Nº 859

 A "famosa" Fé desfeínada...

«Dá-me sempre que pensar, quando alguém à minha beira pede um café descafeinado.

Acho uma invenção muito estranha!

Sabes o que é um café descafeinado, não sabes?

Sabe a café, cheira a café, parece café… mas já não tira o sono.

Arranjámos um modo de ficar na boca com o gosto do café, mas de maneira a que depois possamos dormir tranquilamente.

E quando penso no café descafeinado, lembro-me sempre que se meteu muito esta lógica no cristianismo dos últimos tempos...

Às vezes, parece que não há muito mais do que uma fé desfeinada…

Sabe a fé, cheira a fé, parece fé… mas já não muda nada, não nos transforma, nem transforma à nossa volta. Parece que lhe tiramos muitas vezes a força transformadora e recriadora de corações, como tirámos a cafeína ao café.

Parece que fizemos da Fé um suceder de rituais aprendidos, mas que já não nos põe em causa, não nos faz estar despertos para a Vida, não nos mantém acordados no acolhimento e anúncio da Palavra de Deus e das palavras dos outros.

Às vezes, sentamo-nos num banco de Igreja como numa mesa onde se toma um café descafeinado.

Bebemos a nossa dose, cumprimos o ritual, deixamos nas bordas do coração um travo leve de fé, mas de maneira a que não nos tire o sono, não nos estimule nem desinquiete, de maneira a que não nos possa dizer que temos de mudar!

Depois, costumamos levantar-nos e seguir o nosso caminho, como se nem sequer nos tivéssemos sentado…»

Rui Santiago Cssr

 

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Descansai um pouco

Ao despedir-me de alguns jovens que partiam para férias, recomendei:
– Boas férias para todos e… lembrem-se que Deus não tem férias…

– Isso quer dizer que também nós não devíamos ter férias?
– Nada disso. Deus não tem férias… as nossas férias é que devem ter Deus.

É precisamente o que se passa no Evangelho deste domingo. Ao regressarem da sua missão, os discípulos foram obrigados por Jesus a descansar:
– Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.
De facto, Jesus não disse ‘retirai-vos’ mas ‘retiremo-nos’ porque ele está sempre presente, quer na atividade quer no descanso. Aliás, enquanto descansavam, veio uma multidão e Jesus, compadecido, começou a ensinar-lhes muitas coisas. Sempre que alguém descansa, parece que Jesus fica com mais trabalho.

E a propósito de trabalho, perguntaram, não há muito tempo, ao Papa João Paulo II, quando é que pensava ir descansar. A idade, as doenças, a debilidade física, as consequências dos atentados, a agenda sobrecarregada, tudo isto deve cansá-lo muito. Porque é que trabalha tanto? O Papa, sorrindo, respondeu:

– Eu tenho toda a eternidade para descansar. Enquanto estou aqui, tenho de trabalhar sem descanso…

Quem trabalha com Deus, descansará eternamente.

Pe. José David Quintal Vieira, scj.

 

MEDITAR

Não há vidas sem saída

«Um náufrago foi lançado pelas ondas para as costas de um ilhéu deserto. Todos os dias perscrutava o horizonte na esperança de uma ajuda, mas não avistava ninguém no mar.

Os dias foram passando e ele conseguiu construir uma cabana. Um dia, voltando da caça para encontrar alguma comida, encontrou a cabana em chamas, enquanto que densas colunas de fumo subiam ao céu. Ficou desesperado.

Mas no dia seguinte eis que vislumbra no horizonte um navio a dirigir-se para o ilhéu. Tinha sido o fumo a impeli-lo na direção daquela ilha.»

Leio esta parábola, atribuída a John Yates, numa revista religiosa. O sentido é claro e é apontado pelo próprio autor: «Ainda que no momento não pareça possível, muitas vezes as tuas dificuldades podem ter refeitos positivos para a tua felicidade futura».

Às vezes sentimo-nos como que perseguidos pela desventura, as tragédias parecem encarniçar-se, nenhuma espiral de luz se perfila no horizonte. É fácil escorregar para o vórtice sombrio do desespero e, mergulhado na treva, deixam de ver-se os sinais positivos, já não nos agarramos à mão que se estende para nós ou à corda que nos é lançada.

Na realidade, não existe uma vida em que não haja - inclusive no ventre escuro do mal - uma possibilidade de esperança e de salvação. Pelo contrário, não é raro que seja precisamente através de uma provação que inesperadamente se chegue à libertação, tal como acontece àquela cabana incendiada e às colunas de fumo.

Paulo, aos romanos, escreve que «tudo concorre para o bem daqueles que amam Deus» (8, 28). É preciso, por isso, ter sempre dentro de si um fio de confiança e não ceder à tentação de fechar os olhos e mergulhar no vazio, na desolação sem remédio e sem esperança.

P. (Card.) Gianfranco Ravasi 

 

CONTO (660)

 

DAR E RECEBER

Havia num mosteiro um abade muito generoso. Dava sempre de comer aos pobres que batiam à sua porta e alojamento aos mendigos. Estava sempre disponível para dar do que possuía aos necessitados. O estranho é que, quanto mais dava, mais ofertas recebia o mosteiro.

Ao morrer já idoso, este abade foi substituído por um outro totalmente diferente. Era muito agarrado aos bens.

Um dia, chegou um idoso ao mosteiro a pedir alojamento. Disse que, há tempos, tinha batido à porta e lhe tinham dado um lugar para passar a noite. Mas o abade, muito avarento, encontrou mil argumentos para o mandar embora. Um desses argumentos foi o seguinte:

- Somos pobres e ninguém nos ajuda.

O idoso respondeu:

- Não me surpreende. Se ninguém vos ajuda, é porque mandaram embora dois irmãos do mosteiro.

O abade, admirado, perguntou:

- Não me recordo de termos mandado ninguém embora.

O idoso replicou:

- Sim, e eram gémeos. Um chamava-se «Dai» e outro «Vos será dado». 

  PENSAMENTO DA SEMANA

 
A ALEGRIA é um DOM, porque acontece enquanto fazemos outras coisas... 
... é-nos oferecida enquanto andamos atrás de outros projetos, brota misteriosamente enquanto NOS DAMOS com generosidade e NOS ENTREGAMOS sem reservas…
quando saímos fora de nós, quando nos pomos fora do nosso "casulo", quando NOS ENTREGAMOS A PESSOAS e causas...
A ALEGRIA é "silvestre", nasce assim... quando nós andamos a plantar e a semear outras coisas e depois damo-nos conta, quando vamos ver aquela "flor" que plantamos, aquele "vaso" que nós preparamos e...
A ALEGRIA é da ordem do DOM... "brota" como um Dom, como uma GRAÇA, quando estás a "semear" e a cuidar e a ofereceres-te e a dares-te a outras "coisas"…
Rui Santiago Cssr i

 INFORMAÇÕES

 

ADORAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

MANADAS - 5ª feira, 26 de julho, das 10 horas às 11 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

RIBEIRA SECA - 6ª feira, 27 de julho, das 18 horas às 19 horas, seguindo-se a celebração da Eucaristia.

 

 FESTA DE SÃO TIAGO MAIOR - RIBEIRA SECA

Tríduo: Dias 25, 26 e 27 de julho às 19h00.

                 Confissões no dia 26 das 18h00 às 19h00

 Dia 29 de julho - Missa de festa às 11h30 seguida de Procissão.

 

FESTA DE SANTA ANA - BEIRA

 Dia 29 de julho - Missa de festa às 11h00 e  Procissão às 19h00.

Terreiro da Macela - Dia 30 de julho às 11 horas - Festa de Santo Antão


Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 859

Agenda Pastoral

Destaque

Mais Recente Carta Familiar em PDF!

Nº 1148

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

A alegria e a surpresa andam de mãos dadas.

Isso revela-se sempre que conseguimos reagir com criatividade

às coisas inesperadas que fazem mudar

os nossos planos e, mesmo assim,

sentimos que tudo continua bem.


Por vezes, a alegria surpreende-nos.
Apanha-nos totalmente desprevenidos.
O importante é deixarmos que ela tome
conta de nós e continuarmos recetivos
à surpresa divina.

Anselm Grün, in Em cada dia... um caminho para a felicidade

Os nossos Links

Ouvidoria de São Jorge
FAJÃS Grupo de Jovens
Cartas Familiares Anteriores

Visitas


Ver Estatísticas