Nº 975

 

«A oração abre rasgos de luz nas trevas mais densas»

«Por vezes podemos acreditar que não precisamos de nada, que nos bastamos a nos próprios, e viver na mais completa autossuficiência. Mas mais cedo ou mais tarde esta ilusão desvanece-se. O ser humano é uma invocação, que por vezes se torna grito, muitas vezes contido. A alma assemelha-se a uma terra árida, sedenta. Todos experimentamos, num momento ou noutro da nossa existência, o tempo da melancolia, da solidão. A Bíblia não se envergonha de mostrar a condição humana marcada pela doença, pelas injustiças, pelas traições dos amigos, ou pela ameaça dos inimigos. Por vezes, parece que tudo desaba, que a vida vivida até então foi em vão. Nestas situações, aparentemente sem saída, há um único caminho: o grito, a oração: «Senhor, ajuda-me!». A oração abre rasgos de luz nas trevas mais densas.»

«Nós, seres humanos, partilhamos esta invocação de ajuda com toda a criação. Não somos os únicos a “rezar” neste imenso universo: cada fragmento da criação traz inscrito o desejo de Deus. S. Paulo expressou-o desta maneira: “Sabemos que toda junta a criação geme e sofre as dores do parto até hoje. Não só, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente”. Em nós ressoa o multiforme gemido das criaturas: das árvores, das rochas, dos animais… Cada coisa anela a um cumprimento.»

«Por isso, não nos devemos escandalizar se sentimos a necessidade de rezar, sobretudo quando estamos na carência. É verdade: devemos aprender a fazê-lo também nos tempos felizes; agradecer a Deus por cada coisa que nos é dada, e não considerar nada como adquirido ou devido: tudo é graça. (…) Todavia, não sufocamos a súplica que brota em nós, espontânea. A oração de petição caminha a par da aceitação do nosso limite e da nossa condição de sermos criaturas. Pode até chegar-se a não acreditar em Deus, mas é difícil não acreditar na oração: ela, simplesmente, existe; apresenta-se a nós como um grito; e todos temos a ver com esta voz interior que pode, talvez, calar-se durante muito tempo, mas um dia desperta e grita.»

«Deus responde. Não há orante no Livro dos Salmos que erga o seu lamento e fique por escutar. A Bíblia repete-o vezes infinitas: Deus escuta o grito de quem o invoca. Mesmo os nossos pedidos balbuciados, mesmo aqueles que permanecem no fundo do coração. O Pai quer dar-nos o seu Espírito, que anima toda a oração e transforma todas as coisas. É questão de paciência, de suster a espera. (…) Até a morte estremece, quando um cristão reza, porque sabe que cada orante tem um aliado mais forte que ela: o Senhor Ressuscitado.»

«Aprendamos a estar à espera do Senhor. O Senhor vem visitar-nos, não só nestas grandes festas - o Natal, a Páscoa -, mas o Senhor visita-nos a cada dia na intimidade do nosso coração se estamos à espera. E muitas vezes não nos damos conta de que o Senhor está próximo, que bate à nossa porta, e nós deixamo-lo passar.

 

 Papa Francisco

 

 

Ave, Maria

Gosto de pensar, Maria, que também a tua fraqueza sustém a tua força, que soubeste aceitar e atravessar tantas incertezas, fazendo aderir o teu coração a uma confiança que não se via. E que, por isso, não te é estranha a minha agitação confusa, a minha indecisão, os medos que em certas horas me agridem, e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar.

Gosto de recordar quanto foi difícil o teu caminho, repleto de obstáculos mais duros do que aqueles que eu enfrento, fustigado por sombras, derivas e dores. E que o teu olhar se tornou um imenso ventre, onde posso depor tudo aquilo que tanto me custa, e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar.

Gosto de contemplar essa tua capacidade de agradecer. De agradecer a anunciação luminosa e as suas ásperas consequências; essas palavras límpidas e depois uma dolorosa sucessão de momentos passados a perguntar-te como será; a brandura da brisa e a dureza do vento.

E que, por isso, tu abraças o meu cansaço de viver com esperança a minha força e a minha fragilidade; aquilo que levo ao termo e aquilo que deixarei incompleto; aquilo que depende ou não depende de mim – e tudo tu compreendes.

Gosto de saber que encontraste os planos de Deus infinitamente superiores a ti e que, mais uma vez, te sentiste pequena, só e não à altura, como tantas vezes eu me sinto. E também por isto, no fundo de mim experimento que me abraças, tu que tudo compreendes.

Card. José Tolentino Mendonça

 

 

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

No tempo do Advento, Maria é sempre uma presença cheia de significado. A mãe que espera, a mulher que acolhe a palavra, a menina que arrisca, a amiga que ajuda, a crente que cala e medita. Encontramos tudo isso em Maria. Isso se torna um espelho no qual podemos nos olhar. Porque nós também precisamos acolher, arriscar, servir e fazer com que as boas novas sejam uma semente que se enraíze na terra que somos. Dois olhares para Maria podem-me ajudar hoje a pensar sobre minha própria maneira de ser no Advento. O olhar para a mulher que fala e o olhar para a mulher que ama.

Pastoral sj


 INFORMAÇÕES

 

MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA

No próximo domingo, 20 de dezembro, às 15:30 horas.

 

FESTA EM HONRA DE SÃO LÁZARO -  NORTE PEQUENO

Dia 17 - Eucaristia às 17 horas.

 

CONFISSÕES

Dia 14 de dezembro - Norte Grande às 14 horas.

                                         Santo António às 15 horas.

 

Dia 15 de dezembro - Norte Pequeno às 16 horas.

                                     Biscoitos - depois da Missa das 17 horas.

 

Dia 18 de dezembro - Ribeira Seca das 17 horas às 18 horas.


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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

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