Nº 681

JUDAS ISCARIOTES E OS CATÓLICOS A 95 POR CENTO

 – É que é com os restantes 5% que me governo!

A história, como diriam os italianos, si non è vera, è bene trovata. De facto, retrata quem, dizendo-se cristão, não vive, na sua atividade profissional, as exigências éticas da fé em Cristo. São, talvez, praticantes de alguns ritos, certamente necessários para uma coerente vida cristã, mas não de certos princípios morais, que são essenciais para um católico. São até capazes de dar à Igreja, uma vez por outra, uma esmola avultada, mas esquecem que a sua principal contribuição deveria ser o testemunho da sua integridade moral.

Toda a gente reconhece, com razão, que não faz sentido que um católico não vá à missa dominical, mas nem todos detetam a incoerência de quem reduz a vivência da sua fé à participação semanal na eucaristia e não honra, na sua vida pessoal, profissional e social, as implicações morais da religião que diz professar. É uma falácia afirmar que é preferível não ir à igreja e viver a caridade, do que ir à missa e não cumprir o mandamento novo, porque é óbvio que uma falta não se pode justificar com um ato virtuoso, por mais leve que aquela seja, ou mais santo que este possa ser, ou parecer. Mas pode-se dizer, sem exagero, que uma crença, mais do que para celebrar religiosamente uma vez por semana, é para viver todos os dias.

Um fiel que seja um professor incompetente, um fiscal corrupto, um empresário desonesto, um marceneiro negligente, ou um estudante cábula, não é, apenas, um mau profissional, mas também e sobretudo um mau cristão. A qualidade do trabalho é condição necessária para a realização humana e espiritual do trabalhador e, consoante a perfeição técnica e ética da sua obra, assim é quem a realiza. Como dizia Etienne Gilson, foi a fé e a geometria que elevaram as sés da Idade Média. Sem religião, não haveria catedrais, mas sem trabalho também não. Só um labor de excelência pode ser, efetivamente, um ato de louvor a Deus e uma obra de arte.

A um funcionário público, a um advogado, ou a um comerciante cristão pede-se, em primeiro lugar, que seja honesto, sério, competente. Não basta que realize o seu trabalho com amor, porque também os ladrões amam … sobretudo os bens alheios!

Há já alguns anos, um jornalista estrangeiro foi a Varsóvia, onde ficou espantado com a devoção dos polacos. Quando o disse ao Cardeal Glemp, a quem também comentou que lhe tinham roubado a carteira, o então arcebispo de Varsóvia fez-lhe notar que a religiosidade cristã de um povo não se mede apenas pela sua participação em atos de culto, mas também e principalmente pela sua prestação ética: é este o critério que permite distinguir a verdadeira fé cristã dos seus sucedâneos, a religião genuína da mera beatice de sacristia. Caso contrário, poder-se-ia incorrer na hipocrisia do assaltante que, na quaresma, não fumava … mas roubava, claro! 

Também de Judas Iscariotes se poderia dizer que era 95% cristão: deixou tudo para seguir o Mestre, ouviu os seus sermões, participou nas suas orações, assistiu aos seus milagres, etc. Mas, à margem da sua vida de apóstolo, São João esclarece que roubava e não se importava com os pobres. Porque era avarento e ladrão, vendeu Cristo por trinta dinheiros. O pouco que lhe faltou para ser verdadeiramente cristão – os tais 5%! – chegou e sobrou para trair Jesus e cair na desesperação.

Padre Gonçalo Portocarrero de Almada (Texto adaptado)

 

I DOMINGO DA QUARESMA

Purificai-vos da memória

 

Na tribuna aberta do Hyde Park, em Londres, um pregador tecia maravilhas ao Cristianismo nos 2000 anos da sua história. Um ouvinte, objetou:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Era uma vez um empresário de sucesso, que se gabava de ser 95% católico. Quando alguém lhe perguntou a razão dessa percentagem, explicou:

- Vós cristãos devíeis ter vergonha. Depois de vinte séculos ainda há muita conversão a fazer. Celebrais um grande Jubileu mas esqueceis a vossa miséria.

O pregador não se descompôs:

- Pois é, meu caro. O sabão existe desde há muitos séculos mas nem por isso deixou de haver sujidade. É preciso em primeiro lugar saber que estamos sujos e depois agarrar no sabão.

A Quaresma que iniciámos tem uma especial importância, neste grande Jubileu. Digamos que estes 40 dias são uma espécie de sabonete que temos ao nosso alcance para nos prepararmos para um encontro com Cristo glorioso.

Iniciámos esta caminhada impondo-nos as cinzas, que para além do mais, tem reconhecidas propriedades detergentes. Esta é uma boa oportunidade de fazer uma purificação da memória. A história da Igreja é uma história de santidade.

A vida de tantos santos confirma a verdade do Evangelho, sinal visível de que também podemos ser perfeitos. No entanto, é forçoso reconhecer que a história também regista numerosos episódios que constituem um contrassenso para o cristianismo. Este é o tempo de purificação. E sabão não falta.

Pe. José David Quintal Vieira, scj

 

 

MEDITAR

 

Criador inefável,
Tu que és a fonte verdadeira da luz e da ciência,
derrama sobre as trevas da minha inteligência um raio da tua claridade.


Meu Deus, semeia em mim a semente da Tua bondade.
Faz-me pobre sem ser miserável,
humilde sem fingimento,
alegre sem superficialidade,
sincero sem hipocrisia;
que faça o bem sem presunção,
que corrija o próximo sem arrogância,
que admita a sua correção sem soberba,
que a minha palavra e a minha vida sejam coerentes.


Concede-me, Verdade das verdades,
inteligência para conhecer-Te,
diligência para Te procurar,
sabedoria para Te encontrar,
uma boa conduta para Te agradar,
confiança para esperar em Ti,
constância para fazer a Tua vontade.



Dá-me inteligência para compreender,
memória para reter,
facilidade para aprender,
subtileza para interpretar,
e graça abundante para falar.

Orienta, meu Deus, a minha vida,
concede-me saber o que Tu me pedes
e ajuda-me a realizá-lo
para o meu próprio bem
e de todos os meus irmãos.
Amém.

São Tomás de Aquino

 

 

CONTO (541)

 O MENINO E A FORMIGA
Salomão, o sábio rei dos judeus, dava uma volta pelo reino.
Encontrou um menino sentado no chão, a chorar. Sentou-se ao lado dele e perguntou:
- Porque choras?
- Tenho de fazer uma longa caminhada até às montanhas para me encontrar com o meu irmão. Mas é muito longe e tenho medo!
Salomão compadeceu-se. Contudo, sentindo que não podia fazer nada, deu-lhe pão e leite para o dia.
Seguindo o seu caminho, o sábio rei encontrou umas formigas  atarefadas. Ao vê-lo, pararam e inclinaram a cabeça. Uma das formigas, porém, não parou e continuou a trabalhar. Levava uma pedra às costas, chegou à margem do rio e deitou-a à água e regressou para pegar noutra. Intrigado, o rei perguntou-lhe:
- Porque carregas essas pedras e as deitas ao rio?
- Quero construir uma ponte, majestade!
Uma formiga anciã explicou:
- Majestade, ela apaixonou-se por uma formiga que teve de mudar-se para o outro lado do rio, com a sua família. No auge da dor e da despedida, ela disse: «Se ao menos houvesse uma ponte, para que um dia nos voltássemos a ver!» E ela afirmou: «Construirei uma ponte, todos os dias, nem que seja até ao resto da minha vida.» O senhor sabe que o amor é forte, e não há obstáculos para ele.
Audácia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O futuro deve ser de tal maneira que nenhuma criança ao nascer se sinta torpedeada pela vida de maneira que julga que tem que desistir de ser para existir apenas como aquilo que a vida obriga a ser.

Agostinho da Silva

 

 


 

INFORMAÇÕES

 

PROCISSÃO DE PASSOS NAS VELAS

No dia 28 de fevereiro, haverá missa, na Igreja Matriz de São Jorge, às 20 horas, seguida de mudança da Imagem do Senhor dos Passos para a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

No dia 1 de março, Procissão de Passos com o percurso habitual às 15 horas.

 

FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS

De 23 a 27 de fevereiro, teremos um  tempo de formação para catequistas, como está divulgado. Será na Pousada da Juventude e tem início às 20 horas, todos os dias.

 


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Nº 1148

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

A alegria e a surpresa andam de mãos dadas.

Isso revela-se sempre que conseguimos reagir com criatividade

às coisas inesperadas que fazem mudar

os nossos planos e, mesmo assim,

sentimos que tudo continua bem.


Por vezes, a alegria surpreende-nos.
Apanha-nos totalmente desprevenidos.
O importante é deixarmos que ela tome
conta de nós e continuarmos recetivos
à surpresa divina.

Anselm Grün, in Em cada dia... um caminho para a felicidade

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