Nº1171

 

Trazer à vida o que é bom

É um dos desafios mais difíceis nos dias que correm. Os cenários à nossa volta são dantescos. Somos raptados dos nossos dias mais ou menos pacíficos para nos depararmos com tragédias permanentes à nossa volta. Ligamos a televisão e encontramos um cardápio do absurdo: incêndios, guerras, agressões em escolas, mortes, violência, desrespeito pela vida humana.

Esta constatação do trágico que mergulha rapidamente nas nossas vidas deixa-nos impotentes. Sentimos que não podemos fazer nada para ajudar os que sofrem e que os que podem não o fazem nem se preocupam. Sentimo-nos a viver numa distopia constante onde já não conseguimos distinguir o real do imaginário. O sério do leviano. O simples do complicado. Tudo se une numa bola de caos que não queremos engolir nem digerir.

O que nos sobra então, quando nos deparamos com dias tão difíceis? Tão repletos de dor e de destruição?

Sobra-nos a certeza de só podermos fazer o que está ao nosso alcance, mesmo que nos pareça pouco.

Sobra-nos a oração que nos coloca num lugar de espera e de esperança. Num lugar de quem se quer deixar nas mãos d’Aquele que sabe mais (e melhor) do que nós.

Sobra-nos a coragem de viver cada dia que nos é dado da melhor maneira possível com aqueles que nos fazem companhia nestes cenários confusos.

Sobra-nos a capacidade de sentir empatia pela dor do outro e de nos conseguirmos colocar no seu lugar, aproximando-nos do seu sofrimento e da sua realidade.

Sobra-nos o viver no momento presente com moderada preocupação pelo que não está ao alcance do nosso controle.

Tudo isto parece vazio para quem vive uma tragédia ou para quem sente que perdeu tudo.

Que seja nesse vazio que nos permitamos encontrar com o nosso irmão magoado, sem esperança e sem alento.

E que desse vazio possa voltar a nascer a fé de que o amanhã há de ser um bocadinho melhor do que o hoje.

Marta Arrais

 

MEDITAR

Quem acolhe e abraça uma criança acolhe Deus

 

Uma alternância de estradas e casas: os três anos da Galileia são contados assim por Marcos. Na estrada, caminhamos ao ritmo do coração; avança-se em grupo; alguém fica para trás, um outro partilha conversas ligeiras com um amigo, deixando florir palavras autênticas e sem máscara. Jesus deixou os discípulos livres para estarem entre si, o tempo que quisessem, quanto quiserem, com os pensamentos que tivessem, com as palavras que conhecem, sem estar sobre eles, controlando tudo, como um pai ansioso.

Então o Evangelho muda de ambiente: vêm para a casa, e o modo de comunicação de Jesus também muda: sentando-se, chamou os doze e disse-lhes (sentou-se, chamou, disse são três verbos técnicos que indicam um ensinamento importante): de que é que estavam a falar? De quem é o maior. Pergunta infinita, que temos perseguido por milénios, em toda a terra.

Essa fome de poder, essa fúria de mandar sempre foi um princípio de destruição na família, na sociedade, na convivência entre os povos. Jesus coloca-se a uma distância abismal de tudo isso: se alguém quer ser o primeiro, deve ser o servo. Mas não basta, há uma segunda passagem: “servo de todos”, sem limites de grupo, família, etnia, de bondade ou de maldade. Ainda não basta: “Aqui vos ponho uma criança no meio”, a mais indefesa e desarmada, a mais indefesa e sem direitos, a mais fraca e a mais amada!

Propor uma criança como modelo do crente é trazer para a religião o inaudito. O que sabe uma criança: do jogo, do vento da corrida, da doçura dos abraços. Não sabe de filosofia, de teologia, de moral. Mas conhece como ninguém a confiança e confia. Jesus propõe-nos uma criança como pai na fé. “A criança é o pai do homem” (Wordsworth).

As crianças dão ordens ao futuro, dão alegria ao dia a dia. A casa ofereceu o seu tesouro, um filhinho do homem, uma parábola viva, uma pequena história de vida que Jesus transforma na história de Deus: Quem o abraça, a mim me abraça.

Jesus oferece seu tesouro: o rosto de um Deus que é não omnipotência, mas abraço: abraçamo-nos para nos tornarmos completos (A. Merini), nem mesmo Deus pode estar só, Ele não está "completo" sem nós, sem os seus entes queridos. Quem acolhe uma criança acolhe a Deus!

Palavras nunca ditas antes, nunca pensadas antes. Os discípulos ficam perplexos: Deus como uma criança! Vertigem do pensamento. O Altíssimo e o Eterno numa criança? Se Deus é como uma criança significa que devemos cuidar d’Ele, que deve ser cuidado, alimentado, ajudado, acolhido, que se deve dar-lhe tempo e coração (E. Hillesum).

Não se pode abandonar Deus na estrada. Porque Deus não está em todo lugar, está só onde pode entrar (M. Buber).

Ermes Ronchi

 

NA FRONTEIRA DO PARAÍSO

É estranho

que os verdejantes vales ainda estejam

como se neles a felicidade dormisse

e riachos ensombrados

que outrora conhecemos

existissem

e que ainda haja telhados

debaixo dos quais dormem crianças pequenas

que preenchem a casa com um silêncio diferente.

É estranho

que as nuvens aqui ainda sigam o Sol

como pássaros que planam

e que ainda exista a simples bondade humana

além do que aspira à ascensão

que música pura esteja à porta

de repente convertida no pórtico de um palácio

É estranho

que ainda

queiramos tanto amar e chorar

Anna Hamienska

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 

O Amor de Deus rodeia-nos por todos os lados.

O seu Amor é a água que bebemos,

o ar que respiramos

e a luz que nos ilumina...

Movemo-nos dentro do seu Amor

como o peixe na água.

E estamos tão perto d’Ele,

tão embebidos no seu Amor

e nos seus dons (nós próprios um dom d’Ele),

que não nos apercebemos disso.

 Ernesto Cardenal (adaptado)


 

INFORMAÇÕES

RECEITAS

 

FESTA DO PORTAL

Arrematações - 2.000,00 €.

 

REUNIÃO PARA A FESTA DE Nª Sr.ª do  ROSÁRIO

A Comissão da Igreja da Ribeira Seca gostaria de fazer uma reunião com todos  os interessados nesta festa, principalmente da zona do Poejal, para combinarmos alguns aspetos que são importantes para o sucesso da mesma.

A reunião será domingo, 29 de setembro, às 19:30 horas na Igreja Paroquial.

 

FESTA DO BOM JESUS

FAJÃ GRANDE

Tríduo: 25, 26 e 27 de setembro às 20 horas.

Festa dia 29 de setembro:

                        - Eucaristia de festa às 16 horas seguida de arrematações e  procissão.


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Agenda Pastoral

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Nº 1173

Pensamento da Semana

 

PENSAMENTO DA SEMANA

 SEJA FEITA A TUA BONDADE!

"Jesus não ensinou o Pai Nosso aos discípulos como uma fórmula para estes repetirem de cor e de modo completo." (Calmeiro Matias)

Jesus não definiu a entoação certa ou o sotaque mais apropriado.

Cada um tem um dialeto feito de silêncios, de palavras, de cumplicidades.

Um dia, em Vila Nova de Gaia, o meu primo recebeu-me com um "bons olhos te beijam!" A resposta ao meu "Ãh?" não tardou: "És surda? Bons olhos te beijam!"

Soou-me a poesia. O sotaque tornou tudo mais bonito.

À semelhança do meu primo e do meu Pai, "aboli os vês" e digo:

Seja feita a tua bondade! A tua bondade, Pai! A tua bondade, Pai!

Quando Jesus partilhou com os discípulos o modo como conversava com o seu Pai, demorou-se a mostrar-lhes a confiança na bondade de Deus. Lucas fez chegar até nós a história do amigo que aparece fora d'horas e termina perguntando se um Pai poderá recusar o maior bem - a convivência e a intimidade do Espírito - aos seus filhos. (Lucas 11, 1-13)

"Este assunto da bondade de Deus é uma questão de sensatez. Ser sensato. Como pode existir Deus, se não for bom?" (José António Pagola)

 

Eneida Costa

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