Nº 953

 Quando puderes, abraça-me!

Acredito que os abraços encerram, dentro do seu meigo aperto, poderes verdadeiramente curativos. Acredito que somos mais felizes quando abrimos os braços para receber a presença de alguém que amamos ou a presença daqueles a quem desejamos o bem.

Subitamente, e sem nada que o pudesse anunciar, suspenderam-nos os abraços. Disseram-nos que tínhamos de reinventar formas de nos aproximarmos. Disseram-nos que somos contagiosos. Que somos ameaças uns para os outros e impediram-nos de ser livres no contacto com os outros.

Estou consciente do preço a pagar por receber um abraço ou por decidir ser protagonista na dádiva de um. No entanto, prefiro que me abracem. Prefiro que não tenham medo da minha pele (incessantemente desinfetada durante os últimos meses como mandam as novas leis!).

Prefiro que me abracem e prefiro ser abraçada. No entanto, tenho de esforçar-me por compreender que as pessoas que me rodeiam podem não estar confortáveis com essa minha pequena loucura de quem já tem medo de poucas coisas.

Na verdade, e acredito nisto que agora escrevo de todo o coração, todos preferimos que nos abracem. Todos preferimos que os outros não sintam medo de se aproximar dos nossos contornos. Todos preferimos abrir os braços e esticá-los na esperança de que cresçam para agarrar, ainda mais apertadamente, os que nos são tudo.

Que tempos incrivelmente tristes, estes. Em que não nos podemos consolar como antes fazíamos. Em que temos medo dos nossos amigos, da nossa família, dos nossos colegas, das pessoas que estão connosco no supermercado, das pessoas que tomam um café na mesa ao nosso lado, das que caminham na nossa rua.

Ainda assim, e apesar de toda a dor que podemos sentir pela ausência de abraços por tempo indeterminado, há formas de amar bem. De mostrar bem o nosso amor e a nossa presença, ainda que não possamos cair nos braços uns dos outros.

Em tempos incrivelmente diferentes e turbulentos, onde uma onda parece erguer-se atrás das costas de todos nós, é preciso olhar para os outros com as mãos. Isso. Colocar a força de um abraço dentro dos olhos e deixá-lo voar quando poisarmos os nossos olhos no rosto dos que nos dizem (e são) tanto.

É preciso oferecer às nossas pessoas a certeza de que não gostamos menos delas. Gostamos mais. E por gostarmos tanto é que nos afastamos.

Ainda que possamos ser portadores de um vírus invisível que veio desarrumar tudo, que saibamos ser portadores de olhares cheios de abraços, de beijos e da luz que se acende na nossa pele quando nos aproximamos dos que nos enchem os dias de asas. E de voos bonitos.

Marta Arrais (Adaptado)

 

MEDITAR

A semente de Deus converte terra árida em chão fecundo

De muitas coisas Ele lhes falou com parábolas (Mateus 13,1-9). As parábolas saem da voz viva do Mestre. Escutá-las é como escutar o murmúrio da fonte, o momento inicial, fresco, espontâneo do Evangelho. As parábolas não são um remedeio ou uma exceção, mas o extremo mais alto e genial, o mais refinado da linguagem de Jesus. Ele amava o lago, os campos de trigo, as extensões de espigas e papoilas, os pássaros em voo, a figueira. Observava a vida e nasciam parábolas. Tomava histórias de vida e delas fazia histórias de Deus, desvelava que «em cada coisa está semeada uma sílaba da Palavra de Deus» (“Laudato si’”).

O semeador sai para semear. Jesus imagina a história, a criação, o reino como uma grande sementeira: é tudo um semear, um voo de trigo ao vento, na terra no coração. É todo um germinar, um brotar, um maturar. Cada vida é narrada como um amanhecer contínuo, uma primavera tenaz. O semeador sai, e o mundo logo engravida. E eis que o semeador, que pode parecer desprevenido, porque parte das sementes cai sobre pedras, silvas e estrada, é, ao invés, aquele que abraça a imperfeição do campo do mundo, e ninguém é discriminado, ninguém excluído da sementeira divina. Somos todos duros, espinhosos, feridos, opacos, mas a nossa humanidade imperfeita é também um torrão de terra boa, sempre apta a dar vida às sementes de Deus.

Há no campo do mundo, e naquele do meu coração, forças que contrastam a vida e os nascimentos. A parábola não explica porque é que isso acontece. E também não explica como arrancar ervas daminhas, remover pedras, expulsar pássaros. Mas fala-nos de um semeador esperançoso, cuja confiança, no fim, não é traída: no mundo e no meu coração está a crescer trigo, está a amadurecer uma profecia de pão e de fome saciada. Explica-o o verbo mais importante da parábola: deu fruto. Até cem por um. E não é um piedoso exagero. Vai a uma seara e vê que, por vezes, de um só grão podem brotar vários caules, cada um com a sua espiga. A ética evangélica não procura campos perfeitos, mas fecundos. O olhar do Senhor não pousa sobre os meus defeitos, sobre pedras ou silvas, mas sobre o poder da Palavra que revira os torrões pedregosos, protege os rebentos novos e rebela-se contra toda a esterilidade.

E fará de mim terra boa, terra mãe, berço acolhedor de embriões divinos. Jesus narra a beleza de um Deus que não vem como ceifeiro das nossas poucas searas, mas como o semeador infatigável das nossas charnecas e abrolhais. E aprenderei dele a não precisar de colheitas, mas de grandes campos a semear em conjunto, e de um coração não roubado; preciso do Deus semeador, que as minhas aridezes nunca detêm.

Ermes Ronchi

 

CONTO

Não sejas um copo, mas torna-te um lago

 

Era uma vez um jovem triste que se cruzou com um ancião sábio.

O ancião, vendo o jovem, ordenou-lhe:

– Enche a mão de sal, deita-o num copo de água e bebe-a.

O jovem fez o que o mestre lhe ordenou.

– Qual é o gosto? – Perguntou o mestre.

– Horrível – respondeu o jovem.

O mestre sorriu e pediu ao jovem que enchesse outra mão de sal e a deitasse a um lago.

Os dois caminharam em silêncio e o jovem lançou o sal no lago.

– Bebe um pouco dessa água – ordenou o ancião.

Enquanto a água escorria pelo queixo do jovem, o mestre perguntou-lhe:

– Qual é o gosto?

– Bom! – disse o jovem.

– Sentes o gosto do sal?

– Não.

O mestre, então, sentou-se ao lado do jovem e, segurando-lhe as mãos, ensinou-lhe:

– A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando sentires dor, a única coisa que deves fazer é aumentar a perceção do que está à tua volta, em que se dilui, positivamente, como o sal, a tua dor. Por outras palavras: é deixares de ser copo para te tornar-se um lago.

Carlos Alberto Omena, inContos para refletir

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

O amor é o grande certificado da fé.
Acreditar sem amar? Nem pensar. 
Não é possível acreditar sem amar.
A fé envolve sempre o amor.

A fé tudo consegue, quando está habitada pelo amor. Até consegue suportar o insuportável.

A fé está sempre a dizer à esperança: «não desistas».
E a esperança não para de segredar ao amor: «não pares».

 

http://theosfera.blogs.sapo.pt (Adaptado)


 

 INFORMAÇÕES

 

FESTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO NA FAJÃ DOS VIMES

Nos dias 13, 14 e 15 de julho, tríduo em louvor  de Nossa Senhora do Carmo na Fajã dos Vimes, às 19 horas.

Eucaristia de Festa no dia 16 de julho às 19 horas.

 

MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA

No próximo domingo, 19 de julho, às 16 horas.

 

CLÍNICA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DA CALHETA

A Direção da Associação de Bombeiros Voluntários da Calheta informa que estará na Clínica da Instituição o Dr. Brasil Toste, Otorrinolaringologista, 28 de julho; Dr.ª Maria Graça Almeida, ginecologista e obstetra, em julho; Dr.ª Paula Pires, Neurologista e Neuropediatra, 27 e 28 de julho; Dr.ª Lourdes Sousa, Dermatologista, de 28 a 31de agosto; Dr.ª Alexandra Dias, Pediatra, data por estabelecer.

Os interessados podem fazer as suas marcações para os números 295 460 110/ 295460111.


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Nº 1148

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

A alegria e a surpresa andam de mãos dadas.

Isso revela-se sempre que conseguimos reagir com criatividade

às coisas inesperadas que fazem mudar

os nossos planos e, mesmo assim,

sentimos que tudo continua bem.


Por vezes, a alegria surpreende-nos.
Apanha-nos totalmente desprevenidos.
O importante é deixarmos que ela tome
conta de nós e continuarmos recetivos
à surpresa divina.

Anselm Grün, in Em cada dia... um caminho para a felicidade

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