Nº 951

 O que quer Deus de mim?

Deus quer que eu seja livre e escolha bem, que escolha o bem. Deus não me impõe um projeto de vida que devo cumprir sob pena de ser infeliz. Antes propõe-me um caminho, aponta uma direção que faz sentido na minha existência, mas que só tem valor se eu decidir segui-la de forma livre.

Deus quer que cada um de nós seja feliz e as alegrias mais profundas são as que brotam do amor: a do dar-se e a do perdoar.

O que faz Deus connosco? Ama-nos e perdoa-nos. Mesmo quando não fazemos o mesmo com os outros e com Ele. Porque o seu amor é extraordinário.

Hoje dá-se o nome de amor a muitas coisas que não têm relação nenhuma com o verdadeiro amor. Até ao egoísmo, que é o oposto do amor, hoje se dá o estranho nome de amor-próprio!

É comum pensar que devemos amar quem nos ama. Gostar de quem gosta de nós. Mas que grande amor é esse de gostar de quem gosta de nós? É quase um preço, uma compensação, um negócio. Mais parece um simples contrato de troca de egoísmos.

O amor verdadeiro é extraordinário e diferente, também porque não se faz depender do que por nós sente o outro, mas do que ele precisa, do que lhe faz falta para ser melhor. Por isso, procura os mais afastados, aqueles que andam mais longe do amor. Vai ao seu encontro, valorizando a simples presença do outro como algo bom.

Deus faz isso mesmo connosco. Ama-nos sem que nós o amemos, ama-nos e perdoa-nos, mesmo quando nós não acreditamos Nele, mesmo quando julgamos que podemos viver muito bem sem Ele. Eis a razão pela qual o amor de Deus é superior.

Mas o que Deus quer de cada um de nós é que amemos os outros assim!

Todos sofremos e não há duas dores iguais. Mas há algo que é uma constante: se formos capazes de manter uma esperança forte, então teremos mais ânimo do que dor.

Deus quer que eu saiba que posso e devo ser melhor, para ser mais feliz.

Deus não depende de mim, mas, pelo seu amor, faz-se dependente! Sofre e está comigo, mesmo quando eu me julgo sozinho e abandonado, que é quase sempre.

A alegria verdadeira não se encontra em nenhum mercado de interesses, resulta do que cada um de nós for capaz de dar. Se formos melhores, daremos mais e melhor!

Quantas vezes já nos amaram sem que nós o merecêssemos? Quantas vezes já nos perdoaram sem qualquer ressentimento, apenas com amor, aceitando-nos como somos, mesmo com todas as nossas fraquezas? Isso fez diferença em nós?

Deus quer que eu reze e aí encontre, longe das preocupações superficiais de cada dia, um lugar mais profundo onde posso repousar e ter paz Não sei quase nada de Deus, tão-pouco consigo compreender o mundo. Sei pouco de mim, mas sei o suficiente para escolher o caminho que quero seguir: é impossível ser feliz sem amor.

Sou amado e sou chamado a amar.

José luís nunes Martins (Adaptado)

 

MEDITAR

Diferenças entre pessoas proativas e reativas

 

As pessoas proativas escolhem com sabedoria o que fazer. Elas usam de modo positivo o poder de influenciar o meio envolvente para uma mudança significativa que beneficie a muitos. Garantem harmonia, direcionam o ânimo, iluminam tudo e a todos ao seu redor. Nunca se sentem vítimas das circunstâncias.

 

As pessoas reativas pensam e atuam dentro dos padrões de vitimização.

 

Uma proativa diz: “Deve haver uma melhor forma de o fazer…”

Uma reativa diz: “Sempre fizemos assim. Não há outra maneira.”

 

Quando uma proativa comete uma erro, diz: “Enganei-me”, e aprende a lição.

Quando uma reativa comete um erro, diz: “A culpa não foi minha”, e responsabiliza terceiros.

 

Uma proativa sabe que a adversidade é o melhor dos mestres.

Uma reativa sente-se vítima perante uma adversidade.

 

Uma proativa sabe que o resultado das coisas depende também de si.

Uma reativa acha-se perseguido pelo azar.

 

Uma proativa trabalha muito e arranja sempre tempo para si próprio.

Uma reativa está sempre “muito ocupado” e não tem tempo sequer para os seus.

 

Uma proativa enfrenta os desafios um a um.

Uma reativa contorna os desafios e nem se atreve a enfrentá-los.

 

Uma proativa compromete-se, dá a sua palavra e cumpre.

Uma reativa faz promessas e quando falha só se sabe justificar.

 

Uma proativa diz: “Sou bom, mas vou ser melhor ainda”.

Uma reativa diz: “Não sou tão mau assim; há muitos piores que eu”.

 

Uma proativa ouve, compreende e responde.

Uma reativa não espera que chegue a sua vez de falar.

 

Uma proativa respeita os que sabem mais e procura aprender algo com eles.

Uma reativa resiste a todos os que sabem mais e apenas se fixa nos seus defeitos.

 

Uma proativa sente-se responsável por algo mais que o seu trabalho.

Uma reativa não se compromete nunca e diz sempre: “Faço o meu trabalho e é quanto basta.”

 

Uma proativa é parte da solução.

Uma reativa é parte do problema.

 

Uma proativa consegue “ver a parede na sua totalidade”.

Uma reativa fixa-se “no azulejo que lhe cabe colocar”.

 

Publicado por Fraternitas Movimento

 

 

O Senhor dos Jardins

Havia um homem muito rico, possuidor de vastas propriedades, que era apaixonado por jardins. Os jardins ocupavam o seu pensamento sempre e ele repetia sem cessar: «O mundo inteiro ainda se transformará num jardim. O mundo inteiro vai ser belo, perfumado e pacífico. O mundo inteiro ainda se transformará num lugar de felicidade.»

As suas terras eram uma sucessão sem fim de jardins: jardins japoneses, ingleses, italianos, franceses... Era um trabalhão cuidar dos jardins. Mas valia a pena pela alegria, o verde das folhas, o colorido das flores, as variadas simetrias das plantas, os pássaros, as borboletas, os insetos, as fontes, as frutas, o perfume...

Sozinho, o homem não dava conta dos trabalhos. Por isso anunciou que precisava de jardineiros. Muitos se apresentaram e foram empregados.

Aconteceu que ele precisou de fazer uma longa viagem. Iria a uma terra longínqua comprar mais terras para plantar mais jardins. Assim, chamou três dos jardineiros que contratara, Paulo, Hermógenes e Boanerges e disse-lhes:

? Vou viajar. Ficarei muito tempo longe. E quero que vocês cuidem de três dos meus jardins. Os outros, já providenciei quem cuide deles.

Depois, dirigindo-se a Paulo, comunicou:

? A você, confio o cuidado do jardim japonês. Cuide bem das cerejeiras, veja que as carpas estejam sempre bem alimentadas...

Dirigindo-se a Hermógenes, notificou:

? Entrego-lhe o cuidado do jardim inglês, com toda a sua exuberância de flores pelas rochas...

E a Boanerges:

? Outorgo o cuidado do jardim mineiro, com romãs, hortelãs e jasmins.

Ditas essas palavras, o homem partiu. O Paulo ficou muito feliz e pôs-se a cuidar do jardim japonês.

O Hermógenes ficou muito feliz e pôs-se a cuidar do jardim inglês.

Mas o Boanerges não era jardineiro. Mentira ao oferecer-se para o emprego. Quando ele viu o jardim mineiro disse: «Cuidar de jardins não é comigo. É demasiado trabalho...» Trancou então o jardim com um cadeado e abandonou-o.

Passados muitos dias, o Senhor dos Jardins voltou ansioso por ver os seus jardins. O Paulo, feliz, mostrou-lhe o jardim japonês, que estava muito mais bonito do que quando o recebera. O Senhor dos Jardins ficou muito feliz e sorriu.

Veio o Hermógenes e mostrou-lhe o jardim inglês, exuberante de flores e cores. O Senhor dos Jardins ficou muito feliz e sorriu.

Quando chegou a vez de Boanerges, não havia formas de enganar.

? Ah! Senhor! Preciso de confessar: não sou jardineiro. Os jardins dão-me medo. Tenho medo das plantas, dos espinhos, das aranhas. As minhas mãos são delicadas. Não são próprias para mexer a terra, essa coisa suja... Mas o que me assusta mesmo é o facto das plantas estarem sempre a transformar-se: crescem, florescem, perdem as folhas. Cuidar delas é uma trabalheira sem fim. Se estivesse no meu poder, todas as plantas e flores seriam de plástico. E a terra seria coberta com cimento, pedras e cerâmica, para evitar a decadência e a sujidade. As pedras dão-me tranquilidade. Elas não se mexem. Ficam onde são colocadas. Como é fácil lavá-las com esguicho e vassoura! Assim, eu não cuidei do jardim. Mas o tranquei com um cadeado, para que os traficantes e os vagabundos não o invadissem.

E com estas palavras entregou ao Senhor dos Jardins a chave do cadeado. O Senhor dos Jardins ficou muito triste e disse:

? Esse jardim está perdido. Deverá ser todo refeito. Paulo, Hermógenes: vocês vão ficar encarregados de cuidar do jardim mineiro. Quem já tinha jardins ficará com mais jardins. E, quanto a você, Boanerges, respeito o seu desejo. Não gosta de jardins, vai ficar sem jardins. Você gosta de pedras. Pois, de hoje em diante, você irá partir pedras na minha pedreira…

Rubem Alves

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

E as redes da Fraternidade têm que continuar a ser lançadas, até que deixe de haver quem seja posto fora, até que desapareçam todos os rótulos que tratem como malditos, impuros ou inimigos aqueles que deviam ser acolhidos como irmãos. As redes da Fraternidade precisam de ser consertadas, permanentemente, e têm uma responsabilidade especial aqueles que professam a Fé num Deus que está continuamente com as mangas arregaçadas e as mãos ao trabalho…

Como dizia o Nazareno… “O meu Pai está a trabalhar, e eu também trabalho!” (Jo 5, 17)»

Rui Santiago cssr


Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 951

Agenda Pastoral

Destaque

Mais Recente Carta Familiar em PDF!

Nº 1149

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Jesus veio ensinar-nos a conhecermo-nos tais como somos,
com a nossa vocação profunda para o amor,
com todos os nossos dons,
com toda a beleza que está em nós,
mas também com tudo o que está ferido,
com tudo o que é frágil,
com tudo o que é pobre.

Jean Vanier, in A Fonte das Lágrimas

Os nossos Links

Ouvidoria de São Jorge
FAJÃS Grupo de Jovens
Cartas Familiares Anteriores

Visitas


Ver Estatísticas