possível apenas se extrai força da nossa relação com o Senhor crucificado e ressuscitado, se não deixamos de ser seus discípulos, mesmo se o caminho passa por nós através dos calvários do nosso tempo.

Card. Leonardo Sandri (adaptado)

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

A beleza vem do amor.

O amor vem da atenção.

A atenção simples ao simples,

a atenção humilde aos humildes,

a atenção viva a todas as vidas...

Beleza é algo de que Cristo nunca fala.

Só lida com ela, mas dando-lhe o seu verdadeiro nome: o amor.

A beleza vem do amor,

como o dia vem do sol,

como o sol vem de Deus,

como Deus vem de uma mulher esgotada pelo parto.

 

Christian Bobin, in Um Deus à Flor da Terra


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 "As santas que conheci não se preocupavam com sê-lo. Tinham todas as idades e aparências. E, em comum, o passar pelo mundo com uma grande naturalidade e alegria como se nunca tivesse havido lei nem moral.

Sem pensar, cada uma delas dava mais amor do que o sol luz.

Uma, já idosa, ocupava-se de um jardinzinho e dormia num quarto do tamanho de uma casca de noz.

Outra trazia consigo a alegria como um pardal que esvoaçasse nos seus olhos claros.

Uma terceira, com quatro anos de idade, descobria, nas brincadeiras de que não se fartava, razão bastante para rir o dia inteiro."

Christian Bobin, in Ressuscitar

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