Hoje é um daqueles dias que me sento e digo para mim próprio: «tens de escrever!» Não foi propriamente hoje que inicias-te a tua vida, mas sim a 27 dia em que começa a ser espalhada pela ilha esta pequena forma de estar presente com uma palavra na vida desta gente. É preciso agradecer a vida. Agradecer todo o bem que recebi ao longo de todos estes anos.
Então hoje venho agradecer a tantas pessoas que tive à minha frente e, muitas vezes, sem saber o que dizer ou fazer e houve um pouco de esperança a transbordar destas encruzilhadas de vida. Às vezes, algum conforto advindo de uma palavra compreensiva, olhar confiante, sorriso tranquilizador.
Hoje venho agradecer o silêncio eloquente de Deus que me deu força para perceber o outro que se sente abandonado, esquecido por Ele, pela vida amarga e dolorosa que surge sem se saber como, em que se diz: «porque me aconteceu a mim?»; «não merecia isto»… E Ele no seu silêncio, como que abandono, consegue dar coragem e força para se estar perante estas vidas marcadas pela ausência e apontando para a desistência.
Hoje venho agradecer tantas fraquezas vividas e encontradas neste tecer da vida que levaram ao perdão, à compreensão, ao crescimento da dignidade de pessoas. Que me fizeram perceber quanta fragilidade existe em mim e compreensão para estar e amar a fragilidade dos outros.
Tantas vezes que foi preciso regressar, recomeçar tudo como se de um princípio se tratasse, uma nova vida. Tantas vezes com vontade de procura de perdão, de amizade, de um abraço, de uma palavra reconfortante e encontrar o silêncio e a pequenez da vida.
Hoje é dia de reconhecer todas as riquezas que me surgiram na vida. As amizades consolidadas e aquelas que nem tanto, a capacidade de trabalho, os esforços e sacrifício necessários para vencer, a alegria que brotou à minha volta e a esperança num futuro capaz de modificar as vidas. Tantos olhares… tantos sorrisos… tanta coisa boa que vi à minha volta…
Mas hoje, também, é dia de orar, pedir perdão e, se necessário, chorar pelas minhas fraquezas, não tenho que as esconder e, penso, nem tenho que ter vergonha delas. Fazem parte da minha fragilidade humana que precisa constantemente da graça e da misericórdia de Deus e é por o reconhecer que procuro ser mais tolerante para com os outros, reconhecendo que eles tal como eu precisam de um abraço, de um sorriso, de uma manifestação de carinho e compreensão…
Hoje reconheço que devo continuar a confiar em Deus que é Pai e que me abriga e acolhe como a um Filho Pródigo do Seu Amor.
Pe. Manuel António
V DOMINGO DE PÁSCOA
O amor é tudo
João Paulo II escrevu: “O amor é o ADN dos filhos de Deus.” De facto tudo provém do amor:
A vida... é o amor existencial.
A razão... é o amor que reflete.
O estudo... é o amor que analisa.
A ciência... é o amor que investiga.
A filosofia... é o amor que pensa.
A religião... é o amor que busca a Deus.
A verdade... é o amor que se torna eterno.
O ideal... é o amor que sublima.
A fé... é o amor que transcende.
A esperança... é o amor que sonha.
A caridade... é o amor que ajuda.
A renúncia... é o amor que purifica.
A simpatia... é o amor que sorri.
A indiferença... é o amor que se esconde.
A paixão... é o amor que desequilibra.
O ciúme... é o amor que alucina.
O egoísmo... é o amor que se engaiola.
O orgulho... é o amor que delira.
Vaidade... é o amor que se embebeda.
O trabalho... é o amor que constrói.
Porque o amor é tudo.
Nisto conheceremos os filhos de Deus: se se amarem uns aos outros. E amar é seguir o coração:
Um idoso mandou parar o carro do missionário que vinha já cheio de pessoas para pedir boleia.
- Mas já não há lugar para ti...
O homem olha para dentro do carro e respondeu:
- Se no teu coração houver um lugar, encontrarás também um lugar no teu carro.
E de facto aconteceu.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
MEDITAR
DUMA VEZ POR TODAS
Duma vez por todas
foi dado este
breve preceito:
"Ama e faz o que quiseres".
Se calas,
cala por amor.
Se falas,
fala por amor.
Se corriges,
corrige por amor.
Se perdoas,
perdoa por amor.
Põe no fundo do coração
a raiz do amor.
Dessa raiz não pode
crescer senão o bem.
Santo Agostinho
CONTO (447)
A BELEZA DO SEU ROSTO
Um dia, uma pessoa muito amiga de Deus descobriu que recebera Dele um dom: sabia pintar belíssimos ícones. E então desejou pintar um que fosse verdadeiramente a sua obra-prima: o retrato de Jesus Cristo.
Mas onde iria ele encontrar um modelo adequado que exprimisse ao mesmo tempo humanidade e divindade, sofrimento e alegria, morte e ressurreição?
Decidiu então percorrer toda a Europa em busca desse modelo para retratar Jesus Cristo. Mas não encontrou ninguém.
Uma noite, adormeceu repetindo as palavras do salmo. « O Teu rosto eu busco, Senhor. Não me escodas o Teu rosto!» E teve um sonho.
Sonhou que um anjo lhe ia indicando vários rostos: a alegria de uma jovem esposa, a inocência de uma criança, a força de um camponês, o sofrimento de um doente, o medo de um condenado, a bondade de uma mãe, a alegria de um palhaço, a misericórdia de um confessor. Quando acordou pôs-se ao trabalho.
Passado algum tempo, o ícone de Cristo estava pronto. Apresentou-o à comunidade e toda a gente ficou maravilhado com a sua beleza. Construíram um templo para o guardarem.
A porta estava sempre aberta para receber os peregrinos desse santuário em honra da Beleza de Jesus.
In Bom dia, alegria de Pedrosa Ferreira
Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria.
Existe uma felicidade que só mora na beleza.
E esta, a gente só encontra na melodia que soa,
esquecida e reprimida no fundo da alma.
Rubem Alves
INFORMAÇÕES
COMUNIDADE DA RIBEIRA SECA
No Próximo dia 5 de Maio iremos celebrar o Dia da Mãe e a coroação neste dia será realizada pelo centro de Catequese da Ribeira Seca. Para prepararmos a celebração, haverá ensaio no dia 4 de maio pelas 15h na Igreja de S. Tiago.
Iremos retomar a celebração das primeiras sextas-feiras (sempre que possível) na paróquia de S. Tiago. Na próxima Sexta-feira, pelas 18h haverá exposição do Santíssimo seguida de um momento de adoração pessoal até à Eucaristia.
Faça download desta Carta Familiar em formato PDF: Nº 586
"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)
Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.
Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.
Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"
Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.
À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:
Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!
Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)
"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)