Nº 525

 

QUARESMA

Novamente a quaresma.
Quaresma é uma caminhada de purificação alegre que nos leva à libertação pascal. Não costumo olhar para este tempo como um peso cheio de sombras e cinzas. Tempo de proibições, como se fora dele tudo nos fosse permitido. Tempo cinzento, carregado de cruz e, alguns pensam que, quanto mais pesada melhor.
Quaresma é um dar-se as mãos. Pede-se que se olhe para o outro que caminha ao nosso lado e que é necessitado de bens materiais, de carinho, de afeto, de um olhar, de um sorriso, de tempo… Dar a mão para levantar no sentido de atender ao apelo daquele que diz: «ergue-me»; «sustenta-me de pé»; «ajuda-me, que já me vão faltando as forças para empreender o caminho da libertação»…
Quaresma é o tempo da purificação com a Água que dá a Vida. É o tempo do «dom de Deus»… Jesus diz à Samaritana: «se conhecesses o dom de Deus…» É água que jorra para a vida eterna. É tempo de batismo, aquele renascer, ressurgir da fonte de águas puras como nova criatura que experimenta a vida alegre que circula para nos aproximarmos mais uns dos outros.
Quaresma é tempo de cura interior, sarar as feridas, reparar as mágoas que permanecem e entristecem o coração. É tempo de beijar o mais recôndito da consciência onde afloram coisas do passado e que dificultam o caminho.
Quaresma é tempo de luz que brilha e dá alegria pelo encontro com o amigo Jesus. A princípio este tempo era chamado de iluminação. Era abertura para a fé, para um novo amanhecer. Um abrir de olhos que vê tudo diferente. E esta luz quando se propaga tem mais força, torna o espaço maior à medida que outros se vão tornando luz.
Quaresma é deixar-se conduzir pelo Espírito para saber discernir a presença de Deus, a Sua Bondade e Misericórdia, para perceber que isso é para mim o sumo bem, a vivência do amor.
Como pode então ser um tempo triste e acabrunhado, este tempo em que somos levados a realizar o bem, a viver dentro do amor? Como pode ser assim tão cheio de sombras se a partilha é o convite, o apelo que move o discípulo de Cristo.
Deixemo-nos, nesta quaresma, conduzir pela mão de Jesus Cristo que está interessado em fazer-nos experimentar todo o amor de Deus.
Pe. Manuel António

I DOMINGO DA QUARESMA

Purificai-vos da memória

Na tribuna aberta do Hyde Park, em Londres, um pregador tecia maravilhas ao Cristianismo nos 2000 anos da sua história. Um ouvinte, objectou:
- Vós cristãos devíeis ter vergonha. Depois de vinte séculos ainda há muita conversão a fazer. Celebrais um grande Jubileu mas esqueceis a vossa miséria.
O pregador não se descompôs:
- Pois é, meu caro. O sabão existe desde há muitos séculos mas nem por isso deixou de haver sujidade. É preciso em primeiro lugar saber que estamos sujos e depois agarrar no sabão.
A Quaresma que iniciámos tem uma especial importância, neste grande Jubileu. Digamos que estes 40 dias são uma espécie de sabonete que temos ao nosso alcance para nos prepararmos para um encontro com Cristo glorioso. Iniciámos esta caminhada impondo-nos as cinzas, que para além do mais, tem reconhecidas propriedades detergentes. Esta é uma boa oportunidade de fazer uma purificação da memória. A história da Igreja é uma história de santidade. A vida de tantos santos confirma a verdade do Evangelho, sinal visível de que também podemos ser perfeitos. No entanto, é forçoso reconhecer que a história também regista numerosos episódios que constituem um contra-senso para o cristianismo. Este é o tempo de purificação. E sabão não falta.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
 

MEDITAR

A PAZ SEM VENCEDOR E SEM VENCIDOS

A paz sem vencedor e sem vencidos
Dai-nos Senhor a paz que Vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que Vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos Vosso mandamento
Para que venha a nós o Vosso reino
Dai-nos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que Vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos
Sophia de Mello Breyner Andresen
 

CONTO (389)

 

O BEM E O MAL

Numa terra muito distante havia uma árvore prodigiosa. Ninguém sabia a sua idade e ninguém ousava comer os seus frutos enormes e magníficos.
Dizia-se, de geração em geração, que metade dos frutos eram venenosos e a outra metade eram frutos que davam vida. Nesse ano havia uma grande carestia naquela terra e as pessoas interrogavam-se:
- Por que não será este ano que nos vamos alimentar dos seus frutos?
O grande problema é que ninguém sabia de que lado estavam os frutos da morte e os frutos da vida.
Mas um dia, um homem decidiu arriscar. Colheu um fruto do lado direito e comeu-o sem hesitar. Permaneceu de pé, tranquilo, com mais vida.
Toda a gente correu então para o lado direito e começou a comer esses frutos deliciosos e salutares. No final, alguém sugeriu:
- Se os ramos da esquerda dão frutos maus, vamos cortá-los.
E assim fizeram. Todos puseram mãos à obra e começaram a cortar os ramos do lado esquerdo.
Pouco tempo depois, viram que a árvore, devido a esse corte, murchou e secou. Nunca mais deu frutos.
 In Bom dia, alegria de Pedrosa Ferreira
 
 

 

«Há vários tipos de pobreza. Na Índia, onde uma mão cheia de arroz é preciosa, as pessoas vivem e morrem na fome. No Ocidente, não se morre de fome, mas vós tendes outro tipo de pobreza, muito pior. É a pobreza de quem não ora, de quem não se preocupa com os outros, de quem não está contente com o que tem, de quem não sabe sofrer e de quem se desespera. Esta pobreza do coração é mais difícil de socorrer.»
 
Madre Teresa de Calcutá

 

INFORMAÇÕES

Quaresma: Papa pede atenção «concreta» aos necessitados

“Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda, quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã”.
O Papa critica “a indiferença” e “o desinteresse que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela ‘esfera privada’” na cultura atual, atitudes que quer ver contrariadas por um “olhar de fraternidade”.
“O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro ‘alter ego’, infinitamente amado pelo Senhor”.
Bento XVI alerta para o perigo de “uma espécie de ‘anestesia espiritual’, que impede de atender ao sofrimento alheio com um “olhar feito de humanidade e de carinho”.
“O nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre”.
Agência Ecclesia
 

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Não se caminha quando não se acredita.
Não se estende a mão quando não se ama.
Não se muda quando nada se espera.

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