Nº 849

 Que coisa é o amor?

Que coisa é o amor? Queremos pensar em que coisa é o amor? «Ah, sim, eu vi um filme sobre o amor, era belo... E aquele casal de noivos... E depois acabou mal, que pena!». Não é assim. O amor é uma outra coisa.
O amor é encarregar-se dos outros. O amor não é tocar violinos, tudo romântico... O amor é trabalho. Quantas de vós sois mães, pensai quando os vossos filhos eram pequeninos: como amastes os vossos filhos? Com o trabalho. Tomastes conta deles. Eles choravam... era preciso dar-lhes leite; mudá-los; isto, aquilo...
O amor é sempre trabalho para os outros. Porque o amor faz-se ver nas obras, não nas palavras. Recordai quando se diz: «Palavras, palavras, palavras»; muitas vezes são só palavras. O amor, ao contrário, é concreto.
Cada um deve pensar: o meu amor pela minha família, na freguesia, no trabalho: é serviço aos outros? Preocupo-me com os outros? (...) «Eu amo-te.» «E o que fazes por mim se me amas?» Cada um dos doentes da freguesia pergunta: «O que fazes por mim?».
Na nossa família, se tu amas os teus filhos, sejam pequenos ou grandes, os pais, os idosos, que fazes por eles? Para ver como é o amor, pergunta-te sempre: que coisa faço?
«Mas padre, onde aprendemos isto?» De Jesus.
Não fomos nós a amar Deus; mas é Ele é que nos amou primeiro. O Senhor ama sempre primeiro. Espera-nos com o amor. Também nós podemos fazer-nos a pergunta: eu espero com o amor os outros.
E depois fazer o elenco das perguntas. Por exemplo: os mexericos são amor? Aquele que diz mal dos outros... Não, não é amor. Falar mal das pessoas não é amor. «Oh... eu amo Deus. Faço cinco novenas por mês. Faço isto, aquilo...». Sim, mas... como é a tua língua? Como vai a tua língua? Esta é precisamente a pedra angular para ver o amor. Eu amo os outros? Pergunta-te: como está a minha língua? Dir-te-á se é verdadeiro amor.
Deus amou-nos primeiro. Espera-nos com o amor, sempre. Eu amo primeiro ou espero que me deem alguma coisa para amar? Como os cachorrinhos que esperam o presente, o alimento para comer e depois fazem festa ao dono. O amor é gratuito, em primeiro. Mas o termómetro para saber a temperatura do meu amor é a língua. Não vos esqueçais disto.
Quando estiverdes para fazer o exame de consciência, antes da confissão ou em casa, perguntai-vos: fiz aquilo que Jesus me disse - «permanecei no meu amor»? E como posso sabê-lo? Da maneira como a minha língua se comportou. Se falei mal dos outros, não amei.
Papa Francisco (Adaptado)
 
DOMINGO DA ASCENÇÃO
Corações ao alto
Há alguns anos atrás, ao participar em Roma, na instalação do Secretariado Mundial da Evangelização 2000, a Madre Teresa de Calcutá foi entrevistada.
– Madre Teresa, o que é para si evangelizar?
Com uma simplicidade e profundidade impressionantes, ela respondeu:
– Evangelizar é ter Jesus no Coração e levar Jesus ao coração dos irmãos.
Só moram no nosso coração os que são amados. Para Jesus morar no coração é preciso que se tenham criado laços de amor entre a pessoa e Jesus vivo. Que Jesus nos ama, é verdade! Que Ele nos amou primeiro, está comprovado! Que Ele ama a todos porque os quer salvar, é certo! Mas é preciso que nos sintamos amados por Ele, nos deixemos amar e sintamos que O estamos amando. Não basta ter Jesus na cabeça… É preciso tê-lo no coração. Só depois podemos levá-lo ao coração do irmão porque ninguém dá o que não tem. É preciso estar evangelizado para evangelizar e fazer Jesus acontecer no coração das pessoas.
Na Ascensão, Jesus eleva-se ao Céu. Deixou de estar connosco para estar em nós. Ele continua a evangelizar através de nós. Sursum corda, isto é, Corações ao alto! Que saibamos responder efetivamente que o nosso coração está em Deus porque Ele está no nosso coração.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
 
MEDITAR
 
Maria
 
Se eu pudesse tirava-Te os mantos
E vestia-te de flores e primavera
Se eu chegasse a ter mãos de infinito
Destruía as coroas que Te roubam beleza
 
Então só serias Maria dos simples, 
sem altares, nem estrelas nas mãos
Então poderíamos ver o Teu rosto sereno de mãe e mulher.
E Tu sorririas a abrir-nos a porta lá de casa, de vassoura na mão
 
Eis o Teu cetro eis o Teu poder, minha rainha
Que eu descoroei por Te amar.
 
Se eu falasse e o mundo me ouvisse
Falaria de Ti nas manhãs junto à fonte
Se eu pudesse limpava o Teu rosto
De outras tintas e cores que não as do céu
 
Então só serias Maria de Deus, 
junto à fonte com Jesus pela mão
E Tu contarias segredos de amor lá de casa
Que de amor sabes bem…
 
Eis o Teu cetro eis o teu poder, minha rainha
Que eu descoroei por Te amar."
 
Rui Santiago Cssr
 
CONTO (650)
 
O SILÊNCIO
Um homem dirigiu-se a um convento de clausura, isto é, um convento onde se vive longe do ruído da cidade e num silêncio desejado. Perguntou a um desses monges:
- Que aprendeis vós com a vossa vida de silêncio?
O monge estava a tirar água de um poço. Disse ao seu visitante:
- Olha para o fundo do poço. Que vês lá dentro?
O homem olhou para dentro e disse:
- Não vejo nada.
O monge ficou algum tempo sem se mover e no final disse ao visitante:
- Contempla agora. Que vês no fundo do poço?
O homem obedeceu e respondeu:
- Agora vejo-me a mim próprio: espelho-me na água.
O monge concluiu:
- Vês? Quando eu mergulho o balde, a água fica agitada. Agora, pelo contrário, está tranquila. É esta a experiência do silêncio: o homem vê-se a si próprio.

 Impressionou-me muito ter lido que, quando Gandhi morreu, os bens materiais que deixou valiam menos de dois dólares. Voltei atrás para ver se me tinha enganado: menos de dois dólares. Os bens espirituais e civis que legou ao futuro tinham, porém, uma dimensão incalculável. Jesus também só deixou uma túnica que trazia vestida no corpo. O que nos enfraquece não é, de facto, a escassez, mas a sobreabundância; não é a vulnerabilidade, mas o poder mal compreendido na sua finalidade; não é a frugalidade, mas sim o desperdício. O que nos enfraquece é não termos escutado até ao fim o apelo que está por detrás da fome e da sede.

José Tolentino Mendonça, in Elogio da sede

 INFORMAÇÕES

 
MISSA NO SANTUÁRIO DA CALDEIRA
A missa no Santuário da Caldeira de Santo Cristo será no dia 20 de março pelas 16h30.
 
As festas da Catequese
O ano pastoral entra na reta final. Nos próximos domingos, muitas comunidades religiosas do nosso país celebram as festas da catequese, entre elas, as mais importantes, a Primeira Comunhão e a Profissão de Fé. A alegria do acontecimento congrega não apenas os familiares e os amigos das crianças envolvidas, mas também toda a comunidade dos fiéis, a família alargada dos amigos de Jesus que com eles caminharam durante estes anos de catequese. Com efeito, estas festas são uma consequência dos compromissos batismais que os pais, em contexto comunitário, assumiram para os seus filhos no dia do Batismo. Daqui em diante, no caso da Primeira Comunhão, a criança ganha um novo estatuto. Ela tem direito a aceder ao Corpo de Cristo, isto é, de participar plenamente na mesa eucarística em qualquer parte do mundo onde o «mistério da fé» é celebrado – que extraordinário privilégio, infinitamente belo e gratificante! A Profissão de fé, por seu lado, é uma festa que se assemelha a um rito de entrada na idade adulta. Aos 12-13 anos, os novos homens e mulheres vão reafirmar de viva voz o que os pais fizeram por eles, no dia em que foram apresentados à comunidade. E assim como Jesus, pelos 12 anos, se afastou da família de sangue para estar na casa do Pai e debater com os irmãos mais velhos os temas essenciais para uma vida com sentido, também os jovens são chamados a refazer este processo: apoiados pela nova família, hão de procurar desenhar o projeto de vida que passa por tomar decisões estruturantes inspiradas pelos princípios da fé que professaram. Em resumo, eles irão esboçar um plano arquitetónico-existencial cujas suaves linhas são as da identidade cristã.
Neste sentido, as referidas festas são um passo importante no aprofundamento do compromisso com Jesus e na comunidade dos crentes. Tais expressões festivas não são motivadas pela «vã glória deste mundo», mas pelo amor que vem de Deus e nos torna mais comprometidos com a causa de Jesus. Este espírito é completamente antagónico à atitude consumista dominante que se entranha facilmente, até em termos religiosos e espirituais.
Pe. Nélio Pita (Adaptado)

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Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.

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