Nº 669

PERGUNTEI AO ADVENTO...
Perguntei ao Advento que palavras diria a um coração abandonado e ferido… e ele falou-me de esperança. De uma esperança que resiste a todos os malfeitores e devolve à vida o encantamento e a liberdade.
Perguntei ao Advento por um remédio para os olhares cinzentos, por um elixir para os ritmos apressados e as vítimas do “sem-tempo”… e ele falou-me de uma espera. Uma espera para não mutilar a vida e serenar as ousadias sem fecundidade e todas as pressas e incapacidades de silêncio.
Perguntei ao Advento por uma luz que incendiasse os corações mais frios, que tecesse nas fibras do ser profundo uma aurora luminosa… e ele mostrou-me o mistério da Luz.
Perguntei ao Advento onde encontraria um menino para deitar nas palhas de um presépio feliz… e ele sussurrou-me o nome de tantos inocentes que não viram a luz; de tantos olhares pequenos, escondidos em trincheiras e valas de guerra; o nome de tantos rostos vencidos pela procura de pão.
Perguntei ao Advento onde encontraria uma árvore de Natal para iluminar… e ele mostrou-me uma floresta de corações sem luz à espera do rosto da fé.
Perguntei ao Advento pelo sentido do sonho, pelo toque do vento no rosto dos sem-voz, pelas lágrimas derramadas em chão de desespero… e ele fez-me ouvir o choro de uma criança nascida em Belém.
Perguntei ao Advento como poderia ajudar a sustentar um mundo à beira do abismo e do sem-sentido… e ele falou-me da oração e de um coração atento no meio de tantos dramas.
Perguntei ao Advento se deveria perder-me no encanto das ruas iluminadas e descer às galerias das lojas onde se compram presentes e rivalidades… e ele falou-me da frugalidade de João que tecia no deserto palavras de sentido para oferecer a todos os buscadores.
Perguntei ao Advento se era possível viver sem todas as respostas, sem entender todos os mistérios da vida, sem a ousadia de pronunciar todos os porquês… e ele sugeriu-me contemplar o rosto de um justo sonhador, um carpinteiro silencioso chamado José.
Perguntei ao Advento por promessas escutadas, por horizontes ainda não vistos, por caminhos apenas começados… e ele falou-me de Maria, agraciada, visitada e grávida.
Perguntei ao Advento por mim… e ele deu-me um beijo com sabor a Infinito e um abraço com a ternura de um Filho.
Padre Afonso
I DOMINGO DO ADVENTO
Saber esperar
Contaram-me, há tempos, um episódio que pode ilustrar este tempo de Advento, de espera ou de preparação.
Numa aldeia indígena, algures em África, um missionário pediu à população local que o ajudasse a transportar um carregamento de material até ao cimo da montanha. Com o fardo às costas, partiram todos cheios de entusiasmo. A meia encosta o pessoal parou, pousou o material no chão e sentou-se. O missionário esforçou-se para os pôr outra vez em marcha mas foi em vão:
- Porque parastes? Estais cansados?
- Não.
- Quereis comer ou beber?
- Não.
- Quereis uma gratificação maior? A carga é muito pesada? Quereis voltar para trás? Então o que é que se passa?
Após um silêncio geral, um dos indígenas explicou:
- É que nós viemos depressa demais. A nossa alma ficou para trás. Ficaremos à espera que ela chegue.
Às vezes parece que somos um corpo sem alma. Sentimo-nos vazios ou a dormir. É preciso aguardar que o espírito nos encha, que a alma nos desperte para continuarmos a caminhar. Eis que Cristo está à porta e bate. Estaremos cheios por dentro?
Vivemos numa azáfama contínua. É preciso parar e zelar pela nossa interioridade. Afinal Cristo é a alma da nossa vida, só Ele nos pode encher por dentro.
José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
"Que Boa Notícia devo anunciar esta manhã?!
Que a vida é como um sopro que passa?
É por isso que Tu, Ruah,
mo vens segredando desde o nascer do sol?
Que a vida é como um sopro que passa
e é possível
nunca chegarmos a dizer às pessoas de quem gostamos
que, de facto, as amamos?
É isso, Bom Deus?! Não me deixes inventar, por favor…
Que Boa Notícia queres que eu transmita esta manhã?
Que às vezes demoramos tempo demais a perdoar
e a tomarmos nós próprios iniciativas de reconciliação?
Que não abdicas de nos veres Felizes,
e por isso vais arranjando mil maneiras de no-lo dizeres?!
Felizes… e Livres das nossas culpabilidades,
aquelas com que nos vergastamos às vezes a nós próprios
uma vida inteira,
e depois endurecemos os gestos e vergastamos os outros
com as nossas próprias mãos…
e Reconciliados com os nossos próprios falhanços,
Purificados em relação aos falhanços dos outros em relação a nós,
Curados desse vírus mortal que é o rancor…"
in , 2010 CONTO (528) AMBIÇÃO Na China antiga, um eremita meio mágico vivia numa montanha profunda. Um belo dia, um velho amigo foi visitá-lo. Senrin, muito feliz por recebê-lo, ofereceu-lhe um jantar e um abrigo para a noite. Na manhã seguinte, antes da partida do amigo, quis ofertar-lhe um presente. Pegou numa pedra e, com o dedo, converteu-a num bloco de ouro puro. O amigo não ficou satisfeito com o presente. Senrin apontou o dedo para uma rocha enorme, que também se transformou em ouro. O amigo, porém, continuava sem sorrir. - Que queres, então? - perguntou Senrin. Respondeu-lhe o amigo: - Corta esse dedo, quero-o.
Se fosse possível sondar o coração, o que descobriríamos? Surpreendentemente, iríamos apercebermo-nos de que, no mais profundo da condição humana, se encontra a espera de uma presença, o silencioso desejo de uma comunhão.
Irmão Roger, Deus só pode amar
PAPA FRANCISCO ESCREVE CARTA AOS CONSAGRADOS
O Papa Francisco desafia os religiosos a serem modelo de fraternidade para um mundo em confronto.
O Papa Francisco escreveu uma carta a todos os religiosos e religiosas da Igreja Católica, divulgada hoje no Vaticano, pedindo-lhes que sejam um modelo de fraternidade para o mundo atual.
“Numa sociedade do confronto, da difícil convivência entre culturas diferentes, da exploração dos mais fracos, das desigualdades, somos chamados a oferecer um modelo concreto de comunidade que, através do reconhecimento da dignidade de cada pessoa e da partilha do dom que cada um transporta, permita viver relações de fraternidade”, refere a missiva, que tem data de 21 de novembro, festa litúrgica da Apresentação de Maria.
O texto visa explicar os objetivos, expetativas e horizontes do Ano da Vida Consagrada que tem início marcado para este domingo.
“Espero de vós aquilo que peço a todos os membros da Igreja: sair de si para ir ao encontro das periferias existenciais”, escreve Francisco.
O Ano da Vida Consagrada vai prolongar-se até 2 de fevereiro de 2016, festa litúrgica da Apresentação de Jesus e dia tradicionalmente dedicado aos religiosos e religiosas.
Francisco convida todos a “olhar o passado com gratidão”, por tudo o que a Vida Consagrada já deu à Igreja, chegando hoje a “novos contextos geográficos e culturais”.
O Papa pede, por isso, que os consagrados vivam o presente “com paixão”, deixando-se interpelar pelo Evangelho e tendo Jesus Cristo como “primeiro e único amor”.
“A fantasia da caridade não conheceu limites e soube abrir incontáveis caminhos para levar o sopro do Evangelho às culturas e aos mais diversos âmbitos sociais”.
A carta deixa uma palavra de esperança para o futuro, apesar de problemas como a diminuição das vocações e do envelhecimento, sobretudo no mundo ocidental, a globalização, a crise económica, o relativismo e a “irrelevância social”.
FESTA DE SANTA BÁRBARA
TRÍDUO - 3, 4 e 5 de Dezembro - Eucaristia às 19 horas.
FESTA dia 7 de Dezembro - Eucaristia de festa às 15:00 horas seguida de Procissão
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Nº 1118Pensamento da Semana
PENSAMENTO DA SEMANA
ESCUTAR
"Não pensar, mas escutar o que se vai passando dentro de ti. Se o fizeres por algum tempo em cada manhã...adquirirás uma espécie de calma que ilumina o dia inteiro."
Etty Hillesum
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